Sociedade

Cadê o Observatório da OAB que
ficaria de olho na gestão Grana?

DANIEL LIMA - 16/09/2013

Estou esperando ansiosamente, porque convidado fui, confirmação à primeira reunião da comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André que ganhou o nome de Observatório da Cidadania. Anunciada em 1º de julho pelo presidente Fábio Picarelli para “acompanhar de forma rigorosa os convênios de grande monta assinados nas administrações direta e indireta da gestão de Carlos Grana à frente da Prefeitura de Santo André”, têm-se notícias, ainda não confirmadas, de que encontros posteriores praticamente desativaram a iniciativa. Desconfio que seja verdade ou de algo parecido: com o anúncio de minha participação num encontro reservado ou oficial, sei lá, houve iniciativas para impedir a cronologia proposta, primeira passo à asfixia do projeto.


 


Não há novidade porque a regra geral é o impedimento de quem se coloque supostamente contra determinadas situações que fogem ao que se convencionou chamar de ações republicanas. Há uma confraria que controla os incluídos institucionais no sentido de que se evitem debates que coloquem os poderosos de plantão sob suspeição pública. Convenhamos que este jornalista não é flor que se cheire para muita gente da praça -- porque muita gente da praça prefere odores mais confortáveis. Se é que me entendem.


 


Nem sei se meu passe vale tanto quanto comentam nos escaninhos do poder. Dizem muitos por aí que há quem se utilize de minha identidade e de suposto convite a eventos circunstancialmente incômodos para se cacifarem junto aos mandachuvas. Sei lá se essa versão tem fundamento, mas como sei porque sei que provoco urticária em determinados setores da sociedade, tudo é mesmo possível.


 


Especulação política?


 


Estou na expectativa de que o presidente Fábio Picarelli preste informações sobre as especulações que tomam conta da política partidária em Santo André. O potencial ingresso do dirigente da OAB num dos partidos submissos ao PT de Carlos Grana condicionaria a voracidade investigatória do Observatório da Cidadania. Aliados de Carlos Grana propagam versões que colocam Fábio Picarelli no centro de um picadeiro de quinta categoria.


 


Como não posso acreditar que eventual nova força viva da sociedade se preste à troca de favores e, mais que isso, que se tenha utilizado da OAB numa iniciativa exclusiva para firmar acordos individuais, estou certo de que Fábio Picarelli prestará as informações que se fazem necessárias. Mais que isso: provavelmente terá um balanço inicial das arremetidas rumo à gestão de Carlos Grana.


 


Cobras criadas


 


Estava pronto à reunião na OAB de Santo André. Pretendia explorar no bom sentido do termo alguns pontos cruciais para que a partir da instituição se respire algo menos contaminado no território outrora um viveiro industrial e hoje um viveiro de cobras criadas.


 


Há um temário imenso a questionar até que ponto é possível acreditar que a Administração Carlos Grana terá transparência longe de encontros manipulados por marqueteiros que se imaginam suprassumo da inteligência. 


 


A começar pela nomeação de uma raposa para cuidar do galinheiro imobiliário, ou seja, a titularidade do empresário Paulo Piagentini na Secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano. Poucos gestores públicos de grandes municípios deste País, notadamente após o julgamento do mensalão, ousaram tanto quanto Carlos Grama em relação à abertura das portas, das janelas e dos armários aos grandões do mercado imobiliário. Mais agressivo que o descaramento da nomeação é o próprio nomeado não se ter recusado a preencher o cargo. Paulo Piagentini responde por uma secretaria pública voltada à qualidade de vida habitacional e também de mobilidade viária. O significado é semelhante ao caso do deputado federal Marco Feliciano, escolhido presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.


 


Uma outra coisa


 


O caso de Oswana Fameli, sem apetência para gerir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, é contestatório sob critérios meritocráticos, porque entre as qualidades que desfila não existe nada minimamente enquadrado como conhecedor das entranhas econômicas. De qualquer forma, como Carlos Grana repete a pasmaceira de ignorantes técnicos que não sabem distinguir crescimento econômico de desenvolvimento sustentável, em sucessivos casos da Administração Aidan Ravin à mesma pasta, a gravidade não agride tanto.


 


O que se espera é que o presidente da OAB de Santo André acabe ou tente acabar com os vínculos que o ligam ao esquecimento do Observatório de Cidadania. Ou que os integrantes da comissão se manifestem sobre o cronograma de reuniões que supostamente já tenham realizado. Quanto ao silêncio sobre minha participação, não se preocupem. Costumo aceitar alguns convites apenas quando tenho consideração pessoal ou profissional com o interlocutor. No caso da OAB, o telefonema da ex-vereadora Heleni de Paiva, a quem prezo, não poderia receber um “não” como resposta. Além, é claro, da confiança depositada no próprio presidente da instituição.


 


A proposta do Observatório da Cidadania anunciada pela Ordem dos Advogados do Brasil de Santo André se deu um dia após este jornalista anunciar a formulação do Observatório de Promessas e Lorotas que, como se sabe, está a pleno vapor.


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