O terceiro pólo mundial de pisos e revestimentos ainda não alcançou a mesma projeção dos dois primeiros colocados do ranking. A pequena Santa Gertrudes e algumas cidades vizinhas na microrregião de Rio Claro somam 60% da produção brasileira sem a preocupação de formar imagem institucional capaz de transformar o pólo cerâmico em referência internacional como Sassuolo, na Itália, e Castellón, na Espanha. Preocupadas em modernizar o parque fabril, aumentar a produção e elevar a qualidade dos produtos, as empresas mantiveram-se reclusas à própria excelência. Somente agora despertam para a necessidade de envolver iniciativa privada, Poder Público, associações de classe e universidade em uma rede de cooperação.
Foi a silenciosa revolução tecnológica na última década que impulsionou o salto de qualidade da indústria cerâmica de Santa Gertrudes. Empresas de origem estritamente familiar substituíram a produção artesanal por modernos processos industriais e provocaram mudanças significativas no mercado nacional até então dominado pela fama dos fabricantes de Criciúma, em Santa Catarina. Favorecido pelo solo abundante em argila, o pólo de Santa Gertrudes atraiu fornecedores internacionais de equipamentos e de esmaltes e conseguiu fomentar uma cadeia produtiva que movimenta mais da metade da economia dos municípios que formam essa microrregião de Rio Claro.
A trajetória já deveria ser capaz de transformar o pólo de Santa Gertrudes em referência obrigatória da indústria mundial de revestimentos. Mas a posição privilegiada e os números superlativos ainda são insuficientes para superar estigmas originados na própria história. Há 40 anos, a indústria local produzia tijolos e telhas. Depois migrou para a fabricação de lajotões coloniais rústicos sem qualquer tecnologia. Por isso sofre com o estereótipo de ter o produto atual associado à baixa qualidade das peças de barro anteriormente fabricadas de modo artesanal. Como a etapa de apropriar-se da tecnologia foi cumprida com maestria, resta construir modelo associativo que permita tirar proveito da proximidade geográfica entre os fabricantes e evitar os danos da concorrência predatória e do individualismo exacerbado.
As 40 indústrias de pisos e revestimentos localizadas no pólo de Santa Gertrudes respondem por 60% da produção nacional, mas só agora começam a despertar para a vantagens de incorporar conceitos de sinergia nas ações diárias. "Somos um cluster por vocação, mas ainda não sabemos tirar proveito de estarmos juntos" -- reconhece o presidente da Aspacer (Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento), João Carlos Buschinelli. A terminologia cluster remete ao conceito industrial adotado com sucesso em países europeus para impulsionar o desenvolvimento de regiões que sediam empresas com atividades similares e complementares.
A Aspacer, com sede em Santa Gertrudes, foi criada há apenas três anos para patrocinar discussões de interesse regional e manter na ordem do dia o debate de questões mercadológicas que possam poupar o pólo de patinar na própria grandeza. As empresas locais cresceram 73% entre 1996 e 2000, alcançando patamar de 230 milhões de metros quadrados de piso e revestimento produzidos por ano. Mas como têm capacidade instalada para aumentar esse volume em mais 20%, não podem descuidar dos mercados emergentes.
Há espécie de consenso velado entre empresários locais e especialistas do setor sobre a necessidade de criação do espírito associativo. "Os fabricantes não precisam agir como competidores durante todo o tempo. Cluster não é quarteirão, é ação" -- alerta o PhD em cerâmica e professor adjunto da Universidade Federal de São Carlos, Anselmo Ortega Boschi. O acadêmico é referência entre os ceramistas locais porque foi um dos primeiros a se preocupar com a integração entre universidade e indústria. Ele propõe como primeira ação para Santa Gertrudes assumir-se como cluster a criação de uma central de vendas na Grande São Paulo, região que concentra 40% do consumo de cerâmicas do País. "A estratégia fortaleceria as empresas nas relações com grandes varejistas, hábeis em exigir preços baixos nas negociações individuais" -- acredita.
"O produtor local terá de quebrar a cultura do cada um por si. Queira ou não" -- concorda o consultor da MCG, Celso Monteiro de Carvalho. A MCG é especializada em análises de minerais industriais. Celso Carvalho atua há mais de três décadas no mercado cerâmico, atende várias empresas da região de Santa Gertrudes e faz projeção otimista. Ele acredita que em três anos o pólo esteja preparado para atuar em conjunto. "O desenvolvimento do espírito associativo é essencial para a região" -- ratifica Marcelo Piva, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias da Construção, do Mobiliário e de Cerâmicas de Santa Gertrudes.
