Sociedade

Auricchio retira de São Caetano
imagem de isolamento regional

DANIEL LIMA - 14/04/2011

Conforme o prometido, invado a área do detalhamento do estudo que a revista CapitalSocial realizou com integrantes do Conselho Editorial para prospectar, entre outras questões, o grau de liderança regional dos atuais prefeitos. Deu José Auricchio Júnior na cabeça, o que não é pouca coisa. Tradicionalmente São Caetano é vista como território quase à parte do Grande ABC. Um estereótipo que o antecessor de José Auricchio, Luiz Tortorello, ajudou a acentuar com bairrismo tão exacerbado quanto regionalismo tão desprezado.


O atual prefeito de São Caetano ficou com metade dos votos direcionados aos titulares dos Executivos do Grande ABC. Mas o segundo lugar não é de nenhum dos demais prefeitos. Uma parte considerável do Conselho Editorial entende que nenhum dos nomes expostos atinge grau de expectativa de liderança regional.


Para que os leitores possam entender sem qualquer distorção os resultados desses estudos, transpomos integralmente a pergunta a que responderam 113 conselheiros editoriais de CapitalSocial:


Qual é, na sua opinião, o prefeito no Grande ABC que mais condições tem de liderar ações de regionalidade?


Em seguida, em ordem alfabética de Município, apresentamos a relação dos prefeitos atuais. Querem saber o resultado final?


1. José Auricchio Júnior, com 44 votos.


2. Nenhum dos prefeitos, com 25 votos.


3. Luiz Marinho, com 15 votos.


4. Aidan Ravin, com 13 votos.


5. Clóvis Volpi, com 11 votos.


6. Mário Reali, com 3 votos.


7. Oswaldo Dias e Kiko Teixeira, com um voto cada.


Traduzindo esses números em percentuais, José Auricchio Júnior contabilizou 39% dos votos, contra 39% dos demais prefeitos e 22% dos conselheiros que descartaram capacidade de liderança regional em todos os atuais ocupantes dos Paços Municipais.


Embora fizesse parte de um longo questionário, cujos resultados começaremos a destrinchar neste espaço justamente a partir da avaliação da regionalidade sob a ótica de liderança pública, foi possível desdobrar a preferência do leitorado de CapitalSocial também em especificidades.


Quais os pontos da gestão de José Auricchio Júnior (e também de outros prefeitos do Grande ABC) que levaram os conselheiros editoriais a optarem pelo prefeito de São Caetano como principal liderança regional?


Vejam as respostas:


1. Sustentação econômica do Município em que é titular: 79,5%.


2. Relacionamento com os demais prefeitos: 66%.


3. Articulação com a sociedade civil: 54,5%.


4. Relacionamento com esfera do poder estadual: 45,5%.


5. Capacidade técnica: 38,6%.


6. Articulação com secretários e funcionários municipais: 34%.


7. Relacionamento com esferas estadual e federal: 22,7%.


8. Relacionamento com esfera federal: 2,3%.


Esse ranking de motivos que determinaram a vitória de José Auricchio Júnior é bastante interessante porque clareia aparente escuridão de especulações que adviria da ausência de justificativas.


Traduzindo em miúdos: com as alternativas propostas pelo autor do questionário, no caso este jornalista, retira-se grande parte do peso de subjetividades na escolha de José Auricchio Júnior pelo leitorado de CapitalSocial.


E agora, o que fazer das respostas, que também carregam carroceria inteira de possíveis interpretações?


Primeiro, é preciso explicar que foi sugerido aos conselheiros editoriais que poderiam escolher mais de uma alternativa para justificarem voto em um dos prefeitos. Por isso mesmo os percentuais são cumulativos e ultrapassam a 100%. Em média, José Auricchio conseguiu 3,43 alternativas de respostas por questionário. Quase metade dos oito cenários descortinados à avaliação dos conselheiros editoriais.


