Vou dar dinâmica maior ao G-22, o grupo dos 20 maiores municípios do Estado de São Paulo, acrescido de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que completam o Grande ABC, e excluída a Capital, porque poderia distorcer demais os resultados.
Se os diversos estudos que produzo com base em vários indicadores já são um achado em meio à negligência geral das regiões paulistas no tratamento mais abrangente das respectivas realidades, agora vou mais fundo: prepararei com vagar o que passo a chamar de Ranking G-22 de Competitividade. Nada que seja novidade para quem criou no começo dos anos 2000 o IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), que contava com 15 indicadores.
Ainda estou definindo a metodologia que aplicarei para procurar mostrar aos leitores em que situação está o Grande ABC de maneira geral e cada um dos municípios locais, especificamente, nos confrontos com os demais endereços mais poderosos do Estado.
Já cansei de explicar que não adianta forçar a barra da realidade com a circunscrição de estudos que olhem para o próprio umbigo regional. Enquanto não nos dermos conta de que temos de olhar agudamente para o que se passa no Estado de São Paulo, num primeiro momento, ficaremos a comer poeira.
Quesitos cruzados
Que adianta, por exemplo, termos internamente um Município campeão em algum indicador importante se no âmbito do G-22 esse posicionamento for apenas discreto, com viés da baixa?
Pelas primeiras avaliações que já entabulei creio que vou apresentar aos leitores um Ranking de Competitividade com pelo menos duas dezenas de indicadores cruzados. Indicadores cruzados são números de dois quesitos que se entrelaçam para se alcançar resultado final que expresse maior compreensão sobre a realidade municipal e regional.
Para não dizerem que estou sendo pouco didático, pego o caminho da explicação prática. Um indicador como o IPTU de cada Município estará conectado ao ITBI, que é uma espécie de temperatura dos negócios imobiliários. É do confronto do primeiro com o segundo que teremos o que chamaria de quociente positivo ou negativo.
Não é uma fórmula perfeita, caberia mesmo muito espaço a explicações, mas é o que parece mais prático para, além de outros embates numéricos, definir uma ordem hierárquica de classificação de competitividade na área imobiliária. Ou alguém tem dúvidas de que um Município que arrecade proporcionalmente bem mais que outro quando se divide a arrecadação de determinada temporada do IPTU pelos valores do ITBI dá mostras de que impera a gulodice pública?
Portanto, o confronto entre o valor absoluto do IPTU de cada Município com o valor absoluto do valor do ITBI possibilitará resultado que definirá com força de argumentação o compasso ou o descompasso entre a temperatura dos negócios imobiliários e a sede arrecadatória das prefeituras.
Confrontos permanentes
Na semana que passou produzi uma matéria com essa abordagem. Quanto mais o ITBI se apresentar positivo em relação ao custo do IPTU, mais o Município é competitivo nessa área. Quanto mais IPTU for arrecadado em relação ao ITBI, mais se chegará à conclusão de que o custo do Estado em forma de Município está desequilibrado em relação aos pressupostos de desenvolvimento econômico.
O conceito do Ranking G-22 de Competitividade será o de permanente confronto entre dois indicadores. Possivelmente haverá situações em que prevalecerá a individualidade de determinada temática. Nesse caso, o princípio de valor será mantido para a definição do ranking.
Nos próximos dias já publicaremos o primeiro indicador do Ranking G-22 de Competitividade. Reproduziremos em termos do conjunto desse grupamento o que apresentamos somente em termos de Grande ABC no embate entre IPTU e ITBI. Até que ponto os municípios do Grande ABC são mais ou menos preparados no campo imobiliário para a atração de investimentos? Estariam os resultados dos municípios da região descolados do restante do G-22?
Realidade sem mistificações
Tudo que significar espaço para comparações vai constar do Ranking G-22 de Competitividade. Tudo que for possível mensurar oficialmente, com dados de organismos públicos, será escrutinado. Exporemos aos leitores questões até hoje jamais elaboradas na dimensão dos maiores municípios paulistas.
Querem um exemplo de ampla resposta que oferecemos aos leitores em forma de ranking, de qualificação dos municípios? Como estaria o grau de eficiência dos trabalhadores industriais dos 22 municípios mais importantes do Estado? Nesse caso, não bastará reproduzir o PIB Industrial do conjunto dos competidores. Tampou o estoque de trabalhadores detentores de carteiras assinadas. A mágica da competitividade abarcará a divisão do total de trabalhadores industriais pelo PIB Industrial de cada Município. Esse será o segundo ranking que apresentaremos aos leitores.
Os indicadores que produzimos para o IEME seguiram outra metodologia. Prevaleceu como espécie de cláusula pétrea o resultado dos municípios levando-se em conta a premissa per capita. Ou seja, a grandiosidade do PIB de uma São Bernardo ganhava a dimensão tecnicamente mais apropriada quando se dividia o resultado pelo total de moradores. Dessa forma, com operação replicada aos demais municípios, os números finais expunham uma realidade sem mistificações. O PIB Geral de São Caetano é maior que o de São Bernardo quando se leva em conta a divisão por habitante. É esse princípio que funciona a salvo de manipulações.
