Não sei que nota você daria aos prefeitos dos três principais municípios do Grande ABC, mas vou dar. Mais que dar: vou explicar e justificar. Mais que explicar e justificar: vou detalhar. Está bom assim? É claro que entra em campo muita subjetividade, mas não há como deixar de priorizar a responsabilidade técnica.
Quer saber sobre qual plataforma avaliativa darei notas de zero a 10 aos três prefeitos, em textos individualizados? Pois vamos em frente.
Há quatro dimensões que me provocarão à interpretação do que cada um deles fez ao longo dos primeiros três anos de mandato. Primeiros três anos é força de expressão, porque de fato são três-quartos do mandato, eleitos que foram em outubro de 2016. Eis os pontos sobre os quais vou me meter a dizer o que José Auricchio Junior (São Caetano), Orlando Morando (São Bernardo) e Paulinho Serra (Santo André) fizeram até agora.
1. Administração
2. Política
3. Economia
4. Regionalidade
Quando emiti uma nota à rede de whatsappianos que mantenho em meu celular, imaginei em princípio que daria pesos iguais a cada um dos quatro quesitos. Mas mudei de ideia. Não tem sentido um veículo de comunicação, cuja cláusula pétrea é a regionalidade, no aspecto mais amplo do conceito, deixar de lado pesos relativos diferenciados.
Desta forma, para ser coerente e condizente com os registros históricos, decidi dar os seguintes pesos a cada um dos quesitos:
Administração – 20 pontos
Política – 10 pontos
Economia – 30 pontos
Regionalidade – 40 pontos
Vou partir da ordem de importância menor para chegar à maior de modo que o leitor entenda o que vem pela frente, a cada texto da atuação dos três prefeitos.
Política: 10 pontos
Reservo 10 pontos de peso ponderável à Política porque o relacionamento com o conjunto de atores no entorno de uma gestão pública é apenas um dente da engrenagem de resoluções. Contar com uma ação política consistente e sustentável é um caminhão à abertura de possibilidade de se chegar ao porto seguro de resolutividades, mas está distante de ser dominante.
Um prefeito bom político que não alcança resultados é um prefeito apenas político, incapaz de alterar a ordem das coisas. Bons relacionamentos não movem moinhos se não houver muito mais que a empatia entre quem comanda um Município e os agentes sociais e econômicos que o cercam.
Um bom administrador público no sentido político do termo é testado diariamente, mas o resultado final de uma gestão é o que pesa mesmo. De mensuração complexa, o peso de políticas de relacionamentos não se traduz apenas no campo político-partidário, mas no engajamento de porções de institucionalidades às pretendidas ou supostas ações desenvolvimentistas.
Administração: 20 pontos
Um bom administrador público depende muito da capacidade de aderência, de aceitação, de comprometimento, não só da tropa corporativa com quem se relaciona, mas também com as demandas da sociedade. Aliás, muito mais das demandas da sociedade.
Uma Administração Pública voltada exclusivamente a resultados intramuros, com a melhoria de indicadores diversos que tomam o pulso da capacidade de reagir diante de vicissitudes, é uma Administração Pública importante, mas que não faz verão porque só se faz verão com o conjunto da sociedade e, principalmente, quando se abrem portas de esperança e de solidez de resultados práticos.
A melhora de indicadores fiscais é um ponto crucial à avaliação de uma gestão, mas se não houver resultados correspondentes em outras áreas, estaremos mais perto de um contabilista de plantão.
Economia: 30 pontos
Não adianta erguer pontes de relacionamentos políticos e bons resultados internos de Administração se o prefeito em questão for um zero à esquerda ou apenas um esforçado combatente na arena econômica.
O que diferencia um prefeito capaz de mudanças e um prefeito apenas tapador de buraco é o somatório de resultados ao longo de alguns anos.
É verdade que um mandato de quatro anos é escasso a uma conclusão final, mas é possível sim, por força de comparação com o antecessor, ou antecessores, traçar uma linha divisória de reconhecimento de diferenciais relevantes ou de emparelhamento de fracassos.
Regionalidade: 40 pontos
Atribuir peso bastante considerável de pontos às questões que integram o bloco de regionalidade é espécie de alerta a todos os titulares de paços municipais de uma área conturbada fisicamente e interdependente economicamente como Grande ABC.
Seria bobagem traçar uma linha a ser percorrida em termos de análise caso se desconsiderem as montanhas rochosas da regionalidade como terreno mais complexo do que a planície da política, o leve aclive da Administração e mesmo a curva mais acentuada da Economia.
Regionalidade é o multiplicatório de tudo isso e a raiz de tudo aquilo, com perdão de rebocar linguagem de Odorico Paraguaçu.
Devo revelar sem suspense que nenhum dos prefeitos da região (os demais, além dos citados, não devem ser mensurados, porque não têm a mesma magnitude de regionalidade que se exige por força de características econômicas, culturais e políticas que estão concentradas nos territórios mais tradicionais) alcançará média de notas sequer razoável.
Esses prefeitos não ultrapassarão, adianto, a marca de cinco pontos, numa escala de zero a 10. Talvez um deles chegue às proximidades do que chamaria de nota regular. Fiz um ensaio preliminar atribuindo notas precárias e cheguei à conclusão que o que vem pela frente para qualquer um deles, Paulinho Serra, Orlando Morando e José Auricchio, não é que chamaria de notícia agradável.
A nota individual dos prefeitos mencionados depende em larga escala deles mesmos, mas também do conjunto. Eles não se salvam nem individualmente nem no coletivo, porque o Clube dos Prefeitos é uma instância regional (algo como uma oitava prefeitura) muito pior que a soma das unidades municipais a que pertence.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)