Essa é uma convocação à curiosidade dos leitores. Saiam do muro de acomodação lubrificado pelas mídias sociais e saltem para um terreno mais fértil, de conhecimento com valor agregado. O que apresento em seguida são dois modelos antagônicos de pensamento sobre a prática de jornalismo que tem tudo a ver com o momento de ebulição do Brasil contemporâneo. O que quero saber dos leitores é a seguinte resposta: qual dos dois recortes prefere?
A pergunta parece simplória, mas é muito, mas muito mais profunda do que se imagina. Mais que isso. Como se de repente me metesse num conto de Agatha Christie, reservo para o final uma grande surpresa. Grandíssima surpresa.
Ou seja: se os leitores não se mobilizarem pela curiosidade por conhecimento ao invés de informação rasa em abundância nas plataformas tecnológicas, então que sejam atraídos pelo impacto do resultado final de duas exposições de modelos jornalísticos, de pensamento distinto sobre jornalismo profissional.
Para que os leitores compreendam onde pretendo chegar, e, mais que isso, que sejam surpreendidos pelo desfecho, vou escalonar trechos de ideias tão contrastantes atribuindo identificações numerais. Em seguida, para que não paire dúvida sobre a integridade dos dois textos, reproduzo-os integralmente.
Então, para começar, ofereço uma síntese do que será apresentado em seguida de forma completa, também escalonada. Combinado? Prestes os leitores atenção se quiserem ganhar o dia com esse imperdível case de jornalismo. Vamos começar a brincadeira?
Jornalista 1 -- Muito se diz que sem imprensa livre não há democracia, mas será que a nossa imprensa, hoje, está à altura dos desafios que pesam sobre a nossa democracia? Jornalistas deveriam fazer-se essa pergunta diariamente. Aliás, essa pergunta deveria ser afixada, em letras de mármore, em néon, em reluzentes letras garrafais, nas paredes de todas as redações. Em corpo menor, logo abaixo, poderiam vir outras indagações.
Jornalista 2 -- Qualquer que seja o mandatário, sempre haverá os que nele veem luzes, mesmo que pálidas. Quem quer que se instale na cadeira e lance mão da caneta – cujo tamanho e cuja potência excitam imaginações despreparadas – contará com amigos a granel dispersos em editorias triviais ou exóticas.
Jornalista 1 -- A imprensa tem sido capaz de esclarecer os pontos que interessam no debate eleitoral? Ela investiga, escuta, apura e checa as propostas de cada candidato com independência e honestidade? Ela compara? Ela ajuda o eleitor a comparar? (...) E aqui chegamos ao ponto. Essas respostas serão mais (ou menos) positivas quanto mais (ou menos) cada redação cultivar o valor do pluralismo.
Jornalista 2 – (...) Jornalistas que reportem méritos no governante de turno não ferem os fundamentos da democracia. Além disso, podem estar buscando uma relação privilegiada com as fontes do Planalto. Autoridades adoram elogios, mesmo que moderados, e, quando satisfeitas, retribuem entrevistas exclusivas no lugar de palavrões. (...). Em suma, além de legítimo, é relativamente fácil explorar um viés quiçá positivo no meio das tragédias em curso.
Jornalista 1 -- A palavra anda em desuso, é verdade, mas sem pluralismo não há democracia – e muito menos imprensa. (...). Uma opinião que precisa silenciar outra para se afirmar corrói a si mesma. Já temos história suficiente para saber que o vício da intolerância não consegue apagar o intolerado – apenas desacredita o intolerante. É ele, não sua vítima, que perde autoridade.
Jornalista 2 – (...). Agora vamos ao que mais importa. Tirando a previsibilidade e a legitimidade desse tipo de atitude, a quem ajuda um jornalismo que busque angulações favoráveis ao governo? “Jornalismo a favor” – isso interessa para a opinião pública?
Jornalista 1 -- Enquanto o poder autoritário se fortalece à medida que suprime a discordância, a imprensa livre se fortalece apenas quando alimenta o dissenso, a diversidade. Se no totalitarismo as discordâncias não têm lugar, na imprensa livre o que não cai bem são os ideários monolíticos, inflexíveis.
