Sociedade

Quem eu quero ver e quem não
quero ver no meu velório (3)

DANIEL LIMA - 20/09/2023

Preparei uma relação que já conta com 50 nomes candidatáveis à Lista Positiva desta série. São pessoas vivas, por isso é Lista Positiva. A primeira turma que já escalei, e que consta da edição anterior, trata da Lista Espiritual, de pessoas que já foram embora, mas me deixaram, como jornalista, um saldo positivo como instrumental de experiência de vida. 

Não estou preocupado com julgamento dos leitores, por mais que os respeite. Minha lista dos vivos e dos mortos são minhas listas, minhas vivências. Tenho meus filtros éticos e morais que significam juízo de valor.  

Antes de dizer algumas coisas sobre a Lista Positiva, que não é uma tarefa fácil de revelar, ainda estou em dúvida se dou efetividade à Lista Negativa, de pessoas que estão vivas, mas que não gostaria de ver no meu velório.  

Como esse assunto não me agrada muito, vou deixar tudo para uma próxima edição. Ou vou enrolar até onde seja possível. 

LISTA NEGATIVA  

Muitos me perguntam sobre um nome que supostamente estaria escaladíssimo na Lista Negativa. Quem conhece minha história sabe a quem se referem os leitores curiosos. Respondo à semelhança do técnico Vanderlei Luxemburgo que segunda-feira, após os oito gols, nos vestiários, instigado por um jornalista, preferiu não responder sobre a pressão da torcida, que o vaiou antes do jogo, quando seu nome foi anunciado no estádio. 

Tem gente que ainda não entendeu o sentido abrangentemente metafórico desta brincadeira séria. Produzir Lista Positiva e Lista Espiritual é uma forma de agradecer a todos com os quais me relacionei e me relaciono profissionalmente, o que não interdita também a estrada da experiência pessoal com muitos deles.  

É difícil separar a porção de determinadas situações pessoais e profissionais. Prevalecentemente, as duas listas em questão, a Positiva e a Espiritual, se fixarão o quanto puder no convívio profissional, independentemente do tempo. Há casos em que um breve contato incandescente vale mais que uma longevidade morna.  

MACHISMO, NÃO! 

Mas agora chego aonde pretendo antes de revelar aqui o que já antecipei aos leitores de CapitalSocial que me acompanham no aplicativo WhatsApp. Trata-se do seguinte: relacionei apenas cinco dos 50 nomes da Lista Positiva porque preciso ir devagar com o andor.  

Os nomes que vou mencionar nesta edição com breve definição das características que detectei são todos homens, mas isso não significa machismo latente. O que temos é o prevalecimento do sexo masculino nas atividades diversas.  

Para aqueles que possivelmente insistiriam em dizer que jornalista com mais jornada no passado carregaria mesmo o viés machista, tenho resposta demolidora. Vamos ver se alguém adivinha? Dou 10 segundos para que alguém antecipe o argumento que vou usar em seguida. Dez segundos, não mais que isso. 

Pronto, já passaram os 10 segundos e agora posso dizer que sou imbatível em matéria de prestigiar mulheres num mundo machista. Trata-se, claro, de quase uma centena das Madres Terezas, que, a partir do ano 2000, levei aos palcos do Prêmio Desempenho.  

MINHAS MADRES TEREZAS  

Estou batendo a cabeça para descobrir a melhor maneira de relacioná-las. Acho que vou homenageá-las de novo, ou vou ser homenageada por elas, sem categorizá-las na Lista Positiva ou na Lista Espiritual.  

Quantas das Madres Terezas já foram embora também? Há 15 anos a premiação foi suspensa, depois de 15 anos seguidos de sucesso. E, francamente, não tenho a menor ideia de onde estariam minhas Madres Terezas. Duas delas, infelizmente, garantidamente já foram embora, Terezinha Sardano, líder máxima da instituição Amélia Rodrigues, e uma das mais antigas, Mamãe Flory. E as demais? Quantas vivem?  

Juro por todos os juros que vou tentar encontrar uma saída. Se obstáculos demais aparecerem, parto para uma solução simples: criaria uma nova listagem, agora especialmente dedica a elas. Lista das Madres Terezas.  

Ver no meu velório tanto as Madres vivas como as Madres espirituais seria uma festa. Eu as tenho nas minhas lembranças desde a primeira versão que consagrou a primeira leva dessas mulheres extraordinárias.  

