Vetores econômicos, com peso ponderado de 51%, comprometem o desempenho dos sete municípios do Grande ABC no Mapa da Exclusão Social elaborado por professores da Unicamp (Universidade de Campinas). A escolha da marca desse importante estudo destrinchado por vários especialistas coordenados por Marcio Pochmann e Ricardo Amorim tem apelo social forte, mas jornalisticamente a expressão Mapa da Qualidade de Vida soaria melhor e evitaria compreensão equivocada. São Caetano é o melhor endereço no Mapa de Exclusão Social do Brasil. Não seria mais agradável dizer que São Caetano é a campeã da Qualidade de Vida?
À falta de análise mais crítica desse Campeonato Brasileiro de Qualidade de Vida, lançamo-nos a alguns rastreamentos. Além de detectar a falha metodológico de atribuir 17% de peso ponderado ao Índice de Emprego Formal, artificializado pela guerra fiscal no setor de serviços, procurei diagnosticar os pontos fortes e frágeis dos municípios locais. E foi assim que cheguei à conclusão de que nossa economia, outrora poderosa, está comprometendo para valer a qualidade de vida ranqueada pelos pesquisadores.
Os professores da Unicamp que elaboraram o trabalho esquematizaram o diagnóstico em três vertentes: a) econômico, com 51% de participação; b) conhecimento, 17%; c) risco juvenil, com 34%.
Pesam no vetor econômico a pobreza, o emprego formal e a desigualdade salarial. Todos os municípios da região apresentam média inferior ao resultado final do Índice de Exclusão Social. Inclusive São Caetano.
O vetor conhecimento, que envolve anos de estudos e alfabetização, registra números acima do Índice de Exclusão Social.
O vetor Risco Juvenil, que significa a concentração de jovem em relação à população de cada Município e o índice de homicídios para cada 100 mil habitantes, também tem comportamento superior ao Índice de Exclusão Social.
A que conclusões esses indicadores nos remetem? Simples: ou o Grande ABC se concentra vigorosamente em esforços municipais e regionais para reverter o quadro de afrouxamento econômico que estamos cansados de denunciar ou vamos derrapar ainda mais na classificação geral. A não ser que o Índice de Emprego Formal seja mesmo substituído pelo Índice de Participação do ICMS. Mesmo assim -- isto é, com a mudança -- os indicadores econômicos dos municípios da região estarão aquém das outras duas estruturas-base da pesquisa -- conhecimento e risco juvenil.
Aliás, risco juvenil está diretamente relacionado com os indicadores econômicos. Quanto maior a proporção de jovens em relação à população, maior a tendência de aumento da criminalidade, como acentuam os estudiosos ancorados em análises de organismos internacionais. Basta dar uma espiada nas estatísticas sobre violência para constatar a incidência sempre prevalecente da juventude desempregada de um País que insiste em adiar o futuro. São Caetano consegue atingir a quase perfeição no quesito Risco Juvenil com 0,938, registrando média acima do Índice de Exclusão Social, de 0,913, porque consegue a associação perfeita: tem população reduzida de jovens e números quase primeiromundistas de homicídios.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!