O que pensa e o que pretende o professor universitário Bruno Daniel sobre a possibilidade de administrar a Prefeitura de Santo André a partir de janeiro de 2021?
Foi pensando nisso que o entrevistei. Na edição desta quarta-feira de CapitalSocial vamos reproduzir parágrafo por parágrafo do texto que recebemos por volta das 16 horas de ontem. Naquele momento ainda não lera uma linha sequer da primeira resposta. São 18 horas de segunda-feira.
Editaremos a matéria por volta das 11h desta terça-feira. Até aí, claro, já teremos consumido cada linha de pensamento de um entrevistado até outro dia completamente fora de qualquer circuito de potenciais candidatos.
As 15 perguntas centrais da Entrevista Especial com Bruno Daniel foram enviadas ao chamado pré-candidato em 1º de setembro último. Rigorosamente o irmão mais novo do ex-prefeito Celso Daniel respondeu no prazo estabelecido.
Entrevista tecnológica
Optamos pela Entrevista Especial por e-mail. Ou seja: não tivemos contato direto com Bruno Daniel. Nem mesmo por telefone. Na verdade, jamais tive contato pessoal com o irmão daquele que foi o maior prefeito regional do Grande ABC. Entenda-se prefeito regional o chefe de Executivo que, ao longo da história, mais se dedicou a uma regionalidade que está em frangalhos.
Partiu de mim a proposta de Entrevista Especial. Por isso mantive contato por aplicativo de celular com o também professor universitário Ricardo Alvarez, um dos mentores da candidatura do psolista.
Enviei uma mensagem de voz propondo a iniciativa. Antecipei que nada referente ao caso Celso Daniel seria abordado.
Foi uma maneira diplomática e sensata de dar prioridade ao que é prioridade, ou seja, conhecer mais de perto um concorrente aparentemente com possibilidades de mudar a história até então preliminarmente delineada de projeções da disputa eleitoral em Santo André.
Maneira diplomacia porque este jornalista e Bruno Daniel são antípodas quanto às conclusões do caso Celso Daniel. Bruno Daniel prefere acreditar no Ministério Público. Este jornalista, nas três investigações policiais. Maneira sensata porque o que interessa de fato nessa altura do campeonato é o futuro de Santo André – como aliás, sempre interessou e interessa a CapitalSocial e, anteriormente, à revista impressa LivreMercado.
Para degustação
As perguntas que se seguem são uma degustação. Os leitores terão a oportunidade de compreender a importância de retirar da pauta política qualquer indicativo de fofoca, epidemia que infesta a pauta política de jornais e emissoras de televisão.
O futuro de Santo André e da região não permite a fulanização de qualquer candidatura que acene com eventuais mudanças. E, goste-se ou não, Bruno Daniel é peça surpreendente no tabuleiro andreense para a próxima temporada.
Pode dar em nada ou pode dar em tudo. Dar em nada seria a expressão da inocuidade eleitoral. Dar em tudo seria a expressão material de uma reviravolta, considerando-se os dias atuais. Como pode também dar em muita coisa, e o muita coisa no caso seria a contribuição matemática para um segundo turno que, como muitos segundos turnos, poderia ganhar conotação de loteria. Leiam as perguntas que Bruno Daniel já respondeu, mas cuja publicação está reservada para amanhã.
