Demoradas obras de revitalização, problemas no trânsito, chegada de novo shopping -- o ABC Plaza -- e fechamento de lojas tradicionais como Mesbla, Brasileiras, Americanas, Palácio dos Enfeites, Zoomp e Fórum, entre outras, aplicaram duro golpe no comércio da região central de Santo André. Pesquisa da SOL (Sociedade Oliveira Lima) em fase final de compilação revela que o público circulante caiu 40% em relação a 1998, quando registrava frequência de 80,8 mil pessoas por dia. Além disso, 25% dos espaços para negócios estão vagos e cada vez mais as classes populares se concentram como potenciais clientes.
No levantamento realizado entre janeiro e março deste ano no trecho compreendido entre as ruas Elisa Fláquer e Monte Casseros, a SOL contabilizou circulação de 48 mil pessoas, praticamente o mesmo número que passa diariamente pelos shoppings ABC Plaza ou Metrópole, em São Bernardo, com muito menos lojas, de mix melhor distribuído e consumidores de maior potencial de compras.
A perda de brilho daquele que já foi considerado o principal centro comercial de rua do Grande ABC está expressa na concentração do público nas faixas de menor poder aquisitivo. Juntos, os consumidores das classes C (59%), D (19%) e E (6%) representam 84% das 48 mil pessoas que circulam diariamente no quadrilátero formado pelas ruas Bernardino de Campos, General Glicério, Luiz Pinto Fláquer e Justino Paixão, além do Calçadão Oliveira Lima, que formam a base da pesquisa. Os números apresentam ligeiras variações em relação a levantamento de 1998, mas mostram que o perfil do consumidor se manteve: 48% da frequência há dois anos era da classe C, 28% da D e 8% da E. Do total de público diário, 71% chegam ao Centro por meio de transporte público. Moradores de Santo André são maioria: 26% são do primeiro subdistrito e 23% do segundo.
O gerente de Marketing do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista do ABC), Ricardo Fioravanti, acredita que para recuperar o poder de atração do Centro é preciso muito mais do que as obras de revitalização feitas pela Prefeitura, como a reforma e cobertura de parte do Calçadão, que deve ser entregue neste mês. Segundo Fioravanti, o passo principal é promover ampla readequação do mix de lojas aproveitando a ociosidade de aproximadamente 25 mil metros quadrados dos 75 mil que formam a área total de vendas da área nobre pesquisada.
No caso específico do Calçadão, sobretudo no espaço coberto, a avaliação é de que somente o peso de uma loja que sirva de referência, a chamada âncora, será capaz de ajudar na recuperação de consumidores. A pesquisa da SOL mostra que o mix de lojas do entorno da Oliveira Lima é bastante pulverizado -- são 33 segmentos -, mas ao mesmo tempo apresenta deficiências e excessos na oferta de produtos. O local concentra 61 empreendimentos ligados à alimentação e 57 de moda feminina. No entanto, tem apenas sete lojas de roupa masculina.
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