O papel do sindicato foi decisivo na modernização das cerâmicas locais. A entidade promoveu espécie de meio de campo entre a indústria e a tecnologia de ponta que aportava na cidade na década de 90. Além de cursos e palestras, o sindicato se empenhou na montagem de laboratórios de testes para dimensionar a qualidade do produto que começava a ser fabricado com maquinário de Primeiro Mundo. Há dois anos, o laboratório foi transformado em unidade do Centro Cerâmico Brasileiro, órgão certificador dos pisos e revestimentos fabricados em todo o País.
As cerâmicas de Santa Gertrudes faturam US$ 1 bilhão por ano, empregam 6,2 mil trabalhadores e fornecem três vezes mais vagas indiretas, mas se esqueceram de que a união faz a força. Marcelo Piva acredita que o impasse possa ser superado gradativamente com a introdução de processos modernos de gestão administrativa. Ele deposita esperanças na geração que vem sucedendo antigos fundadores e que privilegia estruturas enxutas, multifuncionais e com poucos níveis hierárquicos. "Já há algum tempo as empresas de Santa Gertrudes vêm tratando com profissionalismo a delicada questão da sucessão familiar" -- lembra o também consultor da MCG, Paschoal Giardullio.
Sangue novo -- A injeção de sangue novo pode realmente fazer a diferença. Neta e filha de ceramistas, a jovem Cíntia Nardini assumiu a direção comercial da Nardini Cerâmica no ano passado. Com apenas 27 anos, começou a comandar empresa recém-criada sob padrões internacionais de produtividade e respeito ao meio ambiente. Equipada para produzir 300 mil metros quadrados de pisos e revestimentos ao mês, a Nardini sintetiza a modernidade que passou a imperar no pólo.
Cíntia Nardini também é defensora da união empresarial para quebrar o preconceito dos tempos em que o Município vivia de lajotões. "Temos indústria de Primeiro Mundo e todos precisam saber disso" -- conclama. Sua contribuição para a construção da imagem institucional do pólo começa dentro da própria empresa. Decidida a causar impacto com a marca Nardini, organizou os produtos da marca em três famílias. Uma dirigida ao segmento da construção civil com padronagem básica e especificações técnicas que permitem às construtoras garantir a qualidade do acabamento dos imóveis. Outra segue tendências internacionais de design e é dirigida a arquitetos e decoradores. A terceira linha se destina ao consumidor leigo -- denominado de formiga pelo setor – que compra com base no poder aquisitivo e no gosto pessoal.
A divisão utilizada pela Nardini segue o parâmetro empírico de um mercado que ainda não está traduzido em números formais. Pisos e revestimentos são bens de consumo duráveis, mas fica difícil dimensionar quantas vezes na vida um comprador vai adquirir ladrilhos novos para casa. É bem mais fácil estabelecer essa média quando se trata de veículo ou televisão. Mesmo assim, os fabricantes de Santa Gertrudes têm direcionado a maior parte dos investimentos para revestimentos de primeira linha com preço acessível, que representam 80% de tudo o que é comercializado. São produtos destinados à grande massa de consumo, como se fossem os carros populares motor 1.0 do mercado cerâmico, utilizando-se a analogia dos veículos.
A indústria de Santa Gertrudes também não tem números oficiais sobre a relação entre preço do produto e classe social do consumidor. Mas basta analisar o comportamento das vendas no varejo e os indicadores socioeconômicos para não cair no conto do grande mercado consumidor brasileiro. O poder aquisitivo nacional é limitado e a indústria de Santa Gertrudes alcançou êxito com produto certificado de primeira linha cujo preço final oscila entre R$ 8 e R$ 12 o metro quadrado.
Mesmo assim, muitas empresas de Santa Gertrudes demonstram preocupação em sair do lugar comum. O pólo já produz listelos -- faixas decorativas para serem intercaladas entre os revestimentos -- e outros pisos em tamanhos menores para compor mosaicos e desenhos variados quando misturados aos convencionais ladrilhos 30 por 30 ou 40 por 40 centímetros. Santa Gertrudes ainda não produz porcelanato, item nobre do revestimento cerâmico, altamente associado às marcas do Sul do País. Mesmo assim, especialistas do setor acreditam que a produção de porcelanato no pólo paulista é apenas questão de tempo.
"O importante é fazer um produto que se encaixe no bolso e nas expectativas de qualidade do consumidor" -- argumenta Cíntia Nardini. A jovem empresária também não esconde preocupação em encontrar novos nichos de mercado. Acredita que a personalização é o caminho para escapar da armadilha dos commodities (mercadoria básica), mas sabe que para alcançar o reconhecimento do cliente precisa também investir na marca individual da empresa. A Nardini acaba de lançar serviço de consultoria gratuita sobre escolha e assentamento dos revestimentos. Outras empresas do pólo, como Incefra, Lineart e Villagrés, igualmente apostam no pós-venda e em serviços. "Fortalecer a marca individual também ajuda a construir a imagem institucional do pólo" -- analisa o consultor Paschoal Giardullio.
