Economia

PIB Geral de Diadema é o mais
vexatório da região no século

DANIEL LIMA - 11/03/2019

O PIB Geral de Diadema é o mais vexatório entre os PIBs do Grande ABC no Século XXI. Isso não é pouca coisa, claro. Mas o PIB Geral mais preocupante do Grande ABC no período iniciado em janeiro de 2000 e que se estende a dezembro de 2016 é o de São Bernardo. Afinal, trata-se da Capital Econômica da região, onde são produzidos bens e produtos três vezes superiores aos de Diadema e quase 40% do PIB Geral do Grande ABC.

Além disso, Diadema é espécie de cidade-satélite econômica de São Bernardo. Vive em larga parte da indústria automotiva, composta por pequenas e médias empresas de setores dessa cadeia de produção. São Bernardo perde de goleada para um dos endereços mais prósperos da economia paulista no período: Sorocaba apresenta crescimento 11 vezes maior.

A retirada da Ford de São Bernardo é apenas mais um capítulo de uma sequência de deserções que começaram no passado de uma série de complicações, como a hostilidade sindical após um período de glamourização do movimento liderado no final dos anos 1970 pelo então metalúrgico Lula da Silva.

Esse novo estudo desdobra-se do anterior, publicado na última sexta-feira. Estamos tratando do desempenho do PIB Geral do Grande ABC neste século. Aquele primeiro texto foi um voo panorâmico, que colocou em contraste o que a região produziu ante outras duas áreas importantíssimas do Estado: O G-3M, representado por Guarulhos, Osasco e Barueri, e o G-3I, que tem Campinas, São José dos Campos e Sorocaba.

Também comparamos o que andamos fazendo na geração de riqueza com o que o Brasil como um todo mostrou de resultados. Perdemos feio, também.

Perdemos feio para os dois conglomerados de municípios paulistas que constam do G-22 (o grupo dos 20 maiores endereços do Estado, exceto a Capital e com a inclusão de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra por pertencerem ao Grande ABC).

Fomos e continuamos a ser superados pelos três municípios da Região Metropolitana de São Paulo e pelas sedes das três regiões metropolitanas do Interior do Estado, mesmo contando tanto num caso quanto no outro com maior número de habitantes, quesito que influencia os números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística) sempre com dois anos de atraso em relação ao PIB Nacional.

Nesse aglomerado de municípios que costumamos designar de G-13 (os sete municípios do Grande ABC, Guarulhos, Osasco, Barueri, Campinas, Sorocaba e São José dos Campos), a disputa individual para se detectar o tamanho do PIB neste novo século é terrivelmente desfavorável a região.

Exemplificando derrotas

Vou explicitar alguns confrontos que oferecem com mais precisão e horror o quanto o Grande ABC sofre de raquitismo econômico, cujos reflexos sociais estão à mostra permanente no quadro de desigualdade. 

 Diadema sofreu queda do PIB Geral de 13,66% no período, enquanto Guarulhos cresceu 25,17%. Em 1999 o PIB Geral de Diadema equivalia a 32,75% do PIB Geral de Guarulhos. Eram em valores nominais, sem considerar a inflação, R$ 3.824,87 bilhões contra R$ 10.763,26 bilhões. Já em 2016 a equivalência caiu para 24,51%. Em valores atualizados a 2016, Diadema registrou R$ 13.229,75 bilhões contra R$ 53.974,92 bilhões.

 São Bernardo cresceu no mesmo período míseros 5,35%, enquanto Sorocaba, no Interior do Estado, registrou avanço de 62,76%. O PIB Geral de São Bernardo em 1999 era em valores nominais R$ 10.463,85 bilhões, enquanto Sorocaba somava R$ 4.691,73 bilhões. Ou seja: o PIB Geral de Sorocaba equivalia a 44,83% do PIB Geral de São Bernardo. Ao fim de 2016, após crescer em termos reais 62,76%, contra apenas 5,35% de São Bernardo, Sorocaba registrou PIB Geral de R$ 30.593,86 bilhões, enquanto São Bernardo chegou a R$ 42.131,38 bilhões. O PIB Geral de Sorocaba passou a equivaler a 72,61% do PIB Geral de São Bernardo. Um avanço de 27,78 pontos percentuais, ou de 1,73 ponto percentual ao ano. No ritmo médio dos últimos 16 anos, a economia de Sorocaba vai superar a de São Bernardo em uma década e meia.

 O PIB Geral de Santo André avançou em termos reais 14,30% durante os 17 anos do novo século. Menos de um ponto percentual ao ano. Comparar os números com o desempenho do PIB Geral de Osasco é covardia: foram 251,53% de crescimento. Ou seja: enquanto a média anual de Santo André nessa comparação ponta a ponta não passou de 0,84%, Osasco avançou ao ano nada menos que 14,79%. Velocidade 16 vezes superior. O PIB nominal de Santo André em 1999 era de R$ 5.954,25 bilhões, contra R$ 5.282,19 bilhões de Osasco. Em 2016 o PIB em valores reais de Santo André era de R$ 25.837,05 bilhões, contra R$ 74.402,69 bilhões de Osasco. O que era vantagem de Santo André na fita da largada do PIB Geral por escassa diferença, passou a ser desvantagem monumental. O PIB Geral de Santo André equivale a apenas 50,15% do PIB Geral de Osasco.

 O PIB Geral de São Caetano no mesmo período de 17 anos também foi acachapante, com variação positiva de 10,01%. Ou crescimento anual de 0,59 %. Bem menos que o crescimento do PIB Geral de Barueri, de 30,12%, variação anual de 1,88%. Ou três vezes mais. Com isso, o PIB de São Caetano de 1999 (R$ 3.014,67 bilhões), que era um terço do PIB Geral de Barueri (R$ 9.032,25 bilhões) passou a equivaler, na ponta da tabela, a 28,21%): São Caetano passou a contar com R$ 13.286,71 bilhões contra R$ 47.088,30 bilhões.

 Mauá do Polo Petroquímico de Capuava contou com o melhor desempenho entre os municípios do Grande ABC neste século. O PIB Geral avançou 22,80%, média de crescimento anual de 1,34 %. Não dá para comparar com o avanço do PIB Geral de Campinas, de 47,98%, a terceira maior marca entre os seis municípios do G-13, atrás apenas de Osasco e de Sorocaba.  A diferença entre o PIB Geral de Mauá diante de Campinas em 1999 era de 71,25%. Ou seja: Mauá registrava apenas 28,75% do PIB Geral de Campinas: R$ 9.872,19 bilhões contra R$ 2.838,24 bilhões. Em 2016, Campinas registrava PIB Geral de R$ 58.523,73 bilhões, contra R$ 13.963,85 bilhões de Mauá. Na equivalência de forças, Mauá teve reduzida participação frente a Campinas para 23,85%.

 Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra completam o PIB Geral do Grande ABC naqueles 17 anos, enquanto São José dos Campos fecha o número de participantes do outro bloco. E São José dos Campos não foi bem das pernas: perdeu 4,37% no período, enquanto Ribeirão Pires avançou 16,75% e Rio Grande da Serra 1,43%. O PIB Geral de São José dos Campos em 1999 era de R$ 9.740,19 bilhões, enquanto Ribeirão Pires somava R$ 646,02 milhões e Rio Grande da Serra, R$ 142,25 milhões. Ou seja, a soma dos dois municípios do Grande ABC, R$ 788,27 milhões, representava apenas 8,09% do total de São José dos Campos. Na ponta da tabela, em 2016, São José dos Campos registrava valores reais R$ 37.315,78 bilhões, enquanto Ribeirão Pires registrava R$ 3.021,84 bilhões e Rio Grande da Serra a R$ 578.09 milhões. Na soma dos dois municípios, R$ 3.599,93 bilhões de PIB Geral, a equivalência aumentou para 9,64%. Ou seja: mesmo quando obtém alguma vantagem, o PIB Geral de municípios da região é estrondosamente frágil.

Caindo pelas tabelas

Na ordem decrescente, veja o ranking de crescimento (ou queda) do PIB Geral (que considera todas aa atividades econômicas, além da Administração Pública) dos integrantes do G-13 neste novo século:

l. Osasco cresceu 251,53%, média anual de 14,79%.

2. Sorocaba cresceu 62,76%, média anual de 3,69%.

3. Campinas cresceu 47,98%, média anual de 2,820%.

4. Barueri cresceu 30,12%, média anual de 1,77%.

5. Guarulhos cresceu 25,17%, média anual de 1,48%.

6. Mauá cresceu 22,80%, média anual de 1,34%.

7. Ribeirão Pires cresceu 16,75%, média anual de 0,98%.

8. Santo André cresceu 14,30%, média anual de 0,84%.

9. São Caetano cresceu 10,01%, média anual de 0,59%.

10. São Bernardo cresceu 5,35%, média anual de 0,31%.

11. Rio Grande da Serra cresceu 1,43%, média anual desprezível.

12. São José dos Campos perdeu 4,37%, média anual de 0,026% ao ano.

13. Diadema perdeu 13,66% no período, média anual de 0,80%.



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