O jornalista Daniel Lima, diretor de LivreMercado e editor da newsletter Capital Social OnLine, prepara novo livro. Meias Verdades — Como Usar a Mídia Para Vender Ilusão será lançado proposital e irreverentemente no Dia da Mentira, 1º de abril, em local ainda em definição. A receita líquida da obra, comercializada pela agência de publicidade Fórmula Ideal, será revertida ao conjunto de 19 entidades assistenciais que compõem o projeto Nossas Madres Terezas, idealizado por LM. A auditoria e consultoria ASPR, que também atua no Prêmio Desempenho, analisará a planilha de prestação de contas, cujas cópias serão enviadas aos patrocinadores. Simone Sales Duarte, Reinaldo Feurhuber e Aline França, sob o co-mando de Luis Car-los Lozano, da Fórmula Ideal, preparam a capa da obra.
Daniel Lima escreveu no ano passado o livro Complexo de Gata Borralheira, lançado na noite de 16 de abril num Teatro Municipal de Santo André completamente lotado para acompanhar inédita leitura dramática. Foi uma homenagem póstuma ao prefeito assassinado Celso Daniel, que aniversaria nessa data. A tiragem de 10 mil exemplares de Gata Borralheira, distribuída gratuitamente por conta de apoio de empresas patrocinadoras, já está esgotada.
A perspectiva do jornalista é de que Meias Verdades reunirá volume equivalente ao de Complexo de Gata Borralheira, isto é, por volta de 150 páginas ou perto de 150 mil caracteres. “Estou escrevendo nos finais de semana. Tive contratempos, como a inadvertida reposição do material de pesquisa às pastas de arquivo antes de utilizá-lo integralmente, por isso estou vasculhando para reencontrá-lo. Mas nada disso impedirá o trabalho” — garante o jornalista, minucioso leitor e colecionador da produção jornalística de vários dos principais veículos impressos de São Paulo. “São 800 pastas recheadas de material. Calculo que conto com pelo menos 50 mil páginas arquivadas sobre os temas mais importantes com que deveria lidar quem está no setor de comunicação. A prática de consulta às informações passadas é vexatória e ajuda a explicar a retroalimentação dos erros sobre os quais me ocupo na obra. O jornalismo está permanentemente premido pelo dia-a-dia e se esquece da importância do ontem para explicar o hoje e o amanhã” — afirma.
Foi praticamente ocasional a decisão de escrever um livro que, afirma, desnudará travessuras deliberadas e induzidas da mídia impressa. Daniel Lima explica que pretendia descartar as páginas de arquivo superadas por informações mais atuais sobre diferentes assuntos quando se deparou com o que chama de imprecisões e pouca cautela dos veículos de comunicação.
O jornalista garante que o livro vai incomodar muita gente. “Um dos crimes mais imperfeitos da mídia é imaginar que as bobagens, os escorregões, os interesses difusos, os interesses escusos, os interesses confusos, próprios e das fontes de informação, serão enterrados na vala comum de um País que simplesmente não tem memória. Talvez essas mídias tivessem razão, não fosse o estalo para juntar o útil ao agradável, isto é, limpar os arquivos sem jogar fora as provas provadas de que a mídia tem um grau de comprometimento com a imprecisão, com as pressões e com o despreparo, que, escancarado, contribuirá para a melhoria do conteúdo jornalístico. Quem sabe os chefes de redação deixem de lado as preciosidades ortográficas que causam até demissões e invistam mais na qualidade da informação” — acredita.
O diretor editorial de LivreMercado não tem dúvidas de que Meias Verdades vai incomodar muitos profissionais, inclusive alguns estrelados da mídia nacional. “A obra será direcionada especialmente a estudantes de economia e jornalismo, além de profissionais de redação, atingidos em cheio pela industrialização da informação. O jornalismo diário se transformou numa máquina de produção. Jornalistas cometem insanidades e se transformam em massa de manipulações das mais variadas fontes de informação” — denuncia.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)