São Caetano classificou-se entre os piores municípios do G-13 em emprego industrial no ano passado. Em compensação, no saldo geral de empregos formais, que reúne todas as atividades, inclusive a Administração Pública, conquistou o melhor resultado. O que isso significa? Significa que não é um bom negócio para São Caetano trocar empregos industriais por outros tipos de emprego, mas, dos males o menos agressivo. Duro seria perder tanto em empregos industriais quanto na soma de todos os demais, inclusive os industriais.
A situação poderia ser muito pior se São Caetano honrasse o passado não muito distante e contasse com o setor industrial como propulsor da riqueza salarial média. Surpreendente, mesmo com a General Motors, que se tem esvaziado no Município sem que a maioria de dê conta, São Caetano paga salários inferiores aos trabalhadores de indústria do que do Comércio e de Serviços. Não é por outra razão que a mudança tem instalado a cidade entre as piores no ranking de criação de riqueza neste século.
A média salarial de emprego industrial em São Caetano em 2017 (os dados mais atualizados do Ministério do Trabalho e Emprego) era de R$ 2.869.89. Já a média geral do Município, mesmo com a inclusão da atividade industrial registrou R$ 3.124,67. Comércio e Serviços lideram a remuneração média com R$ R$ 3.132,82 e R$ 3.167,32. Diferentemente de Barueri que também tem a liderança de remuneração de Comércio e Serviços, a média salarial de São Caetano é inferior porque não reúne empresas de tecnologia mais avançada.
O G-13 é um desdobramento do G-22. Trata-se de grupamento mais seletivo ainda, formado pelos sete municípios do Grande ABC, pelos três maiores municípios da Grande São Paulo, exceto a Capital, no caso Osasco, Barueri e Guarulhos, e as chamadas capitais das regiões metropolitanas do Interior do Estado, casos de Campinas, São José dos Campos e Sorocaba.
Ranking de 2018
Vejam o ranking do emprego formal do ano passado considerando-se a variação do estoque como principal referência. Trata-se de métrica que impede interpretações caolhas estruturadas em quantidade de empregos, não em proporção de quedas ou avanços do universo de trabalhadores nos 12 meses da temporada passada.
Entretanto, o critério não está blindado a críticas. Ter o melhor saldo de empregos formais numa temporada sem que o resultado seja decorrente do sucesso da principal atividade do Município (a indústria é o carro-chefe da maioria dos integrantes do G-13) não pode ser considerado mesmo um negócio exemplar. Mas o ranking serve para dar uma dimensão do que se passou na temporada passada.
1. São Caetano com estoque aumentado em 3,29%, resultado do saldo líquido de 3.495 trabalhadores. O setor industrial sofreu baixa de 1,82%, com demissão líquida de 400 trabalhadores.
2. Ribeirão Pires com estoque aumentado em 1,71% de carteiras assinadas, com saldo líquido de 324 trabalhadores. O setor industrial teve o estoque de trabalhadores aumentado em 1,37%, com a contratação de 93 trabalhadores.
3. Barueri com estoque aumentado em 1,58%, com a contratação líquida de 3.762 trabalhadores. O setor industrial aumentou em 0,06% o estoque, com a contratação líquida de 17 trabalhadores.
4. Sorocaba com estoque aumentado em 1,46%, com saldo líquido de 2.672 postos de trabalho. O setor industrial teve rebaixamento de 0,19% no estoque por conta da demissão líquida de 97 trabalhadores.
5. Campinas com estoque aumentado em 1,33%, resultado da contratação líquida de 4.973 trabalhadores. O setor industrial aumentou o estoque em 0,44%, com 226 novos trabalhadores.
6. São Bernardo com estoque aumentado em 1,32%, resultado do saldo líquido de 3.195 postos de trabalho. O setor industrial ganhou 181 trabalhadores -- aumento do estoque em 0,25%.
7. Guarulhos com estoque aumentado em 1,25% trabalhadores, com saldo líquido de 3.802 postos de trabalho. O setor industrial sofreu queda de 1.150 postos de trabalho, com queda líquida de 1.007 trabalhadores.
8. Mauá com estoque aumentado em 1,28% postos de trabalho. O setor industrial sofreu baixa de 3,32%, com queda líquida de 692 trabalhadores.
