Como deveria ser o carnaval regional que volta a ser assunto da Imprensa por conta de uma nova iniciativa de gente que é do ramo? Fui aos meus arquivos mais uma vez e resgatei um texto que publiquei na edição de 11 de fevereiro de 2005 do Diário do Grande ABC. À época diretor de Redação, mantinha-me ocupadíssimo como jornalista na verdadeira acepção da palavra, porque jornalista que não escreve, que fica só nos bastidores, na retaguarda, não passa de burocrata a serviço do jornalismo.
Os oito mil caracteres daquele trabalho estão integralmente repassados para esta revista digital entre outras razões porque formam um conjunto de sugestões que poderiam ser no mínimo analisadas com carinho pelas lideranças decididas a aproximar as escolas de samba da região.
Como terão oportunidade de observar os leitores, discorri sobre o carnaval regional considerando seis aspectos relevantes: administração, hierarquia, sustentação, sambódromo, fundo de receitas e universalização. Ou seja: lancei olhares multidimensionais a um temário que ninguém, absolutamente ninguém, prospectou até agora.
E que novos pressupostos são esses? Que o carnaval, assim como o futebol, como o circo, como qualquer coisa interessante, abandonou a prática romântica e se instalou num patamar de profissionalismo cada vez mais concorrido.
Relendo aquele material jornalístico não fui capaz de encontrar situações que o tempo tenha inviabilizado. Pelo contrário: a unificação do carnaval no Grande ABC, respeitando-se numa fase preliminar de desfiles a identidade municipal, está latente como necessidade a ser aplicada.
É verdade que o passar do tempo torna ainda mais importante a introdução dos mecanismos sugeridos naquele texto, porque o divisionismo estica a corda de exigências de melhores espetáculos dos consumidores dessa festa popular. Seis anos já se passaram, o sétimo está chegando e a ausência de iniciativas que valorizem o conceito de regionalidade tende a tornar mais lenta a roda de medidas intervencionistas.
Sei que há marca geneticamente complexa a entorpecer os movimentos coletivos de cúpulas carnavalescas do Grande ABC e eventuais patrocinadores: a fugacidade do evento, de apenas quatro dias. A cultura de que carnaval começa em julho e só termina em fevereiro ou março do ano seguinte ainda não está incorporada a localidades fora da grade televisiva dos grandes palcos nacionais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Não abordei diretamente essa questão no artigo que consta do link abaixo, mas nunca é tarde: a profissionalização do carnaval do Grande ABC, que levará à regionalização, acrescentará como um dos pilares de reoxigenação um processo de esticamento da data de validade da festa com uma série de ações de marketing.
Vamos aguardar as próximas notícias sobre a nova investida pró-regionalidade do carnaval do Grande ABC. Esperamos, sinceramente, que não se trate, mais uma vez, de balão de ensaio frustrante. Sem um grupo de líderes de verdade, nada acontecerá. Com esse grupo, iniciaremos longa caminhada.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!