Está confirmadíssimo o que divulgamos com exclusividade (embora esse não seja o escopo desta revista digital) em 2 de junho último: o projeto Cidade Pirelli está enroscado, vai ter de passar por sabatinagem possivelmente indigesta do Legislativo de Santo André e pode alterar completamente o rumo de rentabilidade da Brookfield, construtora e incorporadora que decidiu ressuscitar uma marca criada pelo então prefeito Celso Daniel e que Aidan Ravin pretende transformar em uma das principais vitrines administrativas e eleitorais.
Construo três situações para que os leitores comuns tenham melhor entendimento do que pode ocorrer com a Cidade Pirelli:
O problema que a Cidade Pirelli pode desembocar, por conta de que terá de passar pelo crivo do Legislativo, é que a alternativa do caminhão da autoestrada poderá desaparecer do horizonte. É possível que dê vez ao caminhão da estrada acidentada ou mesmo à terceira alternativa, do caminhão de estrada esburacadíssima.
Os contratempos podem ocorrer porque os formuladores do plano logístico da viagem subestimaram a possibilidade de intervenção do Ministério Público do Meio Ambiente e da Habitação. As informações são escassas. Qualquer material jornalístico que invada a área do mercado imobiliário imbricado com o Poder Público é um desafio. Falta transparência.
Entretanto, há dados suficientes para que se chegue à seguinte conclusão: há necessidade de contornar-se o que foi subestimado. A Brookfield teria sido induzida a preparar um projeto de Cidade Pirelli que jamais passaria pelo possível mata-burro do Legislativo. Acreditava-se que a legislação que aprovou a Cidade Pirelli no final dos anos 2000, ainda sob o governo de Celso Daniel, seria suficiente. A Cidade Pirelli foi totalmente alterada e como tal enseja nova configuração legal, determinada pelo Ministério Público. Desconhecem-se detalhes.
Se CapitalSocial adiantou há quase um mês que a Cidade Pirelli estava enrolada, o jornal digital (e também impresso) Repórter Diário foi quem deu sequência ao assunto, ao tratar da audiência pública sobre o tema, realizada anteontem na Câmara de Santo André.
O repórter Leandro Amaral explicou: “O escopo previsto na legislação específica, aprovada no fim da década de 90, não condiz mais com a realidade do Plano Diretor e nem com a intervenção que será feita pela Brookfield, que desembolsou quase R$ 50 milhões para adquirir os 45 mil metros quadrados na área ociosa (antes de propriedade da Pirelli), na Vila Homero Thon”.
O que mais o Paço Municipal teme é que a terceira alternativa de tráfego do caminhão que inventamos para facilitar o entendimento do que espera pela aprovação do projeto Cidade Pirelli seja a preferida pela maioria dos vereadores. Há uma contabilidade que não poderia ser subvertida, sob pena de rebaixamento drástico da rentabilidade da viagem.
Sabe-se que o Paço Municipal vai fazer o possível e o impossível para aprovar a Cidade Pirelli. Trata-se de uma vitrine político-eleitoral poderosíssima, que poderia ligar a candidatura de Aidan Ravin à imagem multipartidária do administrador Celso Daniel. É verdade que a Cidade Pirelli de Aidan Ravin está longe da Cidade Pirelli de Celso Daniel, porque adaptações acabaram por prevalecer e menos espaços físicos seriam contemplados, mas o que vale é a marca. Pelo menos para efeitos políticos imediatos.
O Paço Municipal teme que tanto a bancada situacionista como a oposicionista tenham a exata noção do significado da Cidade Pirelli quando do encaminhamento do processo para adequação legislativa de uso e ocupação do solo. A estrada esburacadíssima é um vetor com o qual não contam os gestores públicos mais diretamente envolvidos no assunto. E também os gestores privados e circunvizinhanças que têm enorme e seletiva inquietação com o projeto. São pessoas magnânimas, como se sabe.
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