Este é o segundo capítulo de análise da Entrevista Especial que CapitalSocial publicou com Bruno Daniel. O irmão mais novo de Celso Daniel é candidato à Prefeitura de Santo André. Ele faz parte de grupo cada vez mais expressivo que pretende apear do Paço Municipal o tucano Paulinho Serra.
A disputa prevista para outubro do ano que vem ganhou novos ingredientes a partir da decisão de Bruno Daniel ir à luta. A oposição que já estava assanhada, agora está mobilizada de vez. O Paço Municipal age com a naturalidade dos inquietos na política: faz de conta que Bruno Daniel não está no tabuleiro de escolhas do eleitorado, mas, nos bastidores, já começa a construir armadilhas. Mais dia, menos dia, Paulinho Serra e seus asseclas cairão de pau sobre Bruno Daniel. Faz parte do jogo político desdenhar preocupação.
Veja a segunda pergunta de CapitalSocial de uma série de 15 e a resposta de Bruno Daniel. Na sequência, minhas observações.
Faltaria ao senhor, por ser de agremiação mais voltada a questões sociais, apetite a iniciativas de cunho econômico?
Bruno Daniel -- Consideramos que se deve discutir o econômico, o ambiental e o social de forma conjunta. Nosso segundo objetivo estratégico é o desenvolvimento econômico e socioambiental. A incorporação da economia do conhecimento à atividade produtiva é um poderoso antídoto à estagnação econômica e às desigualdades (o terceiro de nossos objetivos estratégicos). É necessário, no entanto, dizer que o processo de desindustrialização, que preferimos chamar de especialização regressiva do processo industrial, começou a se aprofundar no Brasil a partir da década dos 90. Isto se deu em decorrência de políticas monetária, fiscal e cambial adotadas pelo governo central desde então. A política fiscal local, de baixo alcance, pode atuar apenas marginalmente para contrarrestá-lo. Sou professor do departamento de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tenho todo o apetite, juntamente com o partido, para me debruçar sobre as questões econômicas para que, apesar dos limites, possamos repensar a vocação do Município, de modo a atingir de forma simultânea nossos três objetivos.
Observações pertinentes
O risco de colocar o econômico, o ambiental e o social no mesmo prato de prioridades administrativas é a dispersão da agenda que deve obedecer a critérios de curto, médio e também de longo prazo. Esse é um desafio permanente de agentes públicos com olhar sistêmico. Tudo isso, de fato, é muito importante para Santo André e para a região como um todo, mas, como em casa em que falta pão todo mundo tem razão, o tratamento desigual a situações desiguais não pode ser desprezado. Ou seja: a derrocada regional tanto no campo ambiental quanto no social decorre do desfiladeiro econômico. Sem corrigir a rota em permanente convulsão, o grau de resoluções será cada vez mais diluído e menos estruturado. Como o PSOL não tem o que chamaria de tradição no trato econômico municipal, isso pode ser bom pelo aspecto de inovação como também ruim, pelo preconceito de aplicação. O que prevalecerá, afinal?
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)