FESTA INESQUECÍVEL  

Foi inesquecível aquele outubro de 2000 num Tênis Clube de Santo André ainda com ares de aristocracia, uma aristocracia que se dissolveu em Santo André. Cerca de 800 convidados as aplaudiram quase aos berros. Muitos choraram durante o cerimonial de homenagem. 

E não era mesmo para chorar? Afinal, a produção caprichou nas gravações nos respectivos endereços das Madres Terezas, revelando o ambiente em que os mais necessitados de uma sociedade excludente expunham a um público muitas vezes distante de desigualdades sociais que estão na próxima esquina. 

Aquelas Madres Terezas da primeira leva de quase uma centena marcaram a lembrança dos convidados. Duvido que algum entre eles não tenha sido bombardeado pelo sentimento de solidariedade. 

CINCO PRIMEIROS  

Então, ficamos assim: de alguma forma as Madres Terezas vão estar no meu velório. Quero-as intensamente. Ao vivo ou espiritualmente. Minha vida vivida só tem a agradecer tantas emoções.  

Agora retomo a Lista Positiva. Os nomes que se seguem fazem parte do que outro dia chamei aqui de Geração Coletiva. Embora aparentemente os cinco escolhidos iniciais frequentam faixa etária semelhante, com margem de erro mínima entre si, o que os caracteriza de fato é que fazem parte de um grupo que, independentemente da idade, integram uma geração de ouro da região. Gente que faz a diferença nas respectivas funções que exercem.  

Ademir Medici é jornalista, Mario Cesar de Camargo é um rotariano de extraordinário prestígio, Fausto Cestari é um empreendedor institucional com larga experiência em defesa da livre-iniciativa, além de médico, Antonio Carlos Cedenho, ex-presidente da OAB de Santo André e hoje desembargador federal, e Antonio José Monte contribui imensamente para o sucesso da maior cooperativa de consumo do País, a Coop, antiga Coperhodia.   

DECORAÇÃO EMBLEMÁTICA   

Vou ficar feliz no meu velório caso veja todos eles e outros mais que gradualmente vou revelar as identidades. O que eles não sabem, mas precisam saber, é o que vou revelar agora, levando-se em conta que o velório será mais do jornalista do que da pessoa física, o Daniel José de Lima: é impossível que não respeitem meu pedido especial que versará sobre a decoração do ambiente físico do meu velório.  

Quero meu velório decorado. Imaginem decorarem da forma que quero justamente eu que em vida pouco me incomodo com questões materiais. 

Qual seria a decoração de meu velório de modo que todos os convidados em vida ou espirituais não esqueçam jamais da centralidade obsessiva de minha vida? Já pensou no que pretendo? Uma decoração em forma de agradecimento do morto porque o morto não teria vivido como viveu sem que aquela decoração, síntese da vida do morto, não fosse ressaltada. 

Mais que ressaltada: a decoração permitiria a cada convidado vivo e a todos os convidados espirituais entender o significado que cada um deles tiveram nas minhas atividades.   

CHARADA FÁCIL 

Fico imaginando a cara dos vivos e o espanto dos espirituais quando enxergarem muito além do morto do velório, um morto que podem dizer o que quiserem, mas um morto que não fez destas terras um passeio descomprometido.  

Ainda não matou a charada do tipo de decoração que quero no meu velório, para saudar e demonstrar meus agradecimentos a todos? Vou deixar para a próxima edição. Você terá tempo de sobra para acertar em cheio. Está tão na cara e no aplicativo com o qual me comunico diretamente com parcelas dos leitores que é impossível errar.  

Agora, vamos a uma síntese dos primeiros convidados da Lista Positiva, aos quais sou eternamente grato pelo saldo mais que positivo de nossas relações.  

1. Ademir Medici, jornalista – arqueólogo da alma e da memória de uma região descuidada. 

2. Fausto Cestari, empreendedor – o tráfego sempre acessível às construções institucionais. 

3. Mário César de Camargo – A finesse e o desprendimento nas relações humanas. 

4. Antonio José Monte, empreendedor – o encontro da sensibilidade social com a competência corporativa. 

5. Antonio Carlos Cedenho, desembargador – a simplicidade pessoal alinhada à expertise judicial.  



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