Novo coordenador-geral do Fórum da Cidadania do Grande ABC, o sindicalista Carlos Augusto César Cafu já iniciou preparativos para dar largada a uma série de programas que aproximarão a entidade da comunidade, corrigindo desvio de rota de seus antecessores. Ainda está em fase de detalhamento e de contatos, mas Cafu adianta que na primeira quinzena de junho o Fórum vai promover grande evento, provavelmente na Fundação Santo André. Trata-se do que ele chama de 1ª Aula Pública de Cidadania, um painel de exposições e debates com pelo menos cinco personalidades de prestígio estadual e nacional. A programação expõe na prática a proposta do novo dirigente do Fórum da Cidadania -- massificar a instituição.
"Ainda não temos a confirmação dos nomes dos debatedores, mas o que posso adiantar, depois dos primeiros contatos, é que teremos oportunidade de realizar um encontro que agradará tanto aos estudantes da Fundação Santo André, se confirmarmos o local, como ao público em geral" -- afirma Cafu.
O novo comandante do Fórum da Cidadania explica que serão convidados um sindicalista, um empresário, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil, outro da Igreja Católica e também um provável membro do governo do Estado, no caso da pasta de Justiça e Cidadania.
Para Cafu, que também é diretor do Sindicato dos Químicos do Grande ABC, a própria denominação do encontro define os objetivos da proposta. "Vamos levar os conceitos de cidadania para os mais diferentes campos de atividades. De escolas a sociedades amigos de bairros, de empresas a clubes" -- promete.
Recuperação
A concorrida posse do sindicalista Carlos Augusto César Cafu resgatou a densidade representativa do Fórum da Cidadania, abalada durante a gestão do antecessor, o arquiteto Sílvio Tadeu Pina. O auditório do Sesi de Santo André recebeu lotação completa para prestigiar o novo comando do Fórum. Trezentos convidados, entre os quais secretários de Estado e três dos sete prefeitos, participaram da primeira revolução interna da instituição, configurada na presença de um sindicalista na chefia do Colégio Executivo, depois de quatro representantes de outros espectros socioeconômicos -- casos de Wilson Ambrósio da Silva, Fausto Cestari, Marcos Gonçalves e de Sílvio Pina.
A lotação do Sesi (Serviço Social da Indústria) foi a primeira prova material de que os sindicalistas estão unidos e decididos a fazer do Fórum da Cidadania novo ramal de diplomacia e envolvimento extracorporação. Trata-se do prosseguimento da política de desmantelamento da imagem de radicalismo trabalhista que a cúpula sindical ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores) patrocina para contribuir com a recuperação econômica da região. Por isso, a grande maioria dos convidados era formada por sindicalistas de primeiro e segundo escalões, funcionalismo público e associações comunitárias. Eram exceções os pequenos e médios empreendedores.
Cafu e seus correligionários sindicais e comunitários se esmeraram tanto nos preparativos para a festa que até um ônibus foi contratado para levar convidados e familiares. Depois de duas rodadas de workshop e de uma plenária de despedida a que compareceu não mais que uma dezena de representantes das 110 entidades filiadas, Sílvio Pina aproveitou o vácuo da festa preparada por Cafu e estendeu-se num discurso autoglorificador.
Cometeu até o equívoco de atribuir como principal mérito de gestão suposto sucesso da campanha Vote com Qualidade no Grande ABC.
Nada pior, porque faltou estratégia ao movimento para pelo menos manter os 13 deputados estaduais e federais eleitos quatro anos antes, quando se deu a origem do Fórum. No ano passado, apenas nove deputados da região saíram vitoriosos das urnas, dois dos quais, Daniel Marins e Ramiro Meves, totalmente desinteressados da pregação regional. Além disso, Pina não escondeu nas entrelinhas do discurso redigido previamente o quanto recrimina todos aqueles que não consideram o voluntarismo necessariamente salvo-conduto a falhas. O prefeito Celso Daniel, cuja administração mantém contrato de consultoria com a empresa de Pina no polêmico projeto da Cidade Pirelli, esforçou-se para prestigiar o parceiro, atribuindo-lhe inclusive parte da maciça presença de convidados.
Cafu domina cena -- Nada, entretanto, roubou a cena de Cafu. Metido num terno marrom e numa gravata amarela, quando a calça jeans e a camisa desalinhada na cintura é marca registrada, Cafu se rivalizou em elegância com o prefeito Celso Daniel. Ainda mais que o cerimonial os colocou lado a lado na mesa montada no palco. Celso Daniel não perdeu a oportunidade para fazer referência à cor do terno de Cafu, coincidentemente igual à dele. Cafu deu a recarga, cobrando gravata amarela do prefeito, que preferiu tonalidade também marrom para o acessório.
O ambiente descontraído que se seguiu ao discurso circunspecto de Sílvio Pina teve algumas pitadas saborosas de Vicentinho Paulo da Silva, presidente da CUT nacional. Ele não perdeu a oportunidade de lembrar o pronunciamento do médico e empresário Fausto Cestari, que se utilizou da expressão companheiro, tão cara ao meio sindical, para ressaltar a aproximação entre capital e trabalho na região.
Também tomaram posse no Fórum da Cidadania os titulares do Colégio Executivo, formado por Maria Helena Musachio, Humberto Batella, Antonio Castillo Jato, Fábio Vital e Luiz Augusto de Almeida. Um deles, provavelmente, sucederá a Cafu no ano que vem.
A prospecção teórica que já se faz sobre a gestão de Cafu leva em conta duas possibilidades não necessariamente excludentes: o fortalecimento da corrente sindical e comunitária, decorrente de plenárias itinerantes programadas pelo novo coordenador-geral, e a recuperação de articulações voltadas para entidades mais tradicionais e historicamente representativas de pequenos empreendedores e profissionais liberais, alinhadas com os ex-coordenadores. Também tomaram posse no Fórum da Cidadania os titulares do Colégio Executivo, formado por Maria Helena Musachio, Humberto Batella, Antonio Castillo Jato, Fábio Vital e Luiz Augusto de Almeida. Um deles, provavelmente, sucederá a Cafu no ano que vem.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!