O terceiro capítulo de Complexo de Gata Borralheira trata da periferização demográfica na Grande São Paulo. Mais especificamente do transbordamento de excluídos da Capital, a Cinderela São Paulo, em direção aos sete municípios do Grande ABC. O encontro no hotel-fazenda segue tenso. São Paulo zomba da região. Tripudia. E, é claro, a região não se cala, apesar do histórico sentimento de inferioridade na relação com a poderosíssima vizinha.
Perceberam os leitores que está cada vez mais valendo a pena acompanhar os capítulos agora no mundo digital do livro que escrevi em duas semanas e que lancei em abril de 2002 em homenagem ao prefeito de Santo André, Celso Daniel, morto dois meses antes?
Apenas para relembrar, a mesa retangular no hotel-fazenda reúne a cidade de São Paulo com toda a empáfia de maior conglomerado humano e econômico do País e a vizinhança à Leste, os sete municípios de um Grande ABC já debilitado, mas que insistia e ainda insiste em acreditar que nada de braçadas no campo econômico.
Na edição de ontem mostramos o segundo capítulo que tratou da choradeira regional. A máscara caiu entre aquelas quatro paredes, quando Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra desfilaram rosário de preocupações. Chorar entre quatro paredes sempre é mais fácil. Duro mesmo é assumir publicamente a sistemática quebra de qualidade de vida. Vender ilusões garante a próxima eleição.
Naquela sessão de choradeiras tocaram-se em questões inquietantes que só se agravaram desde então. E vão continuar a se agravar porque a regionalidade ensaiada pelo então prefeito de Santo André foi para o acostamento do desinteresse ou da inabilidade ou da ineficiência ou do partidarismo dos prefeitos que o sucederam.
Vale a pena acompanhar o terceiro capítulo de Complexo de Gata Borralheira. E a pergunta que se faz é desafiadora: quem ocuparia as duas cadeiras vazias daquele encontro?
Leiam, portanto:
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)