Economia

G-22: Grande ABC perde massa
salarial de São Caetano e Mauá

DANIEL LIMA - 17/07/2019

O tamanho no rombo do navio dos empregos formais no Grande ABC quando se compara a massa salarial de dezembro de 2014 com a massa salarial de 2017 é equivalente ao rendimento de todos os trabalhadores de São Caetano e Mauá naquela última temporada. Ou seja: mais de R$ 500 milhões deixaram de ser pagos por empresas (e alguma coisa pelo Poder Público) quando se compara dezembro de 2014 com dezembro de 2017. 

Esse é mais um retrato arrasador do novo indicador do Ranking G-22 de Competitividade. O Grande ABC é aparentemente um território decadente sem limites de esfacelamento. Os demais integrantes do Clube dos Maiores Municípios do Estado de São Paulo apresentam desempenho bem menos comprometedor, embora, com exceção de Paulínia, não escapassem da maior crise econômica do País em todos os tempos. 

Em dezembro de 2014 a soma de salários com registro em carteira no Grande ABC alcançava R$ 3.041.150.703 bilhões. Aplicando-se a inflação detectada pelo IPCA do período de 36 meses, o valor corresponde a R$ 3.682.670.016 bilhões em dezembro de 2017. O resultado efetivo de dezembro de 2017 no conjunto de salários dos trabalhadores da região não passou de R$ 3.173.100.018 bilhões. Uma diferença de 16,06%, o equivalente à quebra de geração de salários de R$ 509.569.998 milhões. Praticamente a soma de São Caetano e Mauá com quase 200 mil postos de trabalho formais. 

Triunfalismo irresponsável 

Quem tem coragem de sair por aí com um litro de cachaça de triunfalismo numa mão e um quilo de caradurismo na outra deveria ler com atenção redobrada essa nova análise. Presta-se desserviço enorme à sociedade crédula divulgar dados fraudulentos sobre o fluxo de atividades econômicas do Grande ABC. É uma espécie de fake news que ultrapassa todos os limites éticos, porque induz a sociedade desorganizada a acreditar em Papai Noel. 

Dimensionar o buraco econômico em que se meteu o Grande ABC durante os três primeiros anos de crise analisada quando o Ministério do Trabalho expor oficialmente os dados já seria uma operação obrigatória caso se limitasse ao território regional. 

Mas estamos mais uma vez indo mais longe, ao colocar tudo num pacote imenso do G-22. Esse grupamento reúne as 20 maiores economias do Estado de São Paulo (menos a Capital), com o enxerto de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra por pertencerem ao Grande ABC. 

O maior grau de vulnerabilidade da economia do Grande ABC no capitulo do mercado de trabalho (já analisamos a renda média dos trabalhadores entre os três dezembros e o faremos também em relação ao universo absoluto de profissionais, além da massa salarial desta edição) está patente no ranking desse indicador logo abaixo. 

Mauá petroquímica em oitavo

O melhor posicionamento, e mesmo assim com número negativo, é a oitava colocação de Mauá, sempre protegida pela indústria químico-petroquímica do Polo de Capuava, seguida por Santo André, 16ª colocada, também, embora menos, blindada em parte pela mesma matriz industrial. 

Os demais municípios do Grande ABC distribuem-se nas últimas posições no ranking de fragilidade da massa salarial: São Caetano, Ribeirão Pires, São Bernardo e Diadema ocupavam o que seria equivalente à zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, ou seja, as quatro últimas posições. A pequena Rio Grande da Serra, sem peso, ocupa colocação intermediária. 

Para se ter ideia mais precisa e contundente do quanto é preocupante o afrouxamento da riqueza produzida no Grande ABC em forma de assalariamento com carteira assinada o caso de São Bernardo é emblemático. Primeiro, porque se trata da Capital Econômica do Grande ABC. Segundo porque a influência que exerce no dia a dia regional é fortemente dominadora. Pois São Bernardo acusou queda de 20,88% na soma de salários de dezembro de 2014 em relação a dezembro de 2017. No Ranking G-22 de Competitividade só perde para a lanterninha Diadema, de quem é vizinha territorial. 

O índice de rebaixamento da massa salarial de São Bernardo entre os três dezembros é 5,4 vezes maior que o resultado de Santos, terceira colocada na classificação geral, com queda de 3,85%. E muitas vezes maior que os 0,43% registrados por Sumaré que, como São Bernardo, tem no setor automotivo a atividade mais importante na geração de emprego. Sumaré é a segunda colocada do ranking. 

