Chegamos ao nono capítulo de análises da Entrevista Especial com o candidato do PSOL à Prefeitura de Santo André. Bruno Daniel carrega prestígio familiar que o coloca, preliminarmente, entre os possíveis ocupantes de um espaço entre os esperados finalistas da corrida eleitoral em Santo André no ano que vem.
Ao publicar a Entrevista Especial com Bruno Daniel em 11 de setembro -- e ao desdobrar comentários sobre o que pretende à frente da Prefeitura de Santo André -- o objetivo de CapitalSocial é levar aos leitores e eleitores, com exclusividade, o pensamento de um representante de espectro administrativo-ideológico que foge da rotina regional.
Ou alguém tem dúvidas de que um PSOL com possibilidade eleitoral num dos maiores municípios do Estado não é algo que deva ser detalhadamente observado sob o ângulo informativo e analítico? É disso que tratamos.
Não existe no cenário político da região nenhum candidato com as características de Bruno Daniel – e isso tem um valor imenso para o tratamento oferecido nas páginas desta publicação digital.
Trata-se de sensibilidade editorial ditada pela obviedade de que se trata de um caso extremamente especial.
Vamos à republicação de mais uma pergunta e também a mais uma resposta da Entrevista Especial e, na sequência, às observações consideradas pertinentes.
Se fosse indicar três grandes problemas de Santo André que o prefeito Paulinho Serra não conseguiu resolver, quais escolheria?
Bruno Daniel – No âmbito do desenvolvimento econômico praticamente inexistem ações e quando o fez recuou, como ocorreu com o reajuste do IPTU. Quanto à mobilidade urbana, é questionável investir pesadamente na duplicação do viaduto 18 do Forte, deixando de realizar importantes alterações com relação à mobilidade ativa (percursos a pé e de bicicletas e assemelhados) e ao transporte coletivo. Revela-se aí o tradicional curto-prazismo que pensa em resultados eleitorais e não no que é melhor para a cidade no longo prazo. Quanto à saúde, fechar postos para reforma no início da gestão significou muitos prejuízos à população. Ainda por cima, consideramos que o prioritário é reforçar o Programa Saúde da Família. E faltou capacidade de articulação política dos prefeitos tucanos na região, incluindo Paulo Serra, para implantar a inadiável chegada do Metrô ao Grande ABC, objeto de denúncia, inclusive de um operador tucano de que a corrupção na empresa foi a responsável pelo descarte da obra.
Observações pertinentes
O prefeito Paulinho Serra deveria enviar mensagem de agradecimento por qualquer plataforma tecnológica ao agora adversário Bruno Daniel. O representante do PSOL foi generoso no uso de linguagem restritiva à gestão do tucano. Poderia ser mais contundente. A gestão de Paulinho Serra vai muito além da breve exposição de Bruno Daniel.
Para simplificar a história, no sentido metafórico da expressão, a Administração de Paulinho Serra peca por incidir em três grandes problemas de Santo André. Primeiro, falta de planejamento econômico estrutural. Segundo, falta de planejamento econômico estrutural. Terceiro, falta de planejamento econômico estrutural.
Não, não existe erro de digitação nos parágrafos acima. O martelar do macroproblema da gestão tucana é o guarda-chuva dos demais pecados capitais. Inclusive os mencionados por Bruno Daniel. Aliás, problemas que decorrem da ausência de capacitação da gestão de Paulinho Serra.
As iniciativas do tucano multiplicam-se no noticiário. São intervenções erráticas sob o ponto de vista de organicidade, de interatividade, de competitividade sistêmica. São retalhos relevantes na dimensão minúscula de um todo desprezado. Agridem-se todas as regras básicas de fixação de balizas a iniciativas direcionados ao encontro das águas de soluções que retroalimentariam a produtividade social. Paulinho Serra é adorador incontrolável de varejismos. E um requentador frequente de iniciativas que já fracassaram ou se esgotaram no passado.
Talvez a resposta de Bruno Daniel agregasse conceitos que apresento acima caso a pergunta não o levasse a priorizar o específico e a desprezar o conjunto da obra que um gestor público com olhos no futuro, não no curto prazo, deve seguir. Uma imprecisão na formulação da questão o teria levado a especificidades que, embora importantes, não reproduzem a inquietação de Bruno Daniel exposta em respostas anteriores com a reconstrução do tecido econômico e social de Santo André.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)