Sociedade

Conselheiros diversificam leitura e
explodem monopólio de publicações

DANIEL LIMA - 25/04/2011

Os conselheiros da revista CapitalSocial, que representam a classe média convencional do Grande ABC, são leitores de vários veículos de comunicação da região e da Capital. Ou seja: eles não adotam predominantemente apenas um jornal ou uma revista para se informarem em versões impressas e digitais. Isso significa que Diário do Grande ABC, Folha de S. Paulo e as revistas LivreMercado e Veja não ocupam liderança confortável a ponto de descartarem a possibilidade de contraditórios como ingrediente de credibilidade. Que ótima notícia para a democratização da informação, não é verdade? Abaixo os monopólios.


O percentual de leitores fiéis às publicações líderes no Grande ABC, ou seja, que não adotam qualquer outra leitura, é bastante restrito. Apenas uma minoria que não supera em média a 15% dos conselheiros se manifestou como consumidora de informação exclusiva do Diário do Grande ABC, Folha de S. Paulo, LivreMercado e Veja.


Nada mais interessante. O indicativo pode significar a possibilidade de acreditar que os leitores estabelecem confrontos para diagnosticar grau de confiabilidade dos produtos. Ou que, também, têm na diversidade uma forma de ampliar campos de informação, independentemente de formularem comparações.


A liderança de LivreMercado, mesmo sem manter circulação mensal contínua há dois anos, deve ter duas explicações razoavelmente satisfatórias: vive do recall dos bons tempos de quase duas décadas de revolução no tratamento da informação regional e também sobrevive do material transposto às páginas digitais deste CapitalSocial. Todo o acervo da publicação é de propriedade deste jornalista e está sendo transportado em forma digital às páginas desta publicação.


Colher posicionamentos do Conselho Editorial de CapitalSocial é seguramente uma das melhores maneiras para conhecer o pensamento da classe média tradicional do Grande ABC. São mais de uma centena de médicos, advogados, empresários, executivos e profissionais de diferentes áreas que atuam na região. Há uma década e meia conto com o suporte desse modelo de representantes da comunidade como aliados críticos.


Levar em conta o resultado da consulta a esses profissionais é o mínimo recomendado pelo bom senso. Justamente por isso estamos revelando todos os pontos do amplo questionário enviado ao Conselho Editorial. Vamos, primeiro, aos novos resultados; depois encaminharemos algumas interpretações:


Assinale quais desses jornais do Grande ABC você lê frequentemente:


 Diário do Grande ABC, 70%
 Repórter Diário, 39%
 ABCD Maior, 19,5%
 Diário Regional, 23,8%
 Estação Notícia, 11,5%
 Hoje Jornal, 7%
 Tribuna do ABC, 13,3%
 Outros, 26,5%
 Nenhum, 2%.


Assinale quais desses jornais de São Paulo você lê frequentemente:


 Folha de S. Paulo, 64,6%
 O Estado de São Paulo, 47%
 Valor Econômico, 16%
 Agora, 4,4%
 Diário de S. Paulo, 3,5%
 DCI, 9,7%
 Outros, 4,4%


Assinale quais dessas revistas do Grande ABC você lê frequentemente:


 LivreMercado, 67,2%
 MercNews, 46%
 Expressão, 34,5%
 Economia S/A, 8,8%
 Outras, 35,4%
 Não responderam, 4,0%


Assinale quais dessas revistas de São Paulo você lê frequentemente:


 Veja, 76%
 Época, 18,6%
 IstoÉ, 24%
 CartaCapital, 14%
 Outras, 19,5%
 Não responderam, 3%


A diversidade de leitura é um ponto positivo nesse inventário que tem o Conselho Editorial como alvo. Nada pior para a democracia da informação, base da cidadania, que o monopólio. Apenas estudos mais meticulosos poderiam ir às vísceras dos hábitos de leitura dos conselheiros editoriais. Entretanto, os e-mails respondidos por esses formadores de opinião abrem as portas a interpretações seguramente interessantes.


Especialmente os chamados tomadores de decisões em corporações públicas e privadas precisam estar ligados às nuances do jornalismo destes tempos de múltiplas plataformas. Conceitos tradicionais podem estar defasados e, portanto, inadequadamente utilizados a definições.


Por mais que o conjunto de pouco mais de 100 conselheiros editoriais pode ser vulnerável demais ao esquadrinhamento do pensamento padrão da classe média tradicional, a recíproca também é verdadeira: quem pode assegurar que esse espectro da população regional não carregue de fato o DNA do que se passa na cabeça e no coração de assemelhados? Não se atribui aos conselheiros editoriais a poção mágica da representação social do Grande ABC, um diversificado conglomerado humano de mais de 2,6 milhões de habitantes. Mas como reflexos da classe média tradicional não há heresia estatística a ser execrada.


Não fosse a liderança de LivreMercado, os resultados obtidos com os conselheiros não me surpreenderiam. Há muito tempo venho dizendo que faz parte do passado de limitações tecnológicas a ideia de que um determinado veículo conduziria ou poderia conduzir a sociedade, em qualquer território deste planeta.


Na medida em que as ferramentas de acesso ao mundo digital estimulam a corrida à produtividade capitalista, com ganhos de escala que se refletem no refluxo tanto nos preços como no acesso a equipamentos, mais possibilidades de multiplicação de fontes de informação aparecem no painel social.


Como as explicações para o sucesso editorial de LivreMercado estão na longevidade com que mobilizou os leitores intelectualmente mais exigentes e provavelmente no acervo deste CapitalSocial, talvez não haja surpresa alguma nos resultados.


Também indagamos aos conselheiros editoriais de CapitalSocial sobre o grau de qualidade dos veículos de comunicação da região. Os resultados não são nada empolgantes, mas também não chegam a registrar golpes de inapelável perdição. É claro que os conselheiros não são especialistas em jornalismo. Observam os produtos sob olhares de consumidores de cinema. Diferentemente, portanto, da crítica.


O que para este jornalista não passaria de um jornalismo em média muito aquém do necessário para mudanças sociais, aos leitores representativos da sociedade regional o que temos no mercado reúne qualidade razoável. Nada impede, entretanto, que num próximo questionário se vá mais fundo na percepção desse ponto importantíssimo. O prevalecimento de “regular positivo” e “regular negativo”, como se verá abaixo, indica com segurança que o jornalismo está em crise.


Fosse mulher, não passaria de alguém que passeia na calçada de um prédio em obras sem ao menos arrancar uma expressão de entusiasmo dos operários. Esse é um teste decisivo para quem pretende fazer sucesso entre os homens, garantem as mulheres sensíveis ao galanteio.


Qualidade dos jornais do Grande ABC:


 Ótima, 1,7%
 Boa, 27,4%
 Regular positiva, 47%
 Regular negativa, 11,5%
 Ruim, 8%
 Não responderam, 4,4%


Qualidade das revistas do Grande ABC:


 Ótima, 0,8%
 Boa, 37%
 Regular positiva, 41,6%
 Regular negativa, 10,6%
 Ruim, 5,0%
 Não responderam, 5%


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