Chegamos à edição de número 27 (de um total de 61) da newsletter Capital Digital Online. Era 3 de novembro de 2004. Estava diretor de Redação do Diário do Grande ABC, depois de passar pelo cargo inédito de Ombudsman do jornal mais tradicionais da região. Desembarquei naquela redação com o que chamei de Planejamento Estratégico Editorial, calhamaço de quase 100 mil caracteres. Uma ferramenta indispensável para que táticas e estratégias caminhassem em sentido retroalimentador.
Criei a newsletter justamente para sedimentar e cristalizar os pressupostos do que pretendia. A distribuição digital envolvia grande parte da corporação do Diário do Grande ABC. Principalmente a direção e os setores ligados à Redação.
Pretendia tornar o jornal totalmente diferente do que conhecia como profissional que por ali passara 15 anos e leitor durante décadas.
Veja a edição daquela data. Não custa lembrar que não há coincidência numérica entre aqueles boletins e os títulos desta série porque, em várias situações, juntei duas ou mais edições de Capital Digital Online. Esta série é inédita. Ou seja, o conteúdo jamais ganhou patamares públicos.
Edição Número 27
Cobertura das eleições muito
melhor que de quatro anos atrás
Com todas as dificuldades materiais, com todas as limitações profissionais e com toda a sobrecarga de uma jornada que se iniciou há muito tempo, demos show de cobertura no segundo turno das eleições no Grande ABC. Solicitei cópias aos arquivos do jornal da cobertura do segundo turno de 2000, quando a Redação contava com muito mais gente, e o que encontramos, indubitavelmente, é uma melhoria acentuada em todos os pontos de vista.
O que isso significa? Significa que estamos no rumo certo quando elegemos algumas prioridades. Mas sabemos também que isso nos tem custado muito caro. Há um nítido cansaço dos profissionais de Redação sobre os quais pesam maiores responsabilidades.
Estamos numericamente fragilizados em relação ao ano 2000, quando a Redação contava com 60% a mais de profissionais. Mas isso não nos tem tirado da rota da recuperação do jornal.
Todos sabem que aponto severas restrições à qualidade de nosso produto. Ainda temos muito o que avançar. Mas também é inegável que um grupo de profissionais vem dando suporte à recuperação, à custa de muito empenho, de muita dedicação.
Não entrarei em detalhes técnico-editoriais para consubstanciar a interpretação de que fomos muito melhores na cobertura das eleições de 2004 com menos profissionais do que em 2000, com muitos profissionais. Aqueles que passaram por aqui e que não puderam participar dessa guinada não devem se sentir ofendidos. Eles faziam parte de uma metodologia que não conferia às eleições no Grande ABC a prioridade que dedicamos. Faltavam-lhe diretrizes, conceitos. Basta ler o material no arquivo.
O ângulo problemático dessa avaliação é que, mesmo com falhas, mesmo com buracos, o que realizamos ao longo dos dois últimos meses de campanha eleitoral parametrizará nossa atuação em todas as temáticas. Sabemos que há um custo pessoal excessivo sobre vários profissionais, mas isso será devidamente reavaliado. O fato é que não podemos retroceder. E para isso, somente a homogeneidade conceitual nos dará produtividade.
Para completar, e para não deixar pedra sobre pedra de dúvida sobre o assunto: há alguns cães de aluguel que ladram nas cercanias do jornal, mas que, mesmo tendo estado por esta Redação inclusive no ano 2000, não conseguiram produzir nada de relevante que se pudesse comparar com o que foi apresentado nesta temporada. São os velhos arrivistas de sempre que esquecem de algo elementar em jornalismo: os arquivos são o testemunho de quem trabalha e de quem só faz marola. E de marolas estamos cheios.
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