Merecem todo o respeito e satisfação os leitores que acompanham a contagem progressiva do tempo que marca numa ponta a data em que o prefeito Paulinho Serra prometeu em mensagem de aplicativo responder à Entrevista Indesejada de CapitalSocial e na outra ponta a volubilidade do tempo a ser congelado caso ele cumpra a promessa e, portanto, respeite e dê satisfação a esses mesmos leitores.
Por isso, não interromperemos essa ação jornalística até que Paulinho Serra responda, ou então que se encerre o mandato outorgado pelos eleitores em outubro de 2016.
Fora isso, não há como mudar o roteiro. A artilharia mercenária pode tirar os cavalinhos da chuva de pressões porque, entre outras razões, caso nutrisse algum tipo de receio como jornalista de tantas borrascas, certamente já teria mudado de ofício.
Jornalismo de interesse público não pode ser confundido com jornalismo de interesse corporativo, grupal ou individual. Tampouco de conveniência. Algumas matracas não suportam liberdade de expressão com fundamentação.
Inadimplência do prefeito
E os leitores que fazem questão de se manifestar favoráveis à iniciativa não serão desrespeitados porque esticaremos essa corda no pescoço de um ainda inadimplente ético e administrativo até que uma das duas condições expostas acima sejam ratificadas.
Já foi maior o cordão de puxas-sacos de Paulinho Serra que pretendem fazer de hostilidades digitais vereda de autoritarismo contra o jornalismo profissional que eles detestam porque são amadores nas relações de comunicação.
Agora sobram poucos, pouquíssimos, que se assanham, ainda, a se manifestarem. Democracia é isso e indispensável, porque reveladora de quem tem e de quem não tem garrafa cheia ou garrafa vazia para vender.
Só existe uma razão, uma única razão, uminha razão, à iniciativa de abrir contagem do tempo que marca a promessa do prefeito em atender aos anseios da sociedade consumidora de informações: foi o próprio prefeito que deu sinal verde, autorizativo, à formulação das questões.
Traduzindo: não houvesse Paulinho Serra cedido à solicitação, este jornalista não teria redigido série de 18 perguntas e enviado ao tucano. Afinal, ninguém é obrigado a responder. Por mais que a função de um prefeito seja pública, e deva ser sempre transparente, elucidativa, explicativa, a liberdade de manifestação contém o contraponto da liberdade de silêncio.
Não invadiríamos a área do prefeito de Santo André, mesmo levando-se em contas os pressupostos de transparência e apreço pela sociedade, se não houvesse a concordância de receber as questões para respostas em seguida.
Só não abro a caixa de mensagens de um aplicativo sempre disponível ao prefeito de Santo André e revelo o conteúdo do que me enviou como peça de concordância com a proposta de Entrevista Indesejada porque vejo aquela relação como estritamente confidencial.
Talvez não o seja, mas por enquanto ainda entendo que o que está ali, como também em alguns milhares de espaços digitais com leitores em geral de CapitalSocial, pertence a uma categoria de reserva pessoal. Caso Paulinho Serra se manifeste, autorizando a reprodução da mensagem, não teremos dúvida em fazê-lo.
Posto isso, e para que não haja a menor nesga de dúvida sobre o critério de ética e de moralidade dessa modalidade de contagem progressiva, sugiro aos poucos leitores (alguns dos quais sempre nas imediações das genitálias de Paulinho Serra) que enviem mensagens ao responsável direto por essa modalidade de comunicação, cobrando-lhe o cumprimento do acordo.
Ouvindo quem não deve
Talvez o prefeito de Santo André tenha ouvido quem não deveria e voltado atrás na iniciativa de solicitar questões que foram formuladas. Deve ter dado ouvidos a mercadores que se dizem marqueteiros e cometido a burrice de imaginar que tudo seria esquecido. Não teria lhe passado pela cabeça que do outro lado existisse um jornalismo profissional que, de alguma maneira, não deixaria o assunto morrer na praia da omissão, do descarte das questões apresentadas oficialmente neste site.
Entrevistas Desejadas
Não duvido nada que tenha o prefeito Paulinho Serra se arrependido de oferecer as respostas prometidas. Não há uma única questão que de alguma forma, mesmo que sutil, embarace a gestão do prefeito no sentido de lhe criar constrangimento. Todas, absolutamente todas, estão esquadrinhadas de forma responsável, prospectiva, comprometido com a sociedade. Muito diferente, portanto, de entrevistas que tanto Paulinho Serra quanto outros prefeitos da região costumam responder com largas sorrisos porque o critério de encomenda e de relações públicas prevalece. São Entrevistas Desejadas, por assim dizer.
De alguma forma – ou de forma contundente, para ser mais preciso – esse caso de Entrevista Indesejada até agora frustrada com Paulinho Serra revela o quanto os gestores públicos brasileiros, de maneira geral, detestam se submeter a profissionais de jornalismo com os quais não mantêm relações amistosas no sentido de divinização. Daí a iniciativa deste jornalista de não se submeter a entrevistas com gestores públicos que, invariavelmente, estipulam critérios conceituais pouco republicanos. Não somos correntes de transmissão de partidos e ideologias.
A contagem progressiva, portanto, vai continuar. Depende apenas de Paulinho Serra e do calendário gregoriano para ser morta e enterrada. Jamais, portanto, estará condicionada a pressões rotineiras de bandidinhos sociais travestidos de cidadãos.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)