Finalmente os convidados àquele encontro num hotel-fazenda logo após o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, encontraram um ponto em comum para remarem na mesma direção: a criminalidade fora de controle na Região Metropolitana de São Paulo. Aquela mesa retangular reunia a Cinderela São Paulo e as gatas borralheiras Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Ainda havia duas cadeiras vazias, à espera do que se imaginava fossem os anfitriões.
Os diálogos se seguem nas páginas impressas e agora digitais de Complexo de Gata Borralheira. Comecei a escrever o livro duas horas antes de Celso Daniel ser sequestrado naquela noite de 18 de janeiro de 2002. Alguém que o leitor vai identificar sugeriu uma ideia aprovada por todos mas que jamais saltou para o mundo real porque o Brasil não leva a sério as tragédias que o abate: uma semana anual seria reservada na região para algo como o Fórum Social pela Paz, espécie de réplica de cunho criminal do Fórum Econômico Mundial.
Colocar a criminalidade da Grande São Paulo em pauta permanente parecia decisão inadiável naquele traumático janeiro de 2002. Não imaginava este jornalista que, em seguida, gradualmente, o governo do Estado, pressionado pela repercussão da morte de Celso Daniel, mudaria completamente a filosofia da Secretaria de Segurança Pública instaurada pelo governador Mario Covas, que morrera um ano antes de Celso Daniel. Com Geraldo Alckmin o PSDB alterou a rota de enfrentamento da criminalidade. Saiu a política de Direitos Humanos e entraram medidas mais duras. O capítulo de Complexo de Gata Borralheira que segue abaixo não trata dessas questões porque vieram depois. Mas revela em detalhes o ambiente de inquietação entre os participantes daquele encontro num hotel-fazenda.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)