Está agendada para dezembro próximo exposição da linha de móveis que o Grande ABC pretende exportar com sua marca. São os primeiros resultados do consórcio MóvelAção, impulsionado pelo Sebrae São Bernardo (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) e Sindicato dos Moveleiros da região. Mesas, camas, cadeiras e armários deram vida ao projeto que enfrenta agora a segunda e decisiva etapa: a conquista do mercado externo. Além da exposição, o consórcio vai produzir catálogo para divulgação junto a especialistas em comércio exterior na tentativa de viabilizar negócios em novos mercados. As duas iniciativas são uma espécie de aquecimento antes de acelerar as vendas rumo ao mercado internacional. A diversificação dos negócios é vista como essencial no momento em que a concorrência no segmento se torna mais acirrada.
Móveis modulares para salas, dormitórios ou escritórios em estilo contemporâneo passarão por teste decisivo a partir da exibição no Shopping SBC Móveis, em São Bernardo. As peças são a primeira experiência de se produzir um design próprio da indústria moveleira do Grande ABC voltada à exportação. "Temos que apresentar o projeto ao mercado para perceber a reação" -- afirma Silvana Pompermayer, gerente do Sebrae São Bernardo que acompanha pessoalmente, desde o ano passado, a confecção dos protótipos. A indústria moveleira da região baseia sua produção em móveis quase sob medida, personalizados. Se por um lado têm mercado garantido, por outro apresentam dificuldade com a diversidade de projetos e componentes, o que acaba aumentando os custos para as empresas, basicamente de pequeno porte.
O consórcio exportador reuniu no início 10 empresas da região para produzir a linha completa do MóvelAção. Cinco foram até o fim e contrataram inclusive designers para fazer a ambientação dos móveis em estandes na exposição. Silvana Pompermayer acredita que o público que vai à exposição de dezembro é formado por clientes exigentes que podem dar parâmetros às empresas. Outra referência importante são os traders, especialistas em comércio exterior, convidados a visitar a feira mas que também receberão os catálogos com a linha completa do MóvelAção. "Não existe cultura de exportação nesse setor e nem mesmo um design próprio. O MóvelAção pretende ajudar a resolver essas duas deficiências" -- explica a gerente do Sebrae.
No desenvolvimento da linha de móveis made in Grande ABC o consórcio contou com apoio técnico do Disque Tecnologia da USP (Universidade de São Paulo), que preparou os projetos executivos de cada peça de mobília. Os projetos são o que pode ser considerado como a primeira criação do estilo Grande ABC de mobiliário moderno. As peças são todas modulares, para permitir a composição em diferentes ambientes. Serão comercializadas desmontadas para baratear o transporte. "A tendência do mercado internacional é de produção de móveis modulares" -- observa Silvana Pompermayer. O MóvelAção exigiu R$ 128 mil em investimentos, 70% custeados pelo Sebrae/Finep e 30% pelas empresas. Compõem o consórcio a Dailan, R&C, Tirmis, Tutti Belli e San Marcelo.
Competição -- A gerente do Sebrae São Bernardo ressalta que o projeto para exportação deve representar uma complementação à produção de quem participa do MóvelAção. "São pequenas empresas que ainda não têm estrutura para voltar toda a produção ao mercado externo. Deve haver equilíbrio ou uma complementação das vendas para o mercado interno" -- recomenda Silvana. A via da exportação nada mais é do que a busca de novos mercados num segmento cada vez mais competitivo e que conta com novos e dinâmicos pólos moveleiros em Votuporanga, no Interior de São Paulo, e em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. "Com a globalização, muitas empresas de fora estão entrando no nosso mercado. Empresas do Rio Grande do Sul, por exemplo, já estão até com franquias em São Paulo" -- afirma Silvana Pompermayer.
Para o Sebrae, uma iniciativa que poderia reforçar o poder de fogo da indústria moveleira do Grande ABC seria a criação de um centro de capacitação de mão-de-obra e elaboração de tecnologia -- o antigo sonho do Centro A&D (Apoio e Difusão). Ela cita como exemplo a inauguração no início de 2003 de um centro de capacitação técnica em Itatiba, outra cidade do Interior de São Paulo que disputa o mercado.
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