A capacitação profissional é o eixo mestre das ações que levarão o Grande ABC a se instalar como pólo tecnológico. Nas três atividades econômicas com estudos mais adiantados no assunto -- petroquímico, plásticos e moveleiros -- o quesito número um é a criação de cursos que qualifiquem trabalhadores e formem agentes multiplicadores de conhecimento nas áreas. Por isso o coordenador do grupo pólo tecnológico da Câmara Regional, Armando Laganá, já identificou outra porta por onde podem entrar linhas de financiamento: o Proep (Programa de Desenvolvimento para o Ensino Profissionalizante), do governo federal. "Já fizemos articulações com Senai e Cetesp e vamos agora alimentar com informações o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado, José Aníbal, que foi quem nos sugeriu o Proep" -- comenta Laganá, representante do governo estadual na Câmara.
O Cetesp (Centro Estadual de Ensino Técnico Paula Souza) criaria cursos profissionalizantes nos setores moveleiro e petroquímico, provavelmente na ETE (Escola Técnica Estadual) Lauro Gomes, de São Bernardo. Para os plásticos, o ensino teria grau tecnológico e seria desenvolvido em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) Mário Amato, também de São Bernardo, que já tem curso técnico na área. Armando Laganá não tem dúvida de que conhecimento e desenvolvimento tecnológico são questões que se tocam. Tentou sem êxito no ano passado obter R$ 1 milhão para os moveleiros no âmbito do Padct (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para começar a criar competência tecnológica na região, carente desse tipo de infra-estrutura. O Proep, segundo informou, vem sendo usado com êxito pelos moveleiros por meio do Cetesp de Votuporanga.
Estudos sobre o pólo tecnológico do Grande ABC concluíram que os modelos de mais fácil viabilidade são os Centros de Apoio & Difusão (A&D) para plásticos e moveleiros, como forma de absorverem e multiplicarem tecnologias já existentes, e de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) para o núcleo petroquímico. Solvay, Petroquímica União, OPP e Recap já se comprometeram em criar um centro de P&D com apoio da ANP (Agência Nacional de Petróleo). Dos três passos iniciais no grupo petroquímico, segundo Laganá, o primeiro é o da automação industrial. "É o que daria resposta mais rápida para o pólo petroquímico competir" -- acredita. Depois viriam o desenvolvimento de processos de produção e a questão do meio ambiente.
Central de Compras -- O subgrupo de plásticos da Câmara Regional formalizou comissão para discutir com empresas do Pólo Petroquímico as diretrizes da central de negociação para fornecimento de matéria-prima às indústrias transformadoras de plástico. Etapa importante para oficializar a Central de Compras, noticiada em primeira mão por LivreMercado em abril do ano passado, a concretização do processo significa melhor preço e mais competitividade para 500 pequenas produtoras de plásticos da região, que compram insumos de intermediários. A maioria não se abastece do Polo Petroquímico porque a cota mínima de compra exigida pelas fabricantes de resinas é superior às necessidades de cada empresa.
De acordo com o coordenador do subgrupo de plásticos, Carlos Augusto César Cafu, juntando-se todas as transformadoras de terceira geração da cadeia plástica, seriam consumidas pelo menos 80 toneladas/mês de cada tipo de matéria-prima. "É volume considerável para negociação. Mas precisamos discutir a forma de faturar em lotes menores a distribuição desses produtos entre as pequenas empresas compradoras" -- explica. O subgrupo de plásticos também espera agendar reunião com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para discutir linhas de crédito para compra de matéria-prima, de maquinário e para implantação do pretendido pólo de moldes.
O Projeto Alquimia, de requalificação profissional, já está treinando 1.505 trabalhadores do Grande ABC nos cursos de Injeção Plástica, Extrusão, Qualidade de Materiais Plásticos e Manutenção Preventiva. As aulas são realizadas no Senai Mário Amato e, do total de alunos, 70% estão desempregados.
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