Jornalista 2 – (...). Tentemos conjecturar como seria a cobertura completa das boas notícias da aviação. Se fizermos essa tentativa, logo veremos que teríamos uma enorme dificuldade de escala, uma vez que são deveras numerosas as viagens aéreas que chegam normalmente ao seu destino.
Jornalista 1 -- É por isso que liberdade de imprensa é sinônimo de imprensa com liberdade. Ou não é liberdade de imprensa. Instalada no poder, a intolerância põe em risco a democracia. Instalada na imprensa, põe em risco a própria imprensa. É suicídio. (...). Quem sabe ouvir os divergentes – sobretudo se não concorda com eles – ganha pontos no placar da credibilidade e na condição legítima de mediar o debate público. Uma publicação em que o contraditório não se acomoda bem é uma publicação que não se acomoda bem na sociedade pluralista.
Jornalista 2 -- Por aí aprenderíamos, instantaneamente, que o nosso hipotético “jornalismo a favor” tem um problema de escala simplesmente insolúvel. E esse nem seria o maior problema. (...) . As sociedades democráticas inventaram jornalismo não para se deleitar com relatos das coisas que aconteceram conforme o esperado, mas para saber, e rápido, do que deu errado. Notícia é o que fugiu do script. Notícia é o avião que cai. Notícia é o que o poder tenta esconder. É chato, é desagradável, é antipático, mas é o que é.
Jornalista 1 – (...) Mas, de todo modo, hoje boa parte dos problemas graves da imprensa brasileira tem que ver com esta palavra em desuso: pluralismo.
Jornalista 2 – (...). Será missão da imprensa reportar as boas ações de ministros? Você pagaria a sua assinatura de jornal para ler os nomes de todos os professores de todas as aulas que começaram e terminaram no horário devido em todas as escolas públicas do País? (...) Imprensa só é útil quando aponta indícios de ilícitos e condutas estranhas. Só ajuda quando incomoda quem manda. O melhor que podemos esperar de um jornal é que ele seja o pior pesadelo na rotina de um governante. (...) Jornalistas fortalecem a democracia quando se esmeram no ceticismo – e são verdadeiramente brilhantes quando reconhecem de longe (por mais perto que ocasionalmente estejam) o governante que quer encantoar a liberdade de imprensa para enfraquecer a democracia.
Agora, textos completos
Agora, na sequência, sempre com a mesma identificação autoral, repasso os dois textos completos. Na sequência, se prepare porque vem bomba.
Jornalista 1
Os recentes ataques contra os jornais disparados dos mais altos gabinetes da República – ataques devidamente rechaçados por jornalistas e empresas de comunicação – talvez nos façam perder de vista que há, sim, problemas graves na imprensa brasileira. É natural que, sob agressão de autoridades, editores e repórteres se unam para se defender e reafirmar sua liberdade. É natural, compreensível e até mesmo necessário. Isso não significa, porém, que os órgãos de imprensa não estejam, permanentemente, sob exame implacável – não do poder, mas do público. E que não tenham defeitos. Todos os dias o trabalho dos jornalistas passa pelo crivo da sociedade, que os julga sem coleguismo nem condescendência. Todos os dias surgem sinais de desconfiança, aqui e ali. Prestemos atenção a isso. Muito se diz que sem imprensa livre não há democracia, mas será que a nossa imprensa, hoje, está à altura dos desafios que pesam sobre a nossa democracia? Jornalistas deveriam fazer-se essa pergunta diariamente. Principalmente agora, quando caminhamos para o segundo turno. Aliás, essa pergunta deveria ser afixada, em letras de mármore, em néon, em reluzentes letras garrafais, nas paredes de todas as redações. Em corpo menor, logo abaixo, poderiam vir outras indagações.
