Quem está acompanhando nestas páginas digitais o esculpir do perfil médio do Conselho Editorial de CapitalSocial, com base em questionário respondido por mais de uma centena dos integrantes dessa instância inédita no jornalismo brasileiro, provavelmente se surpreenderá com a seguinte constatação: a Internet não é um território prevalecentemente dos jovens, como algumas pesquisas insinuam. Eles são maioria, mas não são os únicos frequentadores para valer dessa autêntica feira-livre de espetáculos e de quinquilharias informativas.
Não me atrevi a extrair a idade média dos conselheiros editoriais de CapitalSocial. Sei porque sei que é relativamente madura, por volta de 45, 50 anos. Por isso esperava resultados diferentes. Cai do cavalo. Eles leem com maior intensidade e interesse os veículos de comunicação eletrônicos, e também os veículos de comunicação geneticamente digitais.
Sinal de que este CapitalSocial terá vida longa, mesmo que eventualmente não seja tão longa assim a vida deste jornalista, conforme a torcida de meus detratores. Azar deles, porque vou permanecer por aqui, como um fantasma. Meus herdeiros de dívidas terão um compromisso comigo antes do último suspiro: que mantenham este endereço vivo, enxertando-o permanentemente com acervos de minha propriedade. Quero continuar infernizando a vida dos malandros sociais que porventura se mantiverem por aqui depois de minha última viagem.
Nunca é demais repetir que o Conselho Editorial de CapitalSocial representa em larga escala o pensamento médio da classe média do Grande ABC, da classe média convencional, não da classe média popular que de classe média só tem mesmo o marketing de uma expressão que não se sustenta para valer quando se trata de esmiuçá-la. Mas isso é outro assunto, ao qual já dedicamos algumas linhas.
O fato é que os donos e os colaboradores de jornais e revistas do Grande ABC deveriam estar atentíssimos aos resultados do questionário. Quem acha, por exemplo, que jornais e revistas convencionais, ou seja, fisicamente identificados, materialmente identificados, concentram a liderança de leitura, está enganadíssimo.
Repassamos imediatamente três questões que formulamos aos conselheiros editoriais e os respectivos resultados percentuais. Depois, faremos algumas considerações.
Qual é o seu grau de leitor digital?
Elevadíssimo, 37%
Moderado, 58%
Ocasional, 1%
Não responderam, 1%
Qual é seu grau de leitor convencional?
Elevadíssimo, 29%
Moderado, 66%
Ocasional, 3%
Não responderam, 2%
Sinceramente, você acredita que os jornais impressos vão desaparecer um dia?
Sem dúvida alguma, 7%
Não, mas vão ter de se reinventarem, 81%
Jamais desaparecerão, 12%
Os dados estão aí à vista de todos, com a fidelidade de transposição assegurada pela codificação dos conselheiros editoriais. E mostram que os leitores digitais na categoria “elevadíssimo” são em grau superior aos leitores convencionais, ou seja, aos leitores que recorrem às páginas de jornais e revistas. Convenhamos que é uma cacetada e tanto no senso comum que indicaria atratividade e produtividade maiores dos veículos impressos.
É claro que o questionário não desce a detalhes de uma ação meticulosa de forma a oferecer suprimentos densos que contribuiriam à formulação de arrazoado mais abrangente. Entretanto, é altamente estimulante e objetivo ao não permitir desvios de interpretação fática, ou seja: os conselheiros estão proporcionalmente mais ligados à informação sobre o que ocorre no Grande ABC tendo como plataforma de acesso veículos que ocupam espaço internético.
Quanto ao futuro dos veículos impressos, a supremacia de respostas que praticamente neutralizam o desaparecimento do modelo convencional não é suficientemente tranquilizadora aos empreendedores e aos profissionais de comunicação. Se a percepção de que apenas 7% veem o jornalismo impresso com os dias contados imuniza os veículos de uma catástrofe, os 81% que recomendam mudanças do modelo consagrado ao longo dos tempos são uma ameaça e um desafio e tanto.
Qual é o significado da estrada traçada de reinvenção do jornalismo impresso que obteve dos conselheiros editoriais de CapitalSocial adesão maciça? São muitas as variáveis, todas sob a mesma estrutura filosófica: o jornalismo diário, principalmente, não pode publicar amanhã praticamente sem novidade alguma, sem análise alguma, sem profundidade alguma, o que o jornalismo digital coloca em estado bruto à disposição dos leitores hoje. A aura de confiabilidade consolidada pela comunicação impressa transfere-se com vagar mas persistentemente para o conteúdo digital até por conta do cada vez maior grau de interação entre as duas plataformas. Daí, a imperiosidade de mudanças.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!