A edição de janeiro de 1999 da revista LivreMercado segue na pauta de CapitalSocial. Nessa nova jornada de captura e exposição do melhor jornalismo regional do País, proporcionado por LivreMercado durante duas décadas de circulação no Grande ABC, pinçamos mais quatro matérias daquele primeiro mês de duas décadas atrás. Um dos destaques é uma reportagem com o então chefão da General Motors no Brasil, André Beer. Ele fala sobre guerra fiscal que impactava diretamente a economia do Grande ABC.
Mas há outras atrações, conforme pode ser testado no que se segue. Um perfil da Coop-Cooperhodia, em fase de transição para apenas “Coop”, mostra a vitalidade dessa organização de varejo, um dos ícones da economia do Grande ABC.
Outras duas matérias de peso tratam de competitividade econômica e de desenvolvimento social. LivreMercado era uma revista à frente do tempo: concebida para decifrar a economia do Grande ABC em tempos de globalização, enveredou por caminhos mais abrangentes – o conjunto da sociedade em suas variadas inquietações.
Primeira matéria
A transferência de empresas para outras regiões é inevitável e só pode ser revertida com estímulos similares nos locais em que estiverem instaladas. Mas não se pode confundir incentivos de ordem fiscal e tributária, bem como empréstimos concedidos, com subsídios pura e simplesmente. A diferença é que o Estado que atrai um investimento até aquele momento não vinha arrecadando qualquer tributo. Por isso, o incentivo torna-se temporário, já que, quando o período do incentivo termina o Estado passa a arrecadar os tributos totalmente. Ainda assim, esses benefícios precisam compensar plenamente as desvantagens competitivas. No caso específico do Grande ABC, e especialmente no setor automobilístico, os custos da mão-de-obra são praticamente o dobro daqueles praticados em Betim, Minas Gerais. O vice-presidente executivo da General Motors do Brasil, André Beer, apresentou dessa forma sua versão sobre a guerra fiscal no Brasil, que atinge diretamente o Grande ABC e o Estado de São Paulo.
05/01/1999 - Incentivo não é subsídio, diz Beer
Segunda matéria
Que empresa teria a ousadia de acrescentar aos custos com a folha de pagamentos benefícios semelhantes aos das decantadas montadoras de veículos da região? É possível uma organização com sede no Grande ABC que, sem sofrer pressões sindicais e mesmo comprimida pela concorrência de grandes organizações nacionais e internacionais, resolva estender aos contracheques dos funcionários vantagens adicionais das grandes corporações industriais? A Coop-Cooperhodia, maior cooperativa de consumo popular da América Latina, é a resposta para essa dupla indagação. Nem a estreitíssima margem de lucro (no caso, de reinvestimentos) de 1,5% a 2% inibe a atuação social da empresa, que direciona 1,5% do total de 7% dos custos da mão-de-obra a benefícios voluntários.
05/01/1999 - Funcionário bem tratado rende mais
Terceira matéria
O P de produção que patrocinou fartas dinastias econômicas no Grande ABC pode ser tomado novamente emprestado para a tripla receita prescrita pela Unicamp (Universidade de Campinas) para revitalizar a região: proximidade, pioneirismo e pré-disposição. Depois de estudar as três vigas de sustentação da economia local, representadas pelos petroquímicos-plásticos, montadoras-autopeças e indústria moveleira, a Unicamp concluiu que essa trinca de Pês joga a favor da região, o primeiro dos quais já consolidado pela posição geográfica do Grande ABC no epicentro do maior polo consumidor do País, a Região Metropolitana de São Paulo. As duas outras potenciais competências precisam ser conquistadas, mas o passado de empreendedorismo na região se incumbiria de respaldar novas ações, acredita a pesquisadora e professora Maria Carolina de Souza.
05/01/1999 - Três Pês para salvar o futuro
Quarta matéria
Uma das organizações não-governamentais mais respeitadas do mundo, com múltiplas atividades assistenciais no Brasil e no Exterior, a Legião da Boa Vontade desempenha admirável papel social também no Grande ABC. Do Centro Comunitário de Santo André, casarão de 1,5 mil metros quadrados na Avenida Dom Pedro II onde está instalada desde janeiro de 1998, jorram exemplos de cidadania e sensibilidade social implementados por equipe de 109 voluntários e 10 funcionários. Com o balanço anual fechado, a LBV regional contabilizou mais de 63 mil atendimentos em 1998 por intermédio de programas e de ações em saúde e educação voltados especificamente aos mais carentes, que ocupam a base da pirâmide social. Um avanço significativo em relação aos 47.754 atendimentos contabilizados no ano anterior, quando ocupava espaço físico mais modesto e com recursos mais limitados. Enfim, a LBV é tábua de salvação para milhares de pessoas num País e numa região onde o naufrágio social é duplamente asfixiante para os excluídos, porque a falta de renda para participar das benesses da economia de mercado está macabramente combinada com o reconhecido abandono de governos incompetentes para prover o mínimo necessário.
05/01/1999 - Tudo em nome da solidariedade
Total de 1884 matérias | Página 1
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