Apenas 2% de mais de centena de conselheiros editoriais da revista CapitalSocial assumiram posição radical contrária à importância de Planejamento Estratégico para o Grande ABC, e mesmo assim a decisão tomada não tem a ver com indiferença ao tema. Trata-se, na verdade, de uma reação ao descrédito de que a iniciativa encontraria ressonância. Outros 2% não responderam ao questionado respondido por e-mail. Dos 96% que optaram por uma das outras três demais alternativas, a preferência de 47% se concentrou num enunciado que valoriza os representantes da própria sociedade, em detrimento de agentes públicos.
Acompanhem a pergunta enviada aos conselheiros, as respectivas alternativas e os resultados percentuais:
Se tivesse que estabelecer grau de importância à construção de um Planejamento Estratégico Econômico para o Grande ABC, qual das alternativas você assinalaria:
É compulsório que me posicione, embora isso não tenha a menor importância no resultado geral. Se não me posicionar os leitores vão mandar e-mails me acusando de praticar o esporte predileto dos tucanos, segundo eles mesmo dizem.
Confesso que fui surpreendido com o resultado. Sou adepto da premissa de que o Planejamento Estratégico Econômico com que todos sonhamos é uma tarefa para a sociedade civil e os representantes públicos, alternativa que ficou aquém da metade da votação do enunciado que defende uma ação de grupo de voluntários e profissionais da comunidade.
Sei lá se os conselheiros não entenderam a indagação, porque pode ser que não tenha sido este jornalista suficientemente claro. Sei lá se estou fora do prumo, mas como a maioria dos colaboradores da revista CapitalSocial, em outra questão, se posicionou amplamente favorável à mão mais que visível do Estado, do Estado forte, entregar o abacaxi da regionalidade pensada exclusivamente para os membros da sociedade, sem participação governamental, seria uma baita incoerência.
Talvez numa nova rodada de questionamentos, que se dará até o final do ano, encontremos a resposta para essa trombada conceitual. A acreditar que os conselheiros entenderam muito bem o enunciado, está mais que evidente que eles, os 47% que optaram pela exclusão de agentes governamentais, querem mesmo é que as soluções brotem longe das instâncias oficiais.
De qualquer forma, o que mais interessa mesmo é a maturidade a que chegaram esses representantes dos formadores de opinião do Grande ABC. Planejamento Econômico Estratégico deixou de ser uma expressão sem compromisso com o amanhã. Não é uma abstração. Há consciência de que, seja qual for o modelo adotado, precisa ser adotado.
Recentemente o Clube dos Prefeitos então sob o comando de Clóvis Volpi, deixou de herança aos sucessores um calhamaço de propostas apuradas por instâncias municipais divididas em várias secretarias. Exatamente por ser um calhamaço não teve a visibilidade e o entendimento que se fazem necessários. E jamais terá.
Quando se projetam prioridades demais, o sentido de prioridade é profundamente alterado. Os especialistas em resoluções estratégicas estão cansados de dizer que nada favorece mais a tomada de decisões práticas que o encaixe perfeito de um grupo reduzido mas factível de ideias. Não foi esse o espírito da coisa deixada por Clóvis Volpi. Por mais que as intenções fossem as melhores, hierarquia também integra o cerne de resoluções.
O primeiro Planejamento Estratégico do Grande ABC, que alargava as avenidas de tomadas de decisões muito além do campo econômico, contou com a liderança de Celso Daniel na Câmara Regional do Grande ABC. Lembro-me que preparei uma reportagem especial para LivreMercado. O título “Vôo da esperança”, de Capa, foi uma maneira que encontrei para minimizar o ceticismo. Não pretendia chocar os leitores com algo que transmitisse a ideia de que as lideranças do Grande ABC estavam viajando na maionese. Infelizmente, foi o que se deu.
Enquanto escrevo, movimento um dos braços em direção à pasta poliondas. Resgato cópias de todas as capas de LivreMercado sob meu comando. A Reportagem de Capa que tratou daquele projeto liderado por Celso Daniel foi publicada na edição de agosto de 1997. Descubro também que o texto está integralmente nos arquivos deste CapitalSocial. Nada melhor, então, do que chamar a atenção para uma leitura atenta, ou releitura providencial. Garanto que o material é imperdível.
Leiam, portanto:
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!