9. Diadema com estoque aumentado em 0,99%, resultado do saldo líquido de 843 postos de trabalho. O setor industrial acusou a queda de 0,20%, com demissão líquida de 80 trabalhadores.
10. Osasco com estoque aumentado em 0,72%, com a contratação líquida de 1.039 trabalhadores. O setor industrial aumentou em 375 o estoque de trabalhadores, variação anual de 2,44%.
11. São José dos Campos com saldo líquido de 0,41% ou 712 trabalhadores. O setor industrial sofreu baixa de 1,243 trabalhadores, reduzindo o estoque em 3,28%.
12. Santo André com estoque aumentado em 0,29%, resultado de saldo de 566 trabalhadores. O setor industrial perdeu 1,42% de estoque, com demissão líquida de 389 trabalhadores.
13. Rio Grande da Serra com estoque rebaixado em 8,12%, com demissão líquida de 233 trabalhadores. O setor industrial sofreu queda de 20,90%, com perda líquida de 298 postos de trabalho.
Confrontos providenciais
O G-13 que analisamos no interior do G-22 é uma amostra clara do quanto é possível extrair do comportamento da economia do Estado de São Paulo. Afinal, são 444.488 empregos industriais com carteira assinada no conjunto desses municípios, 19,63% do total que envolve outras atividades e que chega a 2.264.237 trabalhadores.
Colocar os números do Grande ABC em confronto com o que chamamos de G-3M (os três maiores municípios à Leste e a Oeste da Região Metropolitana de São Paulo) e ao que também chamamos de G-3I (os três maiores municípios das três regiões metropolitanas do Estado de São Paulo, depois da RM da Capital) é chegar mais próximo da realidade regional dos sete municípios locais.
Expor números de diversas ordens econômicas e sociais sobre o comportamento dos municípios do Grande ABC, inclusive de emprego formal, não teria sentido não fosse pelo critério de enfrentamentos com outras áreas.
Se no Estado de São Paulo como um todo a criação de novos empregos industriais no ano passado não passou de 5.755 trabalhadores, seria demais esperar que os integrantes do G-13 fossem exemplos de recuperação.
Tanto não são que o Grande ABC acusou a perda líquida de 1.505 postos de trabalho industrial, enquanto Barueri, Osasco e Guarulhos registraram 615 perdas e Campinas, Sorocaba e São José dos Campos 1.114.
Estoques de empregos
O estoque de empregos industriais no Grande ABC em dezembro do ano passado ainda era maior que os dos concorrentes: 180.583 trabalhadores contra 127.148 dos três municípios colados à Capital do Estado e 136.757 das capitais interioranas.
Quando se contabilizam todos os empregos com carteira assinada ao final do ano passado, considerando agora todas as atividades econômicas, inclusive a Administração Pública, o Grande ABC é superado pelas três capitais do Interior (Campinas, São José dos Campos e Sorocaba), mais densamente representativas em comércio e serviços. Aquele trio contava com 790.282 trabalhadores registrados, contra 737.910 do Grande ABC e 736.045 do conjunto formado por Barueri, Osasco e Guarulhos.
Contar com maior peso relativo de trabalhadores industriais no conjunto de carteiras assinadas pode ser visto de maneiras contrastantes para quem está interessado no futuro do Grande ABC.
Mais perdas no futuro
Com a desindustrialização persistente neste território, a tendência de seguir ladeira abaixo no emprego industrial que mais bem remunera deverá causar mais estragos. Em dezembro do ano passado o estoque de trabalhadores industriais na região correspondia a 24,47% do total, enquanto os três municípios vizinhos à Capital apontavam 17,27% e os três do Interior 17,30%.
Portanto, o Grande ABC mantém vantagem (ou desvantagem?) de contar com efetivo de carteiras assinadas 30% superior em relação aos integrantes desses concorrentes no setor industrial. A diferença já foi superior a 80% em outros tempos, quando o PIB Geral do Grande ABC era bastante superior ao dos seis concorrentes. O PIB Geral mais atualizado, de 2016, coloca o Grande ABC abaixo dos três municípios do Interior Paulista e muito abaixo dos vizinhos metropolitanos.
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