Além da economia
Não está descartada a possibilidade de utilização de indicadores que iriam além do campo econômico, como, aliás, as estatísticas metabolizadas pelo IEME proporcionaram na formulação do ranking de cada quesito. Mas também nesse caso se procurará preparar dados que fujam do convencionalismo da individualidade. Ou seja: procuraremos convergir os resultados finais como consequência de embate com outro indicador.
Algo que parece claro nos estudos metodológicos em preparação é que individualmente os inúmeros indicadores que decorrerão dos confrontos poderiam não oferecer como resposta a descoberta do mapa da mina de competitividade do G-22. Entretanto, quando vistos sob a ótica do conjunto da obra que se vai definir em forma de mosaico, ficará nítido o desenho de vantagens e desvantagens de morar, trabalhar e investir nos municípios listados.
Se os resultados gerais do Instituto de Estudos Metropolitanos no começo deste século não deixaram margem a dúvidas sobre a eficiência da metodologia, tudo indica que trafegaremos por terreno sem armadilhas na construção do Ranking G-22 de Competividade.
IEME é referencial
Para tornar ainda mais didático o entendimento geral do que se trata o Ranking G-22, reproduzo alguns trechos da matéria publicada na edição de janeiro de 2004 da revista LivreMercado. A jornalista Malu Marcoccia preparou uma análise sobre os resultados do Instituto de Estudos Metropolitanos. Leiam:
Mesmo com tropeços em duas áreas sensíveis como gerenciamento financeiro e criminalidade, São Caetano terminou a temporada de 2003 como campeã do IGC (Índice Geral de Competitividade) preparado de forma inédita pelo IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos). O macroindicador capta realidades históricas nas áreas econômica, financeira, criminal e social do G-55, o grupo dos 55 municípios economicamente mais importantes do Estado de São Paulo. Da lista dos 20 primeiros colocados em competitividade, apenas quatro municípios estão na Região Metropolitana de São Paulo e um na Baixada Santista. Os demais se concentram no Interior, para onde tem-se dirigido a maior parte dos investimentos industriais no Estado. São Caetano conseguiu 65,33 dos 100 pontos possíveis no Índice Geral de Competitividade, contra 58,42% de Santos, segunda colocada. Pela ordem, até o 10º lugar, classificaram-se: Campinas, São Paulo, Americana, Jundiaí, São Bernardo, Indaiatuba e Araras. Cubatão, na Baixada Santista, ficou no fim da fila dos 10 melhores no IGC. Antes vieram, em ordem decrescente, São Sebastião, Guarujá, Praia Grande, Embu, Itaquaquecetuba, Hortolândia, Taboão da Serra, Sumaré e Mogi-Guaçu.
Mais IEME
Dois dos quatro macros indicadores que compõem o Índice Geral de Competitividade definiram a vantagem de São Caetano: o Município do Grande ABC ficou em primeiro lugar no IDEE (Índice de Desenvolvimento Econômico Equilibrado) e no IDS (Índice de Desenvolvimento Social). O IDEE é formado por cinco quesitos: Valor Adicionado, Potencial de Consumo, ISS (Imposto Sobre Serviços), IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e Inclusão Digital. Já o IDS reúne dados sobre pobreza, desigualdade de renda, escolaridade e alfabetização.
Mais IEME
Mesmo o 47º lugar no IEM (Índice de Eficiência Municipal) não retirou São Caetano da liderança. O IEM mede a qualidade da gestão financeira de cada Município com base nos gastos com o Executivo e com o Legislativo e também a arrecadação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). No Índice de Criminalidade (homicídios, roubos e furtos diversos e roubos e furtos de veículos) São Caetano classificou-se em 10º lugar entre os 55 municípios. Cinco cidades do Grande ABC estão no G-55 pesquisado pelo IEME. Depois de São Caetano, a melhor colocação é de São Bernardo, em 8º lugar. Santo André ficou em 15º, Diadema em 42º e Mauá em 45º. (...) O índice final não facilita a vida dos municípios que se apresentam prevalecentemente como fortes polos econômicos. Paulínia, por exemplo, maior recebedora de repasses do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e segunda colocada no IDEE, caiu para 17º lugar na classificação final. Ribeirão Preto também despencou depois de chegar em 8º lugar no IDEE: posiciona-se em 19º no IGC. Os pesos ponderados que determinaram o formato do Índice Geral de Competitividade foram definidos em encontro dos conselheiros do IEME. A opção pelo prevalecimento de indicadores econômicos e financeiros foi aprovada por se considerar que o desenvolvimento econômico combinado com gestão pública responsável conduz às melhorias dos indicadores sociais e criminais. Daí o peso relativo do IDEE de 40%, do IEM de 30%, do IDS de 20% e do IC de 10% na composição geral da competitividade dos municípios.
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