A preocupação de Cíntia Nardini em produzir sob medida para o consumidor vai além das fronteiras. Com seis meses de atividades, a Nardini já destina 38% da produção para o mercado externo: África do Sul, Estados Unidos, Canadá, Peru, Colômbia e Serra Leoa. O percentual é animador quando analisado do ponto de vista individual porque o pólo de Santa Gertrudes exporta apenas 1% da produção.
Cíntia cuida pessoalmente da área, assessorada por empresas de comércio exterior localizadas em São Paulo. O mercado externo é apontado por estudiosos do setor como a nova seara a ser conquistada pelo pólo do Interior paulista. Itália e Espanha, os maiores fabricantes mundiais de pisos e revestimentos, exportam respectivamente 70% e 50% da produção. O Brasil participa com apenas 8% -- a maioria de empresas de Santa Catarina. Europeus e brasileiros estão de olho em mercados potenciais e de alto poder aquisitivo como os Estados Unidos, onde a média de consumo per capita de cerâmica de revestimento é de apenas 0,6 metro quadrado/ano, contra sete da Europa e 2,2 do Brasil.
Secos e molhados -- O salto de tecnologia alcançado pelo pólo de Santa Gertrudes está recheado de cenário que mescla regionalidade, globalização e estereótipos criados em torno do processo produtivo. Há dois tipos de fabricação de cerâmica de revestimento: via úmida e via seca. O primeiro utiliza argilas claras misturadas à água para facilitar a moagem e melhorar a homogeneização da massa. No segundo caso as argilas vermelhas vão para a máquina sem qualquer mistura líquida. Durante anos, os pisos e revestimentos com padrão internacional fabricados no Brasil eram majoritariamente feitos pelo processo de via úmida. O cenário começou a mudar quando italianos e espanhóis, também maiores fabricantes de equipamentos e esmaltes para cerâmica, desembarcaram na região de Santa Gertrudes com máquinas de última geração que produziam pisos de alta qualidade por meio da via seca. Os fabricantes europeus elegeram o local para instalar filiais de suas empresas porque se deram conta de que a qualidade da argila na região era até superior à utilizada na Europa.
Os produtores de Santa Gertrudes, acostumados com processos artesanais, quebraram muitos dogmas com a chegada do fornecedor de equipamento internacional. Começaram rapidamente a ganhar mercado porque se apropriaram de processo produtivo mais econômico. Na via seca, a argila vai da prensa direto para o forno. Na via úmida, é preciso evaporar a água utilizada na moagem antes da queima. Resultado: com uma etapa a menos no processo produtivo, o preço final tornou-se mais atrativo.
Os fabricantes de Santa Gertrudes também ganharam importante reforço de estudos acadêmicos que comprovam não existir diferenças técnicas entre os dois processos. As normas internacionais utilizadas para classificar a resistência das cerâmicas não fazem qualquer menção à cor da argila. Utilizam parâmetros como resistência e durabilidade para classificar os pisos. A polêmica ainda é uma pedra no sapato de Santa Gertrudes, fomentada mais pela questão mercadológica do que científica.
A relação universidade/indústria precisa ganhar mais relevância na região. O professor da Universidade Federal de São Carlos Anselmo Boschi reconhece que a instituição de ensino não foi a responsável pelo salto tecnológico do pólo de Santa Gertrudes, mas pegou carona. O Laboratório de Revestimento Cerâmico que ele dirige na UfsCar tem parceria com as empresas do pólo. Ajuda a resolver problemas surgidos na rotina de produção por meio do trabalho dos alunos do ciclo normal e da pós-graduação encaixados em grupos de pesquisas que cumprem atividades extracurriculares.
90% do ICMS -- A importância da atividade cerâmica está dimensionada pelos próprios números. O setor contribui com quase 90% da arrecadação de ICMS de Santa Gertrudes. Com 16 mil habitantes, a cidade também tem a maioria da População Economicamente Ativa empregada nas indústrias de pisos e revestimentos. Mas ceramistas e Poder Público ainda não desenvolveram parcerias formais de cooperação -- nem mesmo uma ETE (Escola Técnica Estadual) com curso de cerâmica. O próprio prefeito João Carlos Vitte, do PSDB, reconhece a inexistência de associativismo. Afirma que está aberto ao diálogo, mas que ainda há dificuldade de entrelaçamento. Acostumada a viver de cerâmica, Santa Gertrudes começa a acordar para a necessidade de diversificação. A Prefeitura trabalha na elaboração de projeto de distrito industrial e pretende colocar 20 alqueires de terra à disposição de empreendedores. Quer atrair indústrias que complementem a cadeia cerâmica, além de serviços especializados. A construção do primeiro hotel de Santa Gertrudes está em fase inicial.
