Economia

SANTO ANDRÉ DISPUTA
LANTERNA COM MOGI

DANIEL LIMA - 07/02/2025

A decadente e imperialista Santo André ocupa a vice-lanterninha no ranking de salários médios de trabalhadores com carteira assinada do G-22. A disputa considera todas as atividades econômicas.  Quem ousar colocar distantes entre si massa salarial (decorrente de salário médio), competitividade econômica e mobilidade social, quem ousar essa separação, precisa se inscrever no curso de aperfeiçoamento patrocinado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São Bernardo. Rafael Demarchi vai aprofundar o desconhecimento básico sobre economia.

Vice-lanterninha na linguagem comum significa o penúltimo colocado em qualquer disputa, como bem sabem os amantes de futebol. O futuro próximo vai colocar Santo André na lanterninha. Talvez já tenha colocado. Falta a atualização dos resultados do ano passado, ainda não liberados pelo Ministério do Trabalho. Proporcionalmente ao estoque de 2023, Mogi das Cruzes foi mais efetiva que  Santo André.  Mas ainda não há pormenores salariais por atividade econômica.  Tudo indica que a lanterninha de Santo André já está consumada.

JÁ DESCEU, JÁ DESCEU

Santo André está integralmente empacotada  naquela música de sucesso temporão que empesteia  aplicativos de smartfone. “Vai descer, vai descer”. Mais que “vai descer”, porque já desceu, esse é o problema maior. O “vai descer” de Santo André vem de um passado já distante e tem-se avolumado a cada nova temporada.

Como se sabe, de Viveiro Industrial Santo André  virou Viveiro Assistencial. Repetir essa espécie de refrão não é falta de criatividade jornalística. É um mote de alerta à sociedade servil e desorganizada que se deixa engabelar por charlatões.  

Prometemos hoje aos leitores que vamos dar conta de monitoramento permanente direcionado a Santo André e a Mogi das Cruzes porque ocupam as duas últimas colocações no ranking de assalariamento médio geral do G-22.

Esse é um grupo formado por CapitalSocial e envolve os 20 maiores municípios do Estado de São Paulo. Um grupo sem a cidade de São Paulo, extraordinariamente grande. Apenas  para efeitos locais, o grupamento conta com a participação suplementar  de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, responsáveis por apenas 2% do PIB do Grande ABC. Fora isso, não constariam de qualquer ranking das 300 maiores cidades do Estado.

NOVOS DADOS

Não custa repetir que ainda restam  dados detalhados do ano passado para completar o ciclo que tem dois focos temporais. O primeiro começou em 2014, antes dos dois anos de chumbo de Dilma Rousseff,  em 2015 e 2016. O segundo está vinculado aos dois mandatos do prefeito Paulinho Serra – de 2017 a 2024.

O tucano transformou Santo André em ferramenta de marketing político desastrosa. Subestimou a realidade dos fatos. Mais que isso: criou um mundo paralelo com amplo apoio midiático. A informal Secretaria de Efeitos Especiais tratou de vender preciosidades em formato de fake news.  

Antes de passar aos números, é melhor entenderem o conceito. Santo André é um caso perdido economicamente. Repetimos essa verdade baseado em fatos, em números, em contextos, em tudo que se possa atribuir ao fator competitividade econômica.

Seria preciso uma grande reviravolta para Santo André interromper essa toada fúnebre. Não será o grupo político que se aboletou da Prefeitura a saída rumo à recuperação. Eles, os integrantes de grupo, são bons mesmo de marketing. Ganham eleições com facilidade, porque a oposição está morta, porque, também, implacavelmente perseguida. Entretanto, não sabe lidar com a realidade. 

QUEDA PERMANENTE

A queda de 39 posição no ranking de PIB per capita no Estado de São Paulo nos primeiros cinco anos da gestão de Paulinho Serra só não  é alarmante porque provavelmente será ainda maior nos três anos que ainda não foram contabilizados.

Isso posto, vamos ao complemento? É preciso ser muito irresponsável, ou político carreirista em excesso, para vender inverdades aos contribuintes que também são moradores que também são gente com sentimentos. E essa foi a prática incessante da gestão de Paulinho Serra e seus malfadados marqueteiros.

Cansamos de escrever sobre isso, enquanto nichos guerrilheiros da Administração Paulinho Serra foram às redes sociais  para se manifestarem  conforme protocolos de agressividade pré-determinada.  

Agora, vamos aos dados. Em dezembro de 2023 Santo André apresentava assalariamento médios de todos os trabalhadores formais no valor de R$ 3.568,00. Estavam registrados nas empresas da cidade 234.612 profissionais. Apenas 10% dos quais (23.491) como estoque ativo do setor industrial. Uma das participações setoriais mais baixas entre os 20 maiores municípios do Estado de São Paulo, objeto de estudos de CapitalSocial há muitos anos.

A média salarial envolvendo todos os trabalhadores (R$ 3.568,oo) ocupava a penúltima colocação no G-22. A ameaça de Santo  André cair para a lanterninha não é exagero. Quem ocupa a lanterninha é Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo. A média salarial geral em Mogi das Cruzes em 2023 registrava R$ 3.445,00. Uma diferença de apenas 3,45% em relação a Santo André.

Convém ficar de olhos abertos. A  distância de assalariamento médio entre os dois municípios se estreita a cada ano. Em 2014, portanto antes daqueles dois anos tenebrosos de Dilma Rousseff, a média salarial de Santo André em valores nominais era de R$ 2.419,00 ante 2.100,00 de Mogi. Ou 13,19% de vantagem para Santo André. Será que a lanterninha já se consumou em 2024?

