Para obter eficiência nas doações à comunidade carente, um grupo de empresas de Diadema decidiu montar espécie de ISO 9000 do terceiro setor. O IDD (Instituto de Desenvolvimento de Diadema) começa a selecionar projetos para otimizar os investimentos sociais e vencer as resistências do empresariado em destinar recursos para instituições desconhecidas. O objetivo é que a ação solidária não termine com a simples assinatura de um cheque, mas que o ato de doação seja o começo de um relacionamento duradouro.
A ISO 9000 da solidariedade será implantada com o projeto Amigo Real. Para cada funcionário, a empresa deve doar R$ 1 ao fundo financeiro do IDD. A proposta está sendo lapidada, principalmente para definir onde o dinheiro vai ser aplicado, embora os empresários que participam do instituto já tenham começado a doar recursos. Para valorizar o investimento, o IDD firmou parceria com outra instituição, o Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), organização sem fins lucrativos voltada a dar apoio técnico a empresas que queiram inovar em ações estratégicas. "Muitas vezes as empresas deixam de contribuir porque não conhecem as instituições. Essas entidades devem ter contabilidade e projetos para atrair investidores" -- explica Paulo Oliveira, gerente de novos negócios da Dana Industrial e presidente do conselho executivo do IDD. Além da Dana, o instituto conta com participação de outras seis empresas de porte na cidade: Kentinha, Autometal, Papaiz, Brasmetal, Tirreno e Echin do Brasil.
O próximo passo do projeto Amigo Real é definir critérios para selecionar as entidades que receberão os recursos. Paulo Oliveira conta que a direção do IDD vai começar a ouvir as próprias instituições beneficentes para estabelecer os parâmetros. "Nossa preocupação é saber onde os recursos serão colocados e se vai haver algum retorno social. É assim que funciona a cabeça do empresário" -- afirma o diretor do IDD. Contabilidade em dia, metas claras e factíveis, além da transparência, são quesitos que devem constar dos critérios seletivos.
Incubadora social -- A idéia é tratar as instituições como as microempresas que iniciam atividades em incubadoras de empresas: com orientações e consultorias. Paulo Oliveira prevê que a partir do primeiro trimestre de 2003 o IDD inicie a fase de incubação dos projetos sociais selecionados. "Queremos ajudar entidades que estão em estágio inicial a chegar a patamar semelhante ao da Comunidade Inamar, que hoje é conhecida até no Exterior" -- explica o diretor do IDD. A transparência será quesito fundamental também para que os projetos sejam acompanhados pelo IDD. "O dinheiro será liberado após o cumprimento de cada etapa do projeto" -- garante Paulo Oliveira. Para o diretor do IDD, trata-se de priorizar onde serão colocados os recursos, pois as demandas sociais em Diadema são muito maiores do que a capacidade de ajuda das corporações voluntárias.
O Amigo Real é o primeiro trabalho do IDD e que tem a função de consolidar o instituto, principalmente entre empresários. "Numa segunda fase queremos envolver a comunidade civil" -- adianta Paulo Oliveira. Prefeitura de Diadema e as representações locais do Sesi (Serviço Social da Indústria) e Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) já participam das reuniões do IDD, que procura agora montar um banco de dados sobre todos os aspectos sociais do Município, a ser atualizado constantemente. "Não podemos imaginar que só o governo local, os empresários ou as entidades sociais vão resolver isoladamente os problemas" -- alerta Paulo Oliveira.
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