Economia

Região dorme e o
Interior avança

DA REDAÇÃO - 05/04/2000

Enquanto o Grande ABC continua a ignorar solenemente proposta de criação de retroporto no eixo Rodoanel/Sistema Anchieta/Imigrantes, o Codivap (Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba) não perde tempo. A entidade aproveitou o 44º Congresso Estadual de Municípios, realizado no mês passado no Guarujá, para apresentar projeto de ampliação da área do Porto de São Sebastião, no Litoral Norte, operada pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) e obter apoio de prefeituras do Interior de São Paulo.


Benedicto Sérgio Lencione, prefeito de Jacareí e presidente do Codivap, expôs o projeto do Vale do Paraíba na abertura do painel Desenvolvimento Sustentável Através da Integração Regional. Participou do mesmo seminário o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, também presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e coordenador executivo da Câmara Regional, que fez palestra sobre Planejamento Regional Estratégico. Dias não se referiu uma única vez ao Porto de Santos, estratégico para o Grande ABC na atração de investimentos.


A meta dos prefeitos dos 39 municípios do Vale do Paraíba que compõem o Codivap é obter recursos do governo do Estado -- e também da iniciativa privada -- para ampliar o Porto de São Sebastião e movimentar cargas do Interior de São Paulo e sul de Minas Gerais. "O Porto de Santos não é vantajoso para todas as cargas. Tanto que o Porto do Rio de Janeiro movimenta papel e produtos siderúrgicos, Espírito Santo opera importação e exportação de automóveis e Paranaguá, no Paraná, é especialista em granéis sólidos. Queremos ser alternativa a Santos" -- afirma Benedicto Lencione.


A área da Dersa no Porto de São Sebastião, com 150 metros de comprimento e 8,2 metros de profundidade, permite atracamento de um único navio, o que inviabiliza operações regulares de comércio exterior. Estudos do Codivap indicam que é possível fazer aterro que permita atracamento de várias embarcações simultaneamente. Uma das vantagens do Litoral Norte é a profundidade. Enquanto a Codesp (Companhia Docas do Estado) realiza dragagem permanente no Porto de Santos para garantir o mínimo de 13 metros, a profundidade no Porto de São Sebastião chega a 50 metros.


Vantagens -- Três fatos pesam a favor do Vale do Paraíba e são fortes argumentos para obtenção de recursos: São Sebastião abriga o Terminal Almirante Barroso da Petrobras, o maior movimentador de petróleo da América Latina, com 50 milhões de toneladas/ano -- prova da cultura portuária da região; no período entre janeiro de 1997 e setembro de 1998 o Vale do Paraíba respondeu por 33% das exportações realizadas pelo Estado de São Paulo; está em curso na região processo de internacionalização e alfandegagem do aeroporto de São José dos Campos.


Durante o painel promovido no Congresso Estadual de Municípios o presidente do Codivap também enfatizou que a Rodovia dos Tamoios, principal acesso para o Porto de São Sebastião, tem hoje 40% de ocupação média, que ele classifica como melhor índice entre os acessos portuários do País. O Vale do Paraíba atraiu investimentos de US$ 9,7 bilhões entre 1995/99 e projeta mais US$ 5,4 bilhões até 2005.


O prefeito Oswaldo Dias, coordenador da Câmara do Grande ABC, diz que desconhece qualquer ação regional em torno da proposta de criação de retroporto no Grande ABC. "Acredito que o Rodoanel vai solucionar o problema de acesso ao Porto de Santos. A Câmara do ABC está empenhada em questões mais urgentes como a duplicação da capacidade do Pólo Petroquímico de Capuava, a redução do custo da água industrial e o programa nacional de renovação da frota automobilística" -- afirma.


Não dá para ignorar que produtos químicos e automóveis têm dependência permanente de operações portuárias de importação e exportação. Seja na aquisição de matérias-primas e autopartes, seja no comércio de seus produtos no Exterior. Retroporto, além de despachar cargas e organizar transporte, ativa comércio e serviços. Exemplo é o empreendimento de US$ 50 milhões que a São Paulo Incorporação faz em Barra Velha, Litoral de Santa Catarina. Anexo a megaposto de combustíveis com estacionamento para 400 caminhões estão sendo construídos hotel e shopping.


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