Enquanto o Município que mais produz pisos em todo o Brasil tenta desenhar contornos menos tradicionalistas para a economia doméstica, a vizinha Rio Claro tira proveito do movimento gerado pelas cerâmicas. Sede da microrregião, Rio Claro abastece com comércio e serviços cerca de 300 mil moradores do entorno. É na cidade que se hospedam os profissionais que fazem negócios com as cerâmicas e os executivos que representam os fornecedores internacionais de máquinas e equipamentos. Cerca de 70% da ocupação hoteleira está relacionada com o turismo de negócios. A rede Ibis -- especializada na hospedagem de executivos -- já manifestou intenção de construir unidade no Município.
A Prefeitura de Rio Claro trabalha com política agressiva de atração de investimentos. Em quatro anos incentivou a instalação e ampliação de 71 empresas, 50% das quais ligadas à cadeia produtiva da cerâmica. O distrito industrial de 11 milhões de metros quadrados conta com metade das áreas desocupada. Rio Claro não doa terras e utiliza com cautela a guerra fiscal. "Optamos por enfatizar a infra-estrutura porque queremos que a indústria venha e fique em Rio Claro" -- argumenta o secretário de Desenvolvimento Econômico, Luis Fernando Quilici.
O Proderc (Programa de Desenvolvimento Econômico de Rio Claro) foi concebido com planejamento de longo prazo e está ancorado em lei de incentivos já aprovada pela Câmara Municipal que isenta por três anos os novos empreendimentos dos impostos e taxas municipais. Rio Claro só pôde utilizar a lei porque criou outra que aprova a cobrança de uso do solo das empresas de telecomunicações e gás encanado. Com isso, está ajustado à Lei de Responsabilidade Fiscal. A LRF reza que municípios só podem abrir mão de uma receita se tiverem como compensá-la.
Rio Claro também procura se firmar como pólo exportador, com base em números ascendentes. Os certificados de exportação emitidos pelas indústrias da microrregião registraram evolução de 21,6% de 1999 para 2000. Os valores saltaram de US$ 30,9 milhões para US$ 37,5 milhões. A regional do Ciesp de Rio Claro, que abrange os municípios de Araras, Cordeirópolis Corumbataí, Ipeúna, Itirapina e Santa Gertrudes, trabalhou em parceria com as prefeituras para implantar o Redex (Recinto de Desembaraço de Exportações), há um ano e meio. O Redex está instalado em espaço conhecido como Projeto Nido, onde se localizam também a diretoria do Ciesp, o posto do Sebrae, uma incubadora de empresas e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Rio Claro. "A proximidade cria inúmeras possibilidades de parceria" -- destaca o diretor-titular do Ciesp, Pascoal Leonardo Figueiredo.
O banco de dados do Ciesp de Rio Claro registra 1.280 indústrias na regional. Apesar do foco em cerâmica, a diversificação irradiada pela atividade considerada vocação natural da região é apontada como principal responsável pelo crescimento do índice de empregos. A taxa de contratações formais em abril de 1998 apontava para queda de 8,3%. Em 2001 pulou para 11,2% positivos. A arrecadação regional de ICMS cresceu 77,7% nos últimos cinco anos, enquanto o ISS (Imposto Sobre Serviços) registrou alta de 79,6%.
O pólo cerâmico de Santa Gertrudes é o que mais tem possibilidades de se beneficiar com as políticas de cooperação e inserção no mercado global. Fortemente identificado com a microrregião, precisa encontrar respaldo no próprio quintal para competir em segmento altamente globalizado nos quesitos tendência, design, comercialização e conquista de mercados emergentes.
As características de localização da indústria de revestimento cerâmico brasileira assemelham-se à italiana e à espanhola. A produção nacional também está concentrada em regiões onde o solo fornece argila em abundância. Mas a garantia de matéria-prima à porta não é suficiente para manter a hegemonia do setor nos domínios territoriais de Santa Gertrudes e Criciúma (SC). Num País de extensão territorial como o Brasil, a importância da logística no custo final do produto pode ser fator determinante para o surgimento de novos pólos. A influência do valor do frete no custo final do produto que sai do Interior de São Paulo ou do Sul do País para o Nordeste é ponto que não pode ser descartado pelos fabricantes.
A CBPM (Companhia Baiana de Pesquisas Minerais), órgão do governo estadual, trabalha na prospecção de jazidas para fomentar a atividade cerâmica naquele Estado do Nordeste. "A Bahia é forte candidata a pólo cerâmico" -- confirma o consultor Celso Monteiro de Carvalho. Não por acaso, Salvador foi palco no ano passado da 3ª Expocermin (Exposição de Equipamentos para Cerâmica) e do 9º Encontro de Mineradores e Consumidores, patrocinados pela Associação Brasileira de Cerâmica.
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