Perguntas a Bruno Daniel
CapitalSocial – Desde a morte Celso Daniel, Santo André perdeu o rumo e o prumo na busca por planejamento econômico com ramificações sociais. Do ponto de vista exclusivamente econômico, o senhor já tem algo delineado ou entende que pode construir ação preparatória diferente da convencional, ou seja, de só colocar a mão na massa após a definição eleitoral?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Faltaria ao senhor, por ser de agremiação mais voltada a questões sociais, apetite a iniciativas de cunho econômico?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Defendemos uma regionalidade que se contrai ainda mais mesmo sem ter chegado a um nível sequer razoável após morte de Celso Daniel. O prefeito Orlando Morando, de São Bernardo, destruiu o arcabouço reunido no Clube dos Prefeitos e dinamitou a Agência de Desenvolvimento Econômico. O senhor tem ideias definidas sobre o que fazer pós-estragos ou entende que a prioridade deverá ser pronunciadamente municipalista?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Temos reunido série de estatísticas que colocam o Grande ABC e também Santo André entre os piores indicadores de vitalidade econômica e de gestão pública frente à maioria dos maiores municípios do Estado, reunidos no G-22. O senhor pretenderia administrar a cidade de olho num ranking exclusivamente voltado ao próprio umbigo ou, diferentemente dos prefeitos atuais e de tantos outros, se dedicaria a vasculhar e aplicar políticas públicas que incluíssem o Município num contexto de competitividade mais ampla?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Fala-se muito em Polo Tecnológico do Grande ABC e também de Santo André. O senhor entende que sairemos da pasmaceira econômica em que nos metemos ao longo dos tempos com essa espécie de nicho de modernidade? Explico: entendemos que um Polo Tecnológico, seja municipal, seja regional, é apenas um caminhão de areia no contexto de desindustrialização de décadas, enquanto precisávamos é de uma frota de fertilidade produtiva.
Bruno Daniel --
CapitalSocial – O senhor teve 17% de intenções de voto numa pesquisa do Instituto ABC Dados, aparentemente o ponto de largada de sua decisão de candidatar-se a prefeito de Santo André. Há duas maneiras de observar os dados. O primeiro, negativo, que o coloca distante dos 77% destinados a Celso Daniel como o maior prefeito da história de Santo André. O segundo, positivo, de que o senhor deu um salto inicial considerável, com potencial de mais avanços. Qual sua avaliação?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Em que intensidade a imagem de Celso Daniel será utilizada durante o ano que vem, levando-se em conta a compulsoriedade do sobrenome como alavanca de campanha? Explico: evitar o legado de Celso Daniel apenas para passar certa autonomia da candidatura poderá parecer esnobismo; deixar-se escravizar pelo legado de Celso Daniel pareceria dependência excessiva. Como encontrar um meio-termo que permita identidade própria do candidato? Como fazer Bruno Daniel um Celso Daniel até o limite ético e eleitoral sem que a operação crie uma configuração comparativa que lhe poderia prejudicar?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – O senhor acha possível que as esquerdas se unirão em Santo André para levar a disputa ao segundo turno? Acredita que a esquerda estaria no segundo turno ou vai precisar da confirmação de dissidências já latentes do centro e da direita?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – No caso de eventual frente de esquerda não colocar um representante no segundo turno, qual seria a opção de apoio no segundo turno? O prefeito Paulinho Serra satisfaz a população e mereceria apoio?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Se fosse indicar três grandes problemas de Santo André que o prefeito Paulinho Serra não conseguiu resolver, quais escolheria?
CapitalSocial – Entendemos que, jamais e em tempo algum, uma eleição municipal, numa área metropolitana como o Grande ABC, estará tão suscetível ao temário nacional quanto a que se realizará no ano que vem. Até que ponto o senhor entende o quadro nacional poderá influenciar os eleitores locais? E o que isso significaria?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – As redes sociais na região estão convivendo com humores e horrores com o municipal, o regional e o nacional. Quando a disputa começar para valer na região o senhor entende que, como nas eleições presidenciais do ano passado, o quadro municipal passará por estresse digital?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Aparentemente, até porque o senhor jamais foi candidato, haveria uma vantagem na corrida eleitoral porque não teria passivos a ser explorados nas redes sociais, como o que temos visto já em Santo André em relação a alguns concorrentes. Há algum cuidado específico em sustentar esse trunfo?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – A doutrina do PSOL, claramente um partido de esquerda num contexto político aparentemente pouco favorável, será minimizada na disputa em Santo André? Trocando em miúdos: sua candidatura vai mirar preferencialmente temas pragmaticamente locais e rejeitar provocações que procurarão vincular os interesses do partido ao PT?
Bruno Daniel --
CapitalSocial – Como o senhor acompanhou e analisou a venda do Semasa? Como observou a atuação da autarquia ao longo dos anos? Acha que respingará em sua candidatura a dívida daquela companhia cuja origem foi um dos mandatos de Celso Daniel? O Semasa caiu pelas tabelas por conta de gestão ou porque o papel do Estado na área de água e saneamento está esgotado entre outros motivos porque o Estado perdeu capacidade de investimento?
Bruno Daniel --
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