Segundo, parece transparente que José Auricchio Júnior não foi projetado ao topo da hierarquia de liderança regional por formadores de opinião do Grande ABC apenas porque São Caetano é um Município supostamente arrumado socialmente. É verdade que a alternativa “sustentação econômica do Município em que é titular”, está em primeiro lugar com 79,5%, mas não se distancia de algo muito pessoal, muito programático, muito político-administrativo conquistado por Auricchio, no caso os 66% da alternativa “relacionamento com os demais prefeitos”.


Ou seja: provavelmente de forma inédita na história de São Caetano, há reconhecimento regional de que um prefeito local seria cotado a gerenciar o Grande ABC por motivos que vão além de dirigir um Município de Primeiro Mundo, mas também porque mantém laços de relacionamentos produtivos e republicanos com os demais chefes de Executivos da região.


A imagem de arrogância de administradores públicos de São Caetano em relação ao Grande ABC é uma barreira histórica que José Auricchio destruiu durante os seis primeiros anos de governo. Pesou sobremodo para tanto, sem dúvida, o comando do Clube dos Prefeitos e da Agência de Desenvolvimento Econômico. Ao contrário de Tortorello, Auricchio se dispôs e se dedicou, inclusive com assessores técnicos de gabarito, a dar contribuição efetiva à regionalidade.


O nexo dos resultados do estudo de CapitalSocial com formadores de opinião tem tanta robustez que o relacionamento de José Auricchio Júnior com o governo do Estado ganha disparadamente de 45,5% a 2,3% do relacionamento com o governo federal, desenlace lógico de quem tem espaço aberto com os tucanos de São Paulo mas encontra dificuldades nos corredores de Brasília, também por questões partidárias.


Não se pode desprezar também como dado importante do material recolhido do Conselho Editorial que, embora cada conselheiro pudesse apontar apenas uma razão para justificar a preferência por José Auricchio Júnior, e tendo-se oito possibilidades para definir prioridades, nada menos que 38,6% apontaram “capacidade técnica” como atributo a ser destacado. Convenhamos que não é pouca coisa. Talvez esse resultado só encontre níveis de competitividade interna com o enunciado “articulação com a sociedade civil”, que alcançou 54,5%.


Repetindo o que escrevi em artigo anterior, que tratou da vitória de José Auricchio Júnior sem detalhamentos como esses, o resultado da pulsação da regionalidade do Grande ABC vista sob a ótica de liderança política regional não tem necessariamente relação com resultados práticos da gestão de cada administrador. Mas também não significa que não tenha relação.


Há natural grau de subjetividade do eleitorado, principalmente dos não-residentes em São Caetano, que elegeram José Auricchio Júnior. Mas, insistimos, isso também não significa que esse mesmo leitorado não tenha razões objetivas para posicionar-se favoravelmente ao prefeito de São Caetano. E que também o leitorado de São Caetano que integra o Conselho Editorial não reúna razões enormes para a aprovação de José Auricchio Júnior quando confrontado com os demais prefeitos, tendo-se como base de comparação tanto a atuação local quanto regional.


Certo, certíssimo, é que qualquer um dos prefeitos do Grande ABC gostaria de estar ocupando a liderança regional destinada por formadores de opinião a José Auricchio Júnior.


O resumo da ópera é que ninguém faz sombra ao prefeito de São Caetano quando se trata de projetar um nome para ocupar a chefia de um hipotético Município chamado Grande ABC.


No último trimestre do ano vamos dar sequência ao trabalho com novo trabalho específico sobre o assunto. A diferença é que retiraremos a prospeção de um conjunto de outros temas, tratando-a de forma mais focalizada e abrangente. O Conselho Editorial é que decidirá sempre.


Aguardem as respostas e as análises de outras questões a que foram submetidos esses formadores de opinião do Grande ABC. Adivinhem o que eles pensam sobre o grau de regionalidade do Grande ABC?


Leiam também:


Por que Auricchio lidera entre formadores de opinião na região?


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