Veja o ranking 

O único caso de saldo positivo de massa salarial entre os 22 municípios do grupamento selecionado por CapitalSocial é Paulínia, sempre diferenciada no ranking porque conta com a fortaleza econômica de um polo petroquímico muito mais eficiente que o do Grande ABC. Paulínia registrou crescimento de 5,84% da massa salarial. Acompanhe o ranking do novo indicador, o sexto de uma série que será longo. 

1. Paulínia contava com massa salarial de R$ 148.398.291 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 190.206.161 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 179.710.033 milhões. Ganho de 5,84%. 

2. Sumaré contava com massa salarial de R$ 184.096.758 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 213.689.093 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 222.941.174 milhões. Perda de 4,15%.

3. Santos contava com massa salarial de R$ 491.246.613 milhões em valores nominais de dezembro de 2017 e passou para R$ 572.843.566 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação o valor atualizado de 2014 passa para R$ 594.899.648 milhões. Perda de 3,85%. 

4. Ribeirão Preto contava com massa salarial de R$ 551.897.938 milhões em dezembro de 2014 e passou para R$ 638.631.756 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,110% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 668.348.403 milhões. Perda de 4,65%. 

5. São José do Rio Preto contava com massa salarial de R$ 319.101.530 milhões em dezembro de 2014 e passou para R$ 362.372.936 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado passa para R$ 386.431.953 milhões. Perda de 6,64%.  

6. Taubaté contava com massa salarial de R$ 215.256.294 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 242.158.075 milhões em dezembro de2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 260.675.372 milhões. Perda de 7,65%. 

7. Mogi das Cruzes contava com massa salarial de R$ 218.792.667 milhões nominais em dezembro de 2014 e passou para R$ 245.184.880 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 264.957.920 milhões. Perda de 8,06%. 

8. Mauá contava com massa salarial de R$ 170.782.384 milhões nominais e passou para R$ 190.931.744 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10%, o valor atualizado de 2014 passa para R$ 206.817.467 milhões. Perda de 8,32%. 

9. Piracicaba contava com massa salarial de R$ 357.896.121 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 400.881.836 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 433.412.202 milhões. Perda de 8,11%. 

10. Campinas contava com massa salarial de R$ 1.349.740.028 bilhão em valor nominais em dezembro de 2014 e passou para R$ 1.503.675.028 bilhão em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de dezembro de 2014 passa para R$ 1.634.535.174 bilhão. Queda de 8,70%. 

11. Barueri contava com massa salarial de R$ 939.771.371 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para 1.028.172.745 bilhão em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 1.138.063.130 bilhão. Queda de 10,69%. 

12. Jundiaí contava com massa salarial de R$ 489.234.780 milhões em dezembro de 2014 e passou para R$ 534.820.500 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 592.463.343 milhões. Perda de 10,78%.  

13. Sorocaba contava com massa salarial de R$ 535.399.932 milhões em dezembro de 2018 e passou para R$ 583.709.148 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 648.369.318 milhões. Perda de 11,07%%

14. Guarulhos contava com massa salarial de R$ 927.940.312 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 1.008.355.560 bilhão em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 1.123.735.718 bilhão. Queda de 11,44%. 

15. Rio Grande da Serra contava com massa salarial de R$ 774.547.312 mil em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 837.435.780 mil em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 937.613.495 mil. Perda de 11,96%. 

16. Santo André contava com massa salarial de R$ 521.916.510 milhões em dezembro de 2014 e passou para R$ 563.556.968 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de21, 10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 631.132.147 milhões. Perda de 11,99%. 

17. Osasco contava com massa salarial de R$ 454.443.196 milhões em dezembro de 2014 passou para R$ 482.873.700 em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 550.330.710 milhões. Perda de 13,96%. 

18. São José dos Campos contava com massa salarial de R$ 637.067.576 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 675.445.518 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 771.488.834 milhões em dezembro de 2017. Queda de 14,22%. 

19. Ribeirão Pires contava com massa salarial de R$51.905.810 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 54.370.341 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ 62.857.936 milhões. Perda de 15,61%. 

20. São Caetano contava com massa salarial de R$ 311.668.285 milhões e passou para R$ 323.778.305 milhões. Aplicando-se a inflação, o valor atualizado de 2014 passa parar 377.430.293 milhões. Perda de 16,57% no período.

21. São Bernardo contava com massa salarial de R$ 917.405.198 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ R$ 919.067.398 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% o valor atualizado de 2014 passa para R$ R$ 1.110.977.648 bilhão. Perda de 20,88%. 

22. Diadema contava com massa salarial de R$ 292.790.104 milhões em valores nominais de dezembro de 2014 e passou para R$ 283.959.482 milhões em dezembro de 2017. Aplicando-se a inflação de 21,10% do IPCA o valor atualizado de 2014 passa para R$ 354.568.816 milhões. Perda de 24,86% no período. 



Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000