Dois anos após adquirir o patrimônio de Paranapiacaba, a Prefeitura de Santo André dá mais um passo para percorrer o complicado caminho de inserção da Vila entre os principais roteiros turísticos do País. Até meados de 2004, cinco grandes obras de restauro devem tirar a monocromia do exuberante cenário arquitetônico inglês que compõe o povoado fundado em 1867. A recuperação do Mercado Municipal, do Lyra Serrano, da Casa Fox, do Castelinho e do Centro de Visitantes vai consumir R$ 1,7 milhão e acrescenta a imprescindível nuance de beleza ao difícil trabalho de atração de turistas para um destino ferroviário onde não é possível chegar por meio de trens.
O cronograma de obras é mais um vagão puxado pela locomotiva do festival de Inverno e que, por enquanto, traz anexo os empreendimentos caseiros da população local destinados a recepcionar os visitantes. Enquanto aguarda o interesse da iniciativa privada pela efetiva exploração turística da Vila, a prefeitura tenta sinalizar que investir em Paranapiacaba é um bom negocio. “Se não houver cuidado com o patrimônio, a Vila acaba. E sem Vila, não tem turista” – simplifica o prefeito de Santo André, João Avamileno.
A primeira das obras de restauro acaba de ser concluída. O imóvel batizado de Casa Fox foi recuperado com verba de US$ 50 mil do WMF (World Monument Fund) para transformar-se em centro de memória da Vila. O local vai expor o histórico da política de preservação das áreas de mananciais de Santo André, além de informações sobre materiais e processos utilizados na restauração da própria Casa Fox. O WMF também liberou US$ 100 mil para recuperação do Castelinho. A antiga residência do engenheiro-chefe da estrada de ferro é um dos marcos da Vila e deve abrigar um museu permanente.
“Somos um dos únicos locais duas vezes escolhidos pelo WMF. Isso mostra a importância histórica da Vila e confere credibilidade ao nosso trabalho” – anima-se o subprefeito João Ricardo Caetano. As outras três obras de restauro vão utilizar recursos da própria Prefeitura, além de valor que está em negociação com a Petrobras. A administração pública investe R$ 300 mil para dar ares de centro de exposição ao antigo mercado da Vila. Já a empresa petrolífera deve destinar R$ 950 mil para melhorias no Centro de Visitantes e no União Lyra Serrano, um clube centenário que deu origem ao futebol no Grande ABC. A Prefeitura também iniciou estudos de prospecção para chegar às cores pastéis originais de 40 imóveis, hoje de uso público ou já destinados a empreendimentos.
Olha o trem – Enquanto aguarda que o processo de embelezamento esteja concluído até julho – época da quarta edição do Festival de Inverno --, a Prefeitura trabalha para a implantação do trem turístico. A idéia inicial era oferecer a empreitada à inciativa privada, mas o Município decidiu bancar os custos iniciais estimados em R$ 6 mil por viagem até que o trajeto desperte o interesse de empreendedores. O projeto prevê fretar uma composição da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que seria puxada por uma locomotiva à diesel da MRS Logística, concessionária da linha férrea no trecho de Paranapiacaba. Paranapiacaba está sem trens desde novembro de 2002, quando a CPTM desativou o transporte de passageiros por considerar o trecho deficitário.
Mesmo sem o apelo do trem, as pousadas, os bed and breakfast e os ateliês montados por moradores continuam na expectativa da chegada de empreendedores maiores, capazes de consolidar a rede de serviços. Há três licitações abertas: duas para pousadas e uma para um café cultural. Em julho último foi inaugurado o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba, alternativa de entretenimento permanente e considerada importante chamariz para atrair público fora dos eventos pré-agendados.
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