Sociedade

Metrópole atrapalha e São Caetano
fica em quarto em Bem-Estar Urbano

DANIEL LIMA - 23/08/2013

São Caetano é a quarta colocada no Ibeu-Geral, o Índice de Bem-Estar Urbano do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INTC) do Observatório das Metrópoles. Dos sete municípios da Província do Grande ABC, São Caetano alcançou a melhor posição num ranking que conta com 288 endereços das 12 maiores regiões metropolitanas do País. Não fosse o resultado em mobilidade urbana, em meio ao inferno da Grande São Paulo, São Caetano teria chegado em primeiro lugar.


 


Americana, Itatiba e Santa Bárbara d´Oeste, na Região Metropolitana de Campinas, ocuparam as três primeiras posições entre outras razões porque aquela área do Interior de São Paulo apresentou melhor índice em mobilidade urbana. No ranking das metrópoles, Campinas é a campeã nacional.


 


São Bernardo chegou bem atrás de São Caetano, na 43ª posição, ante o 50º lugar de Santo André, o 54º de Diadema, o 83ª de Ribeirão Pires, o 159º de Mauá e o 225º de Rio Grande da Serra.


 


O Índice de Bem-Estar Urbano é construído a partir de dados do censo demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e compreende cinco dimensões: mobilidade urbana, condições ambientais urbanas, condições habitacionais urbanas, atendimento de serviços coletivos urbanos e infraestrutura urbana. Todas essas dimensões foram definidas, segundo o Observatório das Metrópoles, tendo em comum a possibilidade de serem compreendidas a partir das condições que favorecem mais ou menos o bem-estar da população.


 


O indicador Mobilidade Urbana foi concebido a partir do indicador de deslocamento casa-trabalho. A utilização de um único indicador na composição dessa dimensão, segundo os pesquisadores, decorre da não existência de outras variáveis que pudessem refletir as condições de mobilidade urbana no censo demográfico. O indicador de deslocamento casa-trabalho é construído a partir do tempo que as pessoas ocupadas que trabalham fora do domicílio e retornam diariamente para casa utilizam no trajeto de ida entre o domicílio de residência e o local de trabalho. É considerado como tempo de deslocamento adequado quanto as pessoas gastam até uma hora por dia no trajeto casa-trabalho.


 


Esse é o principal gargalo dos municípios da Província do Grande ABC e da Região Metropolitana de São Paulo como um todo. Com índice de 0,709 (quanto mais próximo de 1,000 melhor), São Caetano obteve a melhor posição da região, mas ficou em 169º lugar na classificação geral. Diadema chegou em 196º, São Bernardo em 205º, Santo André em 212º, Ribeirão Pires 228º, Mauá em 259º e Rio Grande da Serra em 263º.


 


O indicador Condições Ambientais Urbanas reúne três indicadores: arborização, esgoto a céu aberto e lixo acumulado no entorno dos domicílios. São Caetano chegou em sétimo lugar na classificação geral, São Bernardo em 47º, Santo André em 63º, Diadema em 73º, Ribeirão Pires em 89º, Mauá em 157º e Rio Grande da Serra em 229º lugar. Abadia de Goiás é a campeã com índice de 0,991.  São Caetano obteve 0,982.


 


O indicador Condições Habitacionais Urbanas compreendeu quatro vertentes: aglomeração subnormal, densidade domiciliar, densidade morador/banheiro e material das paredes dos domicílios. São Caetano classificou-se em sexto lugar no ranking nacional, Ribeirão Pires em 131º, Santo André em 133º, São Bernardo em 158º, Rio Grande da Serra em 232º, Mauá em 236º e Diadema em 243º lugar. A campeã nacional, com índice de 0,971, é Antônio Carlos, na Região Metropolitana de Florianópolis.


 


O indicador Atendimento de Serviços Coletivos Urbanos também reúne quatro vetores: atendimento adequado de água, esgoto e energia, além de coleta adequada de lixo. Esses indicadores, segundo os estudiosos, expressam os serviços públicos essenciais para garantia de bem-estar urbano, independente de ser ofertado por empresas públicas ou por empresas privadas. São Caetano de novo aparece com destaque, classificando-se em segundo lugar. Diadema ocupa a 13ª posição no ranking nacional, Santo André o 26º, Mauá o 29º, São Bernardo o 39º, Ribeirão Pires o 63º e Rio Grande da Serra o 116º lugar. A campeã nacional é Santa Bárbara d´Oeste, na Região Metropolitana de Campinas, com índice de 0,987, ante 0,986 de São Caetano.


 


O indicador Infraestrutura Urbana engloba sete indicadores: iluminação pública, pavimentação, calçada, meio-fio/guia, bueiro ou boca de lobo, rampa para cadeirantes e logradouros. São Caetano lidera o ranking com índice de 0,897, São Bernardo ocupa o 14º lugar, Diadema o 26º, Santo André o 35º, Mauá o 47º, Ribeirão Pires o 48º e Rio Grande da Serra o 126º lugar.


 


Como reagir?


 


Sugerir, com base nesse ranqueamento, que a Província do Grande ABC estabeleça estratégia que vise a compartilhar experiências práticas que resultem em posicionamentos mais avançados no futuro é esperar demais do Clube dos Prefeitos. Mas não custa insistir na possibilidade. Houvesse por parte dos gestores públicos da região – Executivos, legislativos, secretariado em geral – e também do que se convencionou chamar de sociedade civil, quimera nestes tempos mais que em outros, os resultados do Observatório das Metrópoles seriam esmiuçados a ponto de se definirem metas para reduzir a distância que separa a região de indicadores mais brilhantes.


 


O calcanhar de Aquiles do Índice de Bem-Estar Urbano da Província do Grande ABC e da metrópole paulistana é a mobilidade urbana. Superar os obstáculos requer muitos investimentos públicos, mas, o tempo tem provado, só isso não resolve. Enquanto o uso e a ocupação do solo for uma espécie de casa da mãe joana, na qual as forças deletérias de mercadores imobiliários prevalecem como fonte de deterioração da qualidade de vida, os recursos despendidos em corredores de ônibus, metrôs e trens serão sempre pouco produtivos, porque não atingirão o núcleo da questão.


 


A Região Metropolitana de São Paulo, penúltima em mobilidade urbana na classificação do Observatório das Metrópoles, perdendo apenas para a RM do Rio de Janeiro, é um samba do crioulo doido em matéria de organização ocupacional que requer ações de planejamento específicas. Mas como acreditar num futuro diferente do caos do presente se o governo federal jamais implantou políticas voltadas aos grandes aglomerados urbanos e o governo do Estado jamais levou adiante qualquer projeto que iniciasse um processo de mudanças?


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