O salário médio das prefeituras é maior que o salário médio da indústria em 14 dos 20 municípios que integram o G-22. Os números referem-se ao balanço geral do Ministério do Trabalho de 2017, o mais atualizado pelo governo federal. A contabilidade só leva em consideração os salários dos funcionários na ativa. Do Grande ABC, que participa com cinco dos municípios, em São Bernardo e Mauá o salário médio da indústria é superior ao das prefeituras.
O G-22 conta com a participação dos 20 maiores municípios do Estado de São Paulo, acrescido de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que completam a representação do Grande ABC. A Capital do Estado não integra a lista porque distorceria os resultados em razão da grandiosidade econômica. A cidade de São Paulo equivale praticamente à soma dos 22 municípios do agrupamento organizado por este jornalista.
Mundos distintos
A tabela que preparamos logo abaixo evidencia diferenças entre os dois mundos econômicos do G-22. Os salários dos servidores públicos municipais são largamente maiores que os salários dos trabalhadores industriais em pelo menos oito endereços. Há larga diferença a separá-los.
A maior está registrada em São José dos Campos, último colocado na média salarial do setor industrial entre os 22 integrantes da lista. O salário médio dos servidores públicos municipais é 52,20% maior em relação ao que recebem os trabalhadores industriais. Mas há outros casos. Em Santos a diferença é de 44,08%, em Ribeirão Preto 59,58%, em Mogi das Cruzes 39,53%, em Campinas 48,83%, em Sorocaba 35,27%. Esses municípios poderiam ser listados como integrantes do clube dos municípios que privilegiam mais intensamente os servidores públicos.
Bloco dos resistentes
Vários municípios têm vantagem de assalariamento médio menos contrastante em relação ao setor industrial. Em São Caetano os servidores públicos recebem em média 15,24% mais que os trabalhadores industriais, em Santo André são 9,54%, em São José dos Campos 10,43% e em Paulínia 16,41%.
Um terceiro pelotão é formado por oito municípios cujos salários na indústria são em média maiores que os salários de servidores públicos, casos de Sumaré, São Bernardo, Taubaté, Barueri, Mauá, Osasco, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Se fossem considerados separadamente os rankings de vencimentos médios na indústria e na Administração Pública Municipal o resultado não seguiria simetria. Não faltam municípios cujos salários médios de qualquer uma das duas atividades não se repetem hierarquicamente em relação aos demais.
O caso de São José do Rio Preto é simbólico dessa defasagem. No ranking de salário industrial, ocupa a última posição com média de R$ 2.405,19, enquanto no ranking dos servidores públicos os R$ 5.032,51 é bastante superior a vários integrantes do G-22, inclusive São Bernardo, com R$ 4.018,71, embora o Município do Grande ABC ocupe a quarta posição no ranking do setor industrial.
Fica expresso no caso de São José do Rio Preto que o assalariamento médio do setor público municipal está em profundo descompasso com o setor mais produtivo de uma sociedade, a indústria de transformação.
Paulínia no topo
Paulínia, polo químico-petroquímico na Região Metropolitana de Campinas, simboliza outro modelo de confronto, desta vez mais coerente com a riqueza gerada. O salário médio industrial em dezembro de 2017 era de R$ 6.961,61, o maior do G-22. E o salário médio dos servidores públicos, de R$ 8.328,39, também ocupava a liderança.
A segunda melhor média de salário de servidores municipais é registrada por Campinas, com R$ 8.253,28; portanto pouco abaixo de Paulínia. Mas no ranking de salário médio industrial ocupa a nona colocação, com R$ 4.223,61. Ou seja: enquanto em Paulínia o salário médio dos servidores é apenas 16,41% superior ao dos industriários, em Campinas a vantagem é de 48,83%.
A distância que separa os vencimentos médios dos trabalhadores industriais de São Bernardo em confronto com os servidores municipais não é alarmante e consolida a importância das atividades produtivas na Capital Econômica do Grande ABC. São 31,18% de vantagem: o salário médio industrial é de R$ 5.839,72, contra R$ 4.018,71 dos funcionários públicos na ativa. Mas a quarta posição no ranking geral da indústria de São Bernardo no G-22 não tem semelhante correspondência no ranking de assalariamento médio dos servidores, no qual cai para a 14ª posição.
Cultura socialista
Em Diadema a situação é inversa: no ranking de salário médio industrial a 14ª posição decorre da média de R$ 3.638,23, enquanto no ranking dos servidores, o valor médio de salários de R$ 5.390,98, corresponde ao oitavo lugar. Os servidores de Diadema ganham mais relativamente aos demais profissionais do setor no Grande ABC porque se trata de uma construção histórica, a partir de 1982, quando Gilson Menezes virou o primeiro prefeito do PT no Brasil. Na sequência, outros prefeitos de centro-esquerda ocuparam o gabinete do Paço Municipal. O conservador Lauro Michels interrompeu o processo em 2012.
Santo André é um dos casos de certo equilíbrio entre os vencimentos médios dos trabalhadores das duas áreas: ocupa a 10ª posição no ranking dos assalariados industriais e o 12º entre os servidores públicos. O salário médio de R$ 4.154,23 na indústria é levemente inferior ao R$ 4.592,38 da Administração Municipal.
No quadro abaixo, apresentamos a hierarquia inicial segue a média salarial dos trabalhadores do setor industrial em 2017. Na segunda coluna temos os valores médios dos salários do funcionalismo público. E, em seguida, em termos percentuais, a vantagem de quem paga mais em cada Município em relação à outra atividade comparativa. Em negrito estão os municípios que pagam média salarial maior para o setor industrial.
1. Paulínia – R$ 6.961,62 e R$ 8.328,39; 16,41%
2. São José dos Campos – R$ 6.476,88 e R$ 7.231,21; 10,43%
3. Sumaré – R$ 5.959,49 e R$ 3.793,39; 36,34%
4. São Bernardo – R$ 5.839,72 e R$ 4.018,71; 31,18%
5. Taubaté – R$ 5.172,32 e R$ 4.360,24; 15,70%
6. Jundiaí – R$ 4.337,90 e R$ 6.110,97; 29,01%
7. Sorocaba – R$ 4.281,53 e R$ 6.614,44; 35,27%
8. Barueri – R$ 4.260,92 e R$ 4.076,24; 4,33%
9. Campinas – R$ 4.223,61 e R$ 8.253,28; 48,83
10. Santo André – R$ 4.154,23 e R$ 4.592,38; 9,54%
11. Piracicaba – R$ 4.012,08 e R$ 4.958,26; 19,09%
12. Mauá – R$ 4.007,27 e R$ 3.123,60; 22,04%
13. Guarulhos – R$ 3.910,19 e R$ 5.003,53; 21,86
14. Osasco – R$ 3.903,38 e R$ 3.110,58; 27,60%
15. Diadema – R$ 3.638,23 e R$ 5.390,98; 32,56%
16. Mogi das Cruzes – R$ 3.321,29 e R$ 5.492,81; 39,53%
17. Ribeirão Pires – R$ 2.992,87 e R$ 2.584,09; 13,66%
18. São Caetano – R$ 2.869,89 e R$ 3.836,86; 15,24
19. Ribeirão Preto – R$ 2.786,41 e R$ 6.893,66; 59,58%
20. Rio Grande da Serra – R$ 2.665,69 e R$ 2.091,10; 21,55%
21. Santos – R$ 2.630,46 e R$ 4.703,62; 44,08%
22. São José do Rio Preto – R$ 2.405,19 e R$ 5.032,51; 52,20%
Total de 1894 matérias | Página 1
21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?