Sociedade

Oposição desarticulada não sabe
se briga ou não com Milton Bigucci

DANIEL LIMA - 25/09/2013

A sucessão presidencial no Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC (ou Acigabc, Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras) está emperrada. A possibilidade de uma lufada de modernização tomar conta da instituição está praticamente afastada. As eleições programadas para até o final do ano deverão seguir o ritual das duas últimas décadas: o empresário Milton Bigucci deverá dar as cartas como presidente de fato ou de direito. Não existe oposição articulada para retirá-lo da presidência, embora não faltem associados e ex-associados que vinculem o descrédito da instituição ao desempenho pífio do atual presidente.


 


As fontes de CapitalSocial para produzir esta análise pedem sigilo total. Temem represálias de Milton Bigucci, a quem atribuem múltiplos poderes por força do poderio econômico e do entrelaçamento de relações pessoais.  Há um ambiente de desânimo geral entre construtores e incorporadores da região, notadamente os de pequeno e médio porte. Milton Bigucci é visto como um estranho à categoria, como alguém que sempre fez uso do Clube dos Construtores e Incorporadores para aproximar-se dos meandros do Poder Público.


 


A inoperância organizacional do Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC é o grande entrave à sensibilização da classe em busca de alternativa à perpetuidade de Milton Bigucci. A resistência dos empresários mais antigos do setor está esgotada. E não existe interesse de os mais jovens lutarem por uma instituição que poderia definir e executar novos referenciais à qualidade de vida na região.


 


O personalismo, o centralismo e o despreparo do comandante do Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC são apontados como os principais obstáculos à renovação pretendida. A condicionalidade de ceder espaços a Milton Bigucci em troca de eventual substituição do presidente, em processo eleitoral que teria cartas marcadas, não agrada a opositores.


 


Falta representatividade


 


Alguns nomes já foram consultados mas houve dificuldade em atender a demanda por formação de uma chapa de oposição. O colégio eleitoral é por mais restrito e pode dar margem a pressões e desgastes desnecessários. O Clube dos Construtores não tem representatividade de classe porque ao longo dos anos virou espécie de departamento promocional de Milton Bigucci.


 


Um sentimento dualístico marca as declarações das fontes de CapitalSocial. Ao mesmo tempo em que destilam críticas a Milton Bigucci, emerge inquietação quanto ao desgaste da imagem do Clube dos Construtores e Incorporadores. As mazelas precisam ser expostas sem que se entendam destrutivas à entidade. Há quem defenda que não se faz omeletes sem quebrar ovos. Outros alimentam expectativa de que a harmonia poderá ser restabelecida sem ir à guerra. Mas todos concordam quanto ao fantasma que ronda o futuro da instituição: com Milton Bigucci, é mais que improvável novo modelo administrativo.


 


Os mais céticos não acreditam em qualquer versão que não seja radical: Milton Bigucci não arredaria pé da instituição, qualquer que seja o desfecho das eleições, porque se sentiria duramente golpeado. Um interlocutor do dirigente afirmou que houve momentos nos últimos meses em que Milton Bigucci estaria decidido a deixar a instituição, mas voltou atrás ao interpretar que a retirada poderia ser interpretada como a consumação de uma queda anunciada.


 


Embora prevaleça a leitura crítica de que Milton Bigucci não tem mais credibilidade para conduzir o Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC, nada garante que não exercitará pressão para seguir em frente. As restrições ao padrão de credibilidade que os opositores afirmam não existir mais em Milton Bigucci como dirigente de classe derivam não só do histórico de fragilidades da entidade como também das denúncias que o envolvem como empresário.


 


Escândalos corporativos


 


Recentemente o Ministério Público do Consumidor de São Bernardo denunciou seu grupo empresarial como campeão de irregularidades no relacionamento com adquirentes de imóveis. Sem contar o escândalo do Marco Zero, empreendimento que está sendo construído após arremate fraudulento de área pública. A Corregedoria-Geral do Ministério Público determinou a abertura de inquérito cível para apurar os fatos. CapitalSocial afirma taxativamente que se trata de um assalto aos cofres públicos. Há farta documentação a respeito, embora a Administração Luiz Marinho tenha sonegado o material numa primeira investigação do Ministério Público.


 


Estaria também pesando na decisão de Milton Bigucci seguir no Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC o apoio informal da Administração Luiz Marinho. O relacionamento entre o prefeito petista e Milton Bigucci ganhou complementaridade a tal ponto que o afastamento do empresário do Clube dos Construtores e Incorporadores soaria como derrota política. Sobretudo porque os pequenos empresários do setor opõem-se duramente à gestão de Luiz Marinho, por conta de uma legislação considerada excessivamente restritiva à produção imobiliária do segmento. Bem diferente das benesses que o petista concederia a grandes empresários, entre os quais o próprio conglomerado de Milton Bigucci.


 


Caminha-se para espécie de reta de chegada no processo eleitoral no Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC. O desinteresse é generalizado. Os empresários considerados idôneos e respeitados entre seus pares não pretendem entrar numa guerra para assumir uma instituição que sobrevive principalmente de recursos repassados pelo Secovi, o Sindicato da Habitação de São Paulo, do qual Milton Bigucci é integrante do Conselho Consultivo.


 


A carreira do comandante da MBigucci no campo institucional não guarda compatibilidade com a situação em que se encontra o Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC. Uma lástima quando se sabe que muito do que se convencionou chamar de qualidade de vida metropolitana depende do setor imobiliário.


 


CapitalSocial vai encaminhar ainda nesta quarta-feira uma bateria de perguntas de mais uma versão de “Entrevista Indesejada” endereçada a Milton Bigucci. Nas vezes anteriores ele não respondeu. E, mais uma vez, CapitalSocial reproduz, em forma de link, proposta formulada há quase dois anos para dinamizar a economia da região tendo o mercado imobiliário como agente fomentador de mudanças. Milton Bigucci tem horror a qualquer iniciativa que altere o rumo do Clube dos Construtores e Incorporadores. Ele é o senhor soberano do caos, da inapetência e do narcisismo institucional.


 


Leiam, portanto:


 


Nossas propostas para humanizar o predatório mercado imobiliário


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