Economia

De fazer inveja
aos mosqueteiros

ANDRE MARCEL DE LIMA - 05/12/2001

Pouca gente sabe, mas Santo André concentra cinco entidades do segmento contábil, com estimadas 700 empresas. Têm sede no Município e atuam em sintonia o Sincosa (Sindicato dos Contabilistas de Santo André), a Aescsa (Associação das Empresas de Serviços Contábeis de Santo André), a diretoria regional do Sescon (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo), a delegacia do CRC (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo), além de seção regional do Grupo do Interior, que abrange 80 mil profissionais de todo o Estado, exceto a Capital. "São tantas entidades que até pessoas bem informadas se confundem. Há poucos dias me convidaram por engano como representante do CRC" -- comenta Eurides Pudo, presidente da Aescsa.    

Mais representativo que a quantidade, porém, é o relacionamento cooperativo entre esses organismos. Presidentes e diretores das cinco instituições reúnem-se quinzenalmente para compartilhar problemas comuns e informações relacionadas aos profissionais e empresas. As reuniões são promovidas sempre às terças-feiras, no auditório do Sescon. "Não nos encontramos aqui para tomar uísque e falar sobre amenidades. Deixamos nossos negócios de lado durante algumas horas para tratar exclusivamente de assuntos que fortaleçam o conjunto das empresas e profissionais" -- enfatiza Eurides Batista Pudo que, além de presidir a Aescsa, dirige a Contábil Alfa. 

As reuniões contemplam discussões de praticamente todos os assuntos do vasto universo contábil porque cada entidade focaliza atenção em faceta específica do segmento. O Sindicato dos Contabilistas de Santo André envolve três mil profissionais da cidade-sede e dos municípios de Suzano, Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Biritiba-Mirin, Poá e Ferraz de Vasconcelos. "São profissionais que atuam tanto em escritórios especializados em assessoria contábil como no Departamento de Contabilidade de empresas que verticalizam a atividade" -- explica o presidente recém-empossado Antonio Razoppi, da AR Contábil.

O foco da Associação das Empresas de Serviços Contábeis de Santo André é corporativo. A Aescsa reúne 80 associadas do total de 370 empresas cadastradas. "Além das cadastradas, outras 350 empresas estão em atividade na cidade, a maioria de microporte. Pretendemos arregimentá-las com forte trabalho de campo" -- afirma Eurides Pudo. 

Já o Sescon representa 2,5 mil empresas contábeis, de assessoramento, perícias e pesquisas nas sete cidades do Grande ABC. "Trata-se do braço local da instituição que congrega 41 mil empresas em todo o Estado por intermédio de 11 escritórios regionais" -- informa o diretor regional José Cardoso da Silva, do escritório de contabilidade Eficaz.  

A delegacia do Conselho Regional de Contabilidade, que também é presidida por Antonio Razoppi, é uma das 180 unidades espalhadas pelo Estado e tem 1.850 profissionais filiados, todos de Santo André. O papel do CRC é encaminhar documentação para registro de novos profissionais, zelar pela ética dos contabilistas e promover cursos e palestras. Já o Grupo do Interior é representado em Santo André pelo coordenador-executivo Dorival da Rocha Mello, que é sócio de José Cardoso da Silva no escritório Eficaz. 

"O Grupo do Interior foi fundado em Campinas, em 1982, para representar profissionais que atuam além dos limites da Capital" -- explica Dorival, um dos membros-fundadores ao lado de outros três profissionais de Santo André: Zoilo de Souza Assis, José Cardoso da Silva e Ari de Oliveira Santos, falecido. Na prática, o Grupo do Interior é espécie de partido no meio político setorial, pois indica profissionais para ocupar cargos de conselheiro e diretor nas esferas estaduais de entidades como CRC e Sescon.


Facilidade -- A complexidade e a diversidade dos assuntos debatidos no auditório do Sescon pelas cinco entidades podem ser mensuradas pelos temas colocados em pauta pela Associação das Empresas de Serviços Contábeis de Santo André. O presidente Eurides Pudo esclarece que um dos papéis da entidade é facilitar a interlocução das associadas junto a órgãos públicos como Secretaria da Fazenda, Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental), Ministério do Trabalho, Receita Federal e Vigilância Sanitária, cujas determinações legais influenciam diretamente as atividades das empresas às quais prestam serviços.

"Utilizando o canal da associação, os órgãos públicos conseguem transmitir alterações legislativas por atacado, sem precisar acessar empresa por empresa para informar sobre as novidades" -- explica Eurides. Ele ressalta que circulares e o informativo trimestral Folha Contábil, editados pela Aescsa, não são privilégio exclusivo das 80 associadas, que contribuem com R$ 120 por ano, mas atingem as 370 empresas no mailing da entidade.

O cadastramento das quase 300 empresas não-associadas foi promovido na gestão de Eurides Pudo, que assumiu a presidência da associação em janeiro de 2000. "Conseguimos formatar um quadro mais fiel do setor contabilista graças a um grande trabalho de campo, mas ainda há muito por fazer. Há pelo menos outras 350 empresas em Santo André que ainda não foram detectadas, mas que pretendemos trazer para nosso cadastro" -- lembra.

Outra meta da Aescsa é converter cadastradas em associadas. Um profissional de marketing foi contratado para aproximar a associação dos parceiros potenciais. "Vamos mostrar aos que ainda não conhecem a entidade que se tornar associado é ótimo negócio" -- destaca Antonio Razoppi, do Sindicato dos Contabilistas e também diretor-adjunto da Aescsa. Eurides Pudo revela que uma das estratégias para trazer novos associados consistirá no agendamento de entrevistas com empreendedores cadastrados. "Vamos oferecer os serviços que já dispomos e colher informações que nos permitam aperfeiçoar o atendimento com base em novas necessidades" -- ressalta o presidente. 


Atribuições compartilhadas -- Para que alguns membros da associação não sejam mais sobrecarregados do que outros com os trabalhos de prospecção de novos associados, a tarefa será dividida equitativamente segundo critério logístico de área de influência geográfica. Isto é, cada um dos 19 diretores não-remunerados será responsável por visitas às empresas mais próximas do respectivo escritório. Eurides Pudo lembra que as associadas têm direito a acessar conteúdos exclusivos no site da associação, usufruem de desconto de 50% em estacionamento conveniado do Centro de Santo André, além de consultarem gratuitamente o Registro Nacional de Marcas e Patentes por meio de convênio firmado com empresa especializada. 

"A gratuidade das consultas é muito importante porque estimula a pesquisa num campo vital para a imagem de qualquer negócio, que é a marca" -- lembra Dorival da Rocha Mello, diretor social da Aescsa, além de coordenador do Grupo do Interior.

Eurides Pudo lembra que o papel da associação vai além de receptadora de informações de órgãos públicos que interferem diretamente nas atividades empresariais. Há casos em que a associação interage com setores governamentais para melhor interface profissional. O serviço informatizado para abertura de empresas à distância lançado pela Secretaria da Fazenda é um exemplo. A Aescsa alimentou o órgão estadual com informações valiosas para o aperfeiçoamento do sistema operacional do chamado posto fiscal eletrônico. 

"A idéia da secretaria era fabulosa porque poupava os contabilistas da via crucis burocrática que permeava o processo de abertura de novas empresas. Até então era preciso comparecer fisicamente, em horários restritos, e ainda correr o risco de ter de voltar no dia seguinte por falta de algum documento indispensável. Na condição de usuária, a associação atuou como consultora para solução prática ao ineditismo da empreitada" -- lembra Eurides Pudo. 


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