Jornalista 2
À medida que o governo federal sobrevive a si próprio, normalizando o que era impensável, vozes a favor se desinibem em algumas redações jornalísticas. Alegam que os “pontos positivos” do novo poder também precisam ser noticiados. Até aí, nada de tão grave. Ninguém em sã consciência vai propor que a reportagem esconda fatos nos quais o governo se saia bem. Sendo assim, devemos receber com naturalidade o coro contente que começa a se soltar. Estamos dentro do esperado. Era previsível. Qualquer que seja o mandatário, sempre haverá os que nele veem luzes, mesmo que pálidas. Quem quer que se instale na cadeira e lance mão da caneta – cujo tamanho e cuja potência excitam imaginações despreparadas – contará com amigos a granel dispersos em editorias triviais ou exóticas.
Jornalista 1
A imprensa tem sido capaz de esclarecer os pontos que interessam no debate eleitoral? Ela investiga, escuta, apura e checa as propostas de cada candidato com independência e honestidade? Ela compara? Ela ajuda o eleitor a comparar? Ela está a serviço de que o cidadão forme livremente o seu ponto de vista ou se move apenas com o propósito de doutriná-lo a favor de um ou outro lado? Quando assumem uma posição, as publicações deixam claras as razões que as levaram a isso? Ou apenas disfarçam de informação objetiva as suas opiniões subjetivas? Lendo o noticiário, os artigos de opinião e os editoriais, o cidadão percebe que há boa-fé ou pressente agendas ocultas, não declaradas, que o deixam inseguro e desconfortável? O diagnóstico da qualidade editorial de cada órgão de imprensa depende, entre outras, das respostas que se seguem a cada uma dessas interrogações. E aqui chegamos ao ponto. Essas respostas serão mais (ou menos) positivas quanto mais (ou menos) cada redação cultivar o valor do pluralismo.
Jornalista 2
Além de previsível, o diapasão desse otimismo localizado é também legítimo. Jornalistas que reportem méritos no governante de turno não ferem os fundamentos da democracia. Além disso, podem estar buscando uma relação privilegiada com as fontes do Planalto. Autoridades adoram elogios, mesmo que moderados, e, quando satisfeitas, retribuem entrevistas exclusivas no lugar de palavrões. Há que levar em conta, ainda, que garimpar e difundir notícias edificantes sobre a cúpula do Executivo não é o mesmo que contar mentiras. Com efeito, há um lado bom em tudo nesta vida: nos amores que acabam, no diagnóstico de câncer, no caráter do Neymar e, por que não no presidente da República? Em suma, além de legítimo, é relativamente fácil explorar um viés quiçá positivo no meio das tragédias em curso.
Jornalista 1
A palavra anda em desuso, é verdade, mas sem pluralismo não há democracia – e muito menos imprensa. Por certo, nenhum jornal pode assumir o dever de publicar igualmente todas as opiniões e todos os pontos de vista de todas as pessoas. Isso seria loucura – ou hipocrisia. Uma fórmula editorial é sempre um corte, uma escolha arbitrária, e não há nada de errado nisso. Porém, mesmo dentro do seu corte, da sua escolha editorial, um órgão de imprensa há de saber que sua credibilidade decorre justamente do respeito que reserva às opiniões divergentes. Uma opinião que precisa silenciar outra para se afirmar corrói a si mesma. Já temos história suficiente para saber que o vício da intolerância não consegue apagar o intolerado – apenas desacredita o intolerante. É ele, não sua vítima, que perde autoridade.
Jornalista 2
Agora vamos ao que mais importa. Tirando a previsibilidade e a legitimidade desse tipo de atitude, a quem ajuda um jornalismo que busque angulações favoráveis ao governo? “Jornalismo a favor” – isso interessa para a opinião pública? Antes de responder, convém adotarmos uma cautela de método. Para que nosso debate não fique excessivamente contaminado pelas paixões políticas, mudemos de objeto. Imaginemos que, em vez de um governo, o objeto de cobertura fosse mais técnico, menos figadal. Imaginemos que fosse um assunto mais anódino, como, digamos, a aviação comercial. A quem ajudaria um jornalismo que procurasse falar bem das companhias aéreas e mostrar preferencialmente o lado positivo do vaivém dos aviões? A quem serviriam as redações que se empenhassem em noticiar, em detalhes, todos os voos que terminam bem, sem incidentes nem acidentes?