O que salvou mesmo que provisoriamente Santo André na disputa para fugir da lanterninha foi o setor industrial.  O assalariamento médio do trabalhador industrial em  Santo André era maior em 2023: os 23.491 empregados representavam média salarial de R$ 5.374,00, enquanto em Mogi das Cruzes os 21.494 significavam média de R$ 4.453,00. O setor químico-petroquímico explica a diferença favorável a Santo André.

Santo André vive em constante retração do emprego industrial. Mogi das Cruzes aponta caminho inverso. Em 2014, Santo André contava com 33.439 trabalhadores industriais, enquanto Mogi das Cruzes registrava 17.949. Quando se chega a dezembro de 2023, nove anos depois, o estoque de Santo André caiu 29,75%, enquanto o estoque de Mogi das Cruzes cresceu 23%. Nessa toada, não custa reforçar, a ultrapassagem no valor médio de assalariamento geral provavelmente teria se consumado em 2024.

Centrar atenção, de agora em diante, na disputa entre Santo André e Mogi das Cruzes para ver quem é o lanterninha do G-22 não significa que vamos abandonar outros referenciais emblemáticos da situação econômica da antiga capital econômica da região como também dos demais municípios locais e do Grande ABC como um todo.

SOROCABA ULTRAPASSA

Outro dia vamos tratar de novo da disputa entre Santo André e Sorocaba. Esse jogo já completou 30 anos, desde que decidi pegar para valer o que já se prenunciava como uma grande reviravolta na economia paulista, ou seja, a interiorização industrial e variáveis em sintonia com a desindustrialização do Grande ABC. A guerra fiscal estava em plena ação.

Sorocaba estava muito aquém de Santo André nos anos 1990 e atualmente está em situação muito melhor em diferentes indicadores econômicos e sociais. Os dois municípios têm praticamente a mesma população. A diferença é que Sorocaba é sede de uma região metropolitana enquanto Santo André é periferia cada vez – com perdão da redundância --  mais periférica da Capital do Estado, líder da Grande São Paulo.

Querem ver como está Santo André versus Sorocaba no campo de assalariamento médio, dados de dezembro de 2023? Sorocaba registrou o valor de R$ 4.132,00 ante os R$ 3.568 de Santo André. O contingente de trabalhadores com carteira assinada é semelhante: 234.612 em Santo André ante 240.957 em Sorocaba.

O que faz a diferença favorável a Sorocaba a ponto de os trabalhadores de Santo André receberem 86,35% do rendimento médio dos trabalhadores de Sorocaba? O setor industrial, eis a resposta. Enquanto Santo André definha a cada nova temporada no setor, Sorocaba cresce. Salário industrial é na maioria dos casos municipais o carro-chefe de mobilidade social.

SUPERIORIDADE INDUSTRIAL

O universo de trabalhadores industriais de Sorocaba é formado por 58.732 carteiras assinadas, ou 24,37% dos 240.957  trabalhadores registrados em todos os setores. Em Santo André são apenas 23.491 de um total geral de 234.612. Precisamente 10%.

Em 2014, a participação do salário médio geral dos trabalhadores com carteira assinada envolvendo Santo André e Sorocaba registrava distância inferior à constatada em 2023: cada trabalhador de Santo André recebia ao final do mês 95,39% do assalariamento médio do trabalhador de Sorocaba. Agora, como mostramos, a distância se tornou mais larga, de 86,35.

Naquela temporada, Santo André contava com os já mencionados 33.439 trabalhadores industriais e com 215.750 trabalhadores em todas as atividades. Sorocaba contava com 65.011 industriários e 211.073 carteiras assinadas em todas as categorias. Como se observa, Sorocaba também não ficou imune ao desastre chamado Dilma Rousseff e suplementarmente, como Santo André, ao Coronavírus. A diferença é que enquanto Santo André perdeu quase 30% do estoque industrial, Sorocaba sofreu queda inferior, de 9,6%. Três vezes menos.

Agora, com Sorocaba de um lado e Mogi das Cruzes de outro, contamos com variáveis interessantes a novas constatações. Tanto num caso quanto no outro está mais que evidente:  Santo André é um território encalacrado economicamente (ocupa a posição 184 no ranking de PIB per capita do Estado) e extraordinariamente controlado por caciques políticos livres, leves e soltos.



Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1910 matérias | Página 1

12/02/2025 DESEMPREGÔMETRO ABALA SÃO CAETANO
07/02/2025 SANTO ANDRÉ DISPUTA LANTERNA COM MOGI
06/02/2025 EMPREGO INDUSTRIAL É BURACO PROFUNDO
04/02/2025 SANTO ANDRÉ ENTRE PIORES EM EMPREGO
31/01/2025 FALTAM 20 FÁBRICAS DA TOYOTA DE EMPREGOS
23/01/2025 UM PRATO INDIGESTO DO SECRETÁRIO DEMARCHI
13/01/2025 FALTA UMA DIADEMA DE ICMS PÓS-DILMA
09/01/2025 Primeiro, a boa ou a má notícia sobre Santo André?
17/12/2024 CAPITALISMO POPULAR SEGUE SOB MASSACRE
16/12/2024 MAIS DESIGUAL E MAIS POBRE: ABC X NORDESTE
13/12/2024 SINDICALISMO DE LOBBY NÃO FAZ MEA-CULPA
11/12/2024 VEJA QUATRO DESAFIOS AOS NOVOS PREFEITOS
09/12/2024 ALGOZ RECEBE VÍTIMA EM BRASÍLIA. ENTENDA
05/12/2024 MONTADORAS DE PESADELOS
27/11/2024 PREFEITOS SABEM QUE ESTÃO NUM TITANIC?
22/11/2024 SÍNDROME DA CHINA AMEAÇA GRANDE ABC
21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes