Chegamos à edição de novembro de 1998 da revista LivreMercado. Mais de 20 anos se passaram. Selecionamos algumas matérias daquela edição para enriquecer o acervo de CapitalSocial. Nada mais natural, porque LivreMercado e CapitalSocial são irmãos siameses em paternidade editorial. Criei os dois produtos. Uma das matérias a que os leitores terão acesso hoje mostra o quanto regredimos institucionalmente. A jornalista Malu Marcoccia, durante muitos anos chefe de Redação de LivreMercado, entrevistou um dirigente do conglomerado Fiesp/Ciesp com experiência na região. Um industrial que apontou criteriosamente equívocos do Grande ABC. Era preciso reagir. Não reagimos. Por isso perdemos tanta riqueza desde então. Não bastasse o que perdemos antes.
Primeira matéria
Ninguém escapa. No receituário prescrito pelo empresário Mário Bernardini para revitalizar o Grande ABC todos têm cota de sacrifício a dar: os Poderes Públicos com parcela de renúncia fiscal, os trabalhadores com exigências salariais mais compatíveis com os tempos de acirrada concorrência entre empresas, as escolas profissionalizantes com modernização dos currículos e os empresários com manutenção dos empregos. Com fama de ter opiniões fortes e geralmente polêmicas, Bernardini conhece há 25 anos a região, desde quando transferiu da Capital para São Bernardo sua MGM (Mecânica Geral e Máquinas), na qual já empregou 180 funcionários, hoje reduzidos a 40. Ao Custo Brasil ele adiciona críticas com o Custo ABC e diz que a Câmara Regional está no caminho certo ao propor agenda de discussões sobre os problemas locais. Mas ressalva: uma agenda onde seja proibido proibir, onde não haja dogmas de direitos intocáveis. Às Prefeituras desafia: “Não vale mais a pena perder 10% de IPTU do que perder tudo com a evasão de empresas? ”.
05/11/1998 - Custo ABC é desafio que envolve a todos
Segunda matéria
Não dá para disfarçar. O Grande ABC está desencantado por ter sofrido rebaixamento de 40% na representação política na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. De 13 deputados (oito estaduais e cinco federais) eleitos em 1994, a região caiu para apenas nove (seis estaduais e três federais). Qualquer tentativa de prestidigitação analítica para transformar essa perda em ganho tem a mesma sustentação de uma gelatina. Para uma região com 1,5 milhão de eleitores, os números que resultaram das urnas eletrônicas e convencionais foram uma ducha de água fria. Um dos resultados do qual não se pode fugir é que Fórum da Cidadania, Consórcio Intermunicipal e Câmara Regional não são capazes de garantir, individual ou conjuntamente, sucesso eleitoral. No mínimo suas lideranças esqueceram de se juntar aos comandantes dos partidos políticos para estabelecer estratégia que valorizasse um princípio da alquimia política tão simples quanto eficaz: quem parte e reparte e não fica com a maior parte ou é bobo ou não entende da arte. Os partidos repartiram tanto os votos entre os candidatos locais que só poderiam mesmo ficar a ver navios.
05/11/1998 - Quando dividir significa perder
Terceira matéria
Lembram da série de comerciais sobre o lançamento do Corsa, há pouco mais de quatro anos? Lembram do velho ranzinza que bradava em bom sotaque de italiano do Brás: "Fizeram o Corsa com 10 cores! Pra que tanta cor? Eu tenho dois ternos marrons há 20 anos e está muito bom. Poderiam ter feito o Corsa com duas opções: branco ou preto e pronto! Pra onde este mundo vai?". A campanha durou meses e foi o grande sucesso do ano (1994), abocanhando todos os prêmios da área de publicidade. Até mesmo o senhor inconformado com novidades foi premiado como melhor ator de filme publicitário. Pois o ranzinza mora em Santo André e não tem nada de rabugento. Muito pelo contrário: aos 75 anos, João Crimanini tem astral altíssimo, está de bem com a vida, sempre aberto para contar fatos divertidos e dar sonoras risadas quando escuta uma boa piada.
05/11/1998 - Ranzinza do Corsa esbanja simpatia
Total de 1884 matérias | Página 1
13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)