Economia

Bauru sai à frente
com BNDES local

MALU MARCOCCIA - 05/08/2001

O Interior paulista não dá trégua ao cerco progressivo que promove em torno de atração de investimentos. Vem de Bauru outro exemplo de articulação para avançar na competitividade daquela região no centro do Estado, enquanto no Grande ABC as ações institucionais jogam na retranca. O Centro das Indústrias de Bauru acaba de conquistar representação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na forma de posto avançado, por enquanto com a incumbência de informar sobre linhas de crédito e encaminhar as empresas para agentes financeiros repassadores. Pode não ser o formato de BNDES regional proposto à LIVRE MERCADO pelo economista Paul Singer no final do ano passado e que tropeçou na falta de mobilização da comunidade. O posto do BNDES em Bauru, entretanto, prova que, quando todos jogam no ataque, é possível virar o placar a favor de um projeto. "Dependendo do tamanho da demanda por empréstimos e de como as propostas dos empresários se tornarem viáveis, podemos evoluir para uma agência própria do BNDES em Bauru" -- empolga-se o diretor do Ciesp local, José Luis Simonelli, cuja base soma 800 indústrias e que há um ano se debruçava na empreitada. 

O desinteresse foi a maior pedra no caminho de um banco de fomento do Grande ABC. "Os empresários demonstraram ceticismo diante da burocracia e das exigências que enfrentam no dia-a-dia com os bancos. As prefeituras preferiram tomar atitudes pontuais, cada qual montando um Banco do Povo para ajudar a economia informal, quando a proposta de Paul Singer para um BNDES regional é fortalecer nossas cadeias produtivas com empreendimentos que vão além dos micronegócios" -- lamenta Jaime Guedes, diretor da Uni-A (Centro Universitário de Santo André), instituição que chegou a sediar um grande debate em torno da proposta. O lançamento, logo a seguir, do fundo de aval da Nossa Caixa-Sebrae também ajudou na desmobilização. Jaime Guedes ironiza que sequer o fundo de aval foi acionado por empresas do Grande ABC até agora. "Minha esperança é de que o projeto Santo André Cidade Futuro dê andamento à idéia de um banco local, colocada dentro do grupo de desenvolvimento econômico" -- confia.

O posto do BNDES no Ciesp de Bauru é o primeiro no Interior paulista e resulta de parceria que o banco federal decidiu fazer com entidades empresariais com as quais tradicionalmente se relaciona. O banco já está presente na Abimaq, Abinee, Associação Brasileira de Franchising e em 17 Federações das Indústrias. "Com o posto avançado no Ciesp podemos indicar quais as linhas mais adequadas para cada solicitante e, aos poucos, formar um banco de dados sobre os rumos da região de Bauru, planejar e até apresentar projetos conjuntos de fomento de determinadas vocações" -- comenta o diretor José Luis Simonelli. É o que ele chama de criar oportunidades de desenvolvimento de dentro para fora: "Não adianta querer atrair multinacionais e depender de guerra fiscal. Temos de unir forças locais, e não só industriais. Os primeiros contratos do BNDES beneficiaram uma escola em ampliação em Bauru e um Finame de caminhão" -- conta o dirigente. O orçamento do BNDES este ano é de R$ 26 bilhões para projetos em todo o País, R$ 5,5 bilhões dos quais para pequenas e médias empresas.


Fundo de risco -- Outro projeto de crédito regional que não avança no Grande ABC é o Fundo de Capital de Risco anunciado no primeiro trimestre deste ano pela Agência de Desenvolvimento Econômico, braço de estatísticas e planejamento da Câmara Regional. A idéia é formar um fundo em torno de R$ 14 milhões com recursos divididos entre BNDES Participações, Agência e sócios-investidores da livre iniciativa. Os beneficiários seriam 30 pequenas empresas, chamadas de sócio-tomadoras, que abririam parte do capital para o fundo. É mais ou menos o que fazem os fundos de pensão das estatais, que aplicam e se tornam sócios de empreendimentos privados, como os shoppings. "O caldeirão de instabilidade com apagão energético, crise na Argentina e disparada do dólar brecou a dinâmica do projeto. Além disso, continua a resistência do pequeno tomador, que acha que vai entregar o controle de sua empresa a terceiros" -- relata Carlos Paim, diretor executivo da Agência. 


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