Jornalista 1
Enquanto o poder autoritário se fortalece à medida que suprime a discordância, a imprensa livre se fortalece apenas quando alimenta o dissenso, a diversidade. Se no totalitarismo as discordâncias não têm lugar, na imprensa livre o que não cai bem são os ideários monolíticos, inflexíveis. Não por acaso, o discurso jornalístico tem um gosto natural pelo contraditório; ganha brilho, vigor, quanto mais dialoga, ainda que em termos duros, com a pluralidade dos pontos de vista. Respeitosamente, por certo. Jornais e revistas que não sabem disso morrem. Às vezes, começam a morrer sem perceber, sem aprender que ter uma opinião não implica fazer de conta que outras opiniões não existem, ou sem fazer de conta que elas são ridículas. Quem faz de conta nesse jogo, é bom repetir, morre.
Jornalista 2
De novo, antes de responder, façamos outra pausa. Tentemos conjecturar como seria a cobertura completa das boas notícias da aviação. Se fizermos essa tentativa, logo veremos que teríamos uma enorme dificuldade de escala, uma vez que são deveras numerosas as viagens aéreas que chegam normalmente ao seu destino. O site Flightradar24, que rastreia voos em todo o mundo, dá um número estratosférico. No dia 30 de junho de 2018, contou nada menos que 202.157 decolagens em todos os países, um recorde. Pois então. De posse de tamanha cifra, perguntemo-nos: como seria se todas essas boas notícias (“o avião não caiu”) recebessem o justíssimo destaque meritório? Quantos anos deveria durar uma única edição de um telejornal? Quantos quilômetros quadrados deveria ter a primeira página de um diário?
Jornalista 1
É por isso que liberdade de imprensa é sinônimo de imprensa com liberdade. Ou não é liberdade de imprensa. Instalada no poder, a intolerância põe em risco a democracia. Instalada na imprensa, põe em risco a própria imprensa. É suicídio. Em poucas palavras – aqui onde já há muitas -, o jornalismo só prospera se souber desenvolver uma escuta sincera, interessada e aberta às vozes e aos pensamentos divergentes. Quem sabe ouvir os divergentes – sobretudo se não concorda com eles – ganha pontos no placar da credibilidade e na condição legítima de mediar o debate público. Uma publicação em que o contraditório não se acomoda bem é uma publicação que não se acomoda bem na sociedade pluralista.
Jornalista 2
Por aí aprenderíamos, instantaneamente, que o nosso hipotético “jornalismo a favor” tem um problema de escala simplesmente insolúvel. E esse nem seria o maior problema. Além dele, teríamos um descalabro muito mais grave, o da inutilidade social. A quem interessariam tantas reportagens positivas sobre as aeronaves e seus tripulantes maravilhosos? Talvez aos familiares e amigos das aeromoças e dos comissários de bordo, não ao público. Este é o ponto. As sociedades democráticas inventaram jornalismo não para se deleitar com relatos das coisas que aconteceram conforme o esperado, mas para saber, e rápido, do que deu errado. Notícia é o que fugiu do script. Notícia é o avião que cai. Notícia é o que o poder tenta esconder. É chato, é desagradável, é antipático, mas é o que é. “Agenda positiva” a gente encontra em revista de bordo – ou no discurso de empresários, líderes religiosos, generais ou capitães. No jornalismo independente, “agenda positiva” não tem serventia.
Jornalista 1
É claro que cada diário, cada revista e cada site terão um modo particular de responder a esses desafios. A receita não é universal, ainda bem. Mas, de todo modo, hoje boa parte dos problemas graves da imprensa brasileira tem que ver com esta palavra em desuso: pluralismo. Tem que ver não exatamente com tolerar, mas com prestigiar as posições divergentes, pois não basta publicá-las, é preciso realçar nelas o que há de bom e de positivo. A frase mais que famosa de Voltaire – “não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las” – vem agora em nosso socorro. Não que haja necessidade, aqui, de uma fala trágica, retumbante. Só precisamos de serenidade. Se me for permitida uma breve confidência, estritamente pessoal, digo que nunca fui chamado a sacrificar heroicamente a vida em prol da liberdade de alguém com quem eu não concordasse. Tive apenas de sacrificar um ou dois empregos, que nem eram grande coisa. Outros jornalistas, melhores do que eu, sacrificaram mais. É da regra do jogo. É e será.
Jornalista 2
Agora chega de aviação. Voltemos ao nosso objeto original: o governo. Será missão da imprensa reportar as boas ações de ministros? Você pagaria a sua assinatura de jornal para ler os nomes de todos os professores de todas as aulas que começaram e terminaram no horário devido em todas as escolas públicas do País? Ou para ler longos perfis de conselheiros de autarquias que não cometem erros de Português nos memorandos e não praticam o esporte de desviar dinheiro público? É claro que não. Imprensa só é útil quando aponta indícios de ilícitos e condutas estranhas. Só ajuda quando incomoda quem manda. O melhor que podemos esperar de um jornal é que ele seja o pior pesadelo na rotina de um governante. É claro que jornalistas não devem ser arrogantes ou presunçosos, claro que não devem destratar os entrevistados, prejulgar os suspeitos ou desprezar a boa-fé alheia. Profissionais responsáveis observam os protocolos da elegância e da boa educação. Mas, na essência, jornalistas são pagos para duvidar e para achar defeitos onde o fanatismo vê virtudes miraculosas. Se queremos um jornalismo que ajude o Brasil, queremos um jornalismo que desafine as narrativas governamentais. O jornalista sério é uma pedra no sapato dos jogos de cena com os quais todos os governos se adornam inevitavelmente. Estamos falando, aqui, de qualquer governo – incluindo o presente. Jornalistas fortalecem a democracia quando se esmeram no ceticismo – e são verdadeiramente brilhantes quando reconhecem de longe (por mais perto que ocasionalmente estejam) o governante que quer encantoar a liberdade de imprensa para enfraquecer a democracia.
Agora, o desfecho
Os leitores têm plena liberdade de escolher um dos dois modelos de jornalismo entre outras razões porque a democracia é um bem supremo. Isto posto, vamos à revelação.
O texto que identifica o Jornalista 1 foi publicado na edição de sete de outubro de 2010 do jornal Estadão, nas páginas de Editorial, sob o título “O valor do pluralismo”. O texto do Jornalista 2 foi publicado no mesmo Estadão em 6 de junho deste ano, sob o título “A missão antipática da imprensa democrática. Portanto, praticamente nove anos os separa.
A divergência conceitual sobre a liberdade de imprensa, sobre pluralidade, seria natural, compreensível e louvável até, porque a sociedade precisa de pontos e contrapontos para entender sobretudo os mecanismos culturais que movem as entranhas do País. Entretanto, e aí que temos um filme de horror, os textos têm um único e exclusivo protagonista.
Trata-se de um jornalista de nomeada, incensado sobremodo pela esquerda. Foi presidente da Radiobras durante o governo Lula da Silva. É professor de jornalismo da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo. É Eugênio Bucci.
A contextualização dos dois textos tornará ainda mais explicita e vulnerável aos desígnios do jornalismo profissional praticado por Eugênio Bucci. No artigo de 2010, o professor da USP fazia uma defesa enfática do governo petista de Lula da Silva em plena campanha eleitoral que colocaria Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. O artigo de junho último direciona-se ao governo Jair Bolsonaro.
Sempre recorro a Roberto Campos, uma das maiores cabeças pensantes que o Brasil já produziu, quando me deparo com situações semelhantes à exposta. Ele dizia que a ideologia congela a mente. O professor Eugênio Bucci precisa prestar contas com o passado. A ideologia exacerbada quando associada à memória curta produz estragos monumentais. O que vale para os aliados não pode ser sonegado aos opositores quando se trata de prática jornalística.
Total de 1884 matérias | Página 1
13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)