A tendência de a Província do Grande ABC ficar cada vez mais semelhante economicamente à média brasileira se cristaliza insidiosamente há mais de duas décadas e ganhou ímpeto com a implementação do Plano Real, em meados de 1994. Nem mesmo o sucesso da indústria automotiva na última década eliminou o processo. A explicação é simples: não conseguimos acompanhar o pífio crescimento do PIB do País, que não ultrapassa a média de 3% ao ano desde então.
A Província composta de sete municípios e 2,7 milhões de habitantes perdeu participação relativa no País nas faixas socioeconômicas formada por ricos, classes médias e emergentes, também chamados de nova classe média. Entre os ricos brasileiros, perdemos 24,01% de contingente relativo. Entre os classes médias a queda foi de 60,22% e entre os emergentes, caímos 46,44%. Os dados do IPC Marketing, empresa especializada em potencial de consumo, foram metabolizados por este jornalista.
O resumo dessa ópera é que a Província do Grande ABC perde seguidamente capacidade de sustentar a mobilidade social dos tempos de industrialização fértil e de empregos de qualidade aos borbotões, quando o setor de transformação de produto garantia não só salários elevados, mas arcabouço trabalhista que engordava os holerites. Há muito tempo os ganhos salariais indiretos viraram pó ou foram dramaticamente reduzidos. Apenas as montadoras de veículos e algumas empresas no entorno de fabricação do produto concentrador de empregos e riquezas da região asseguram portfólio de benefícios saudável em forma de suplementações na área de saúde, educação, transporte e educação. Todos quesitos de responsabilidade do Estado.
Quedas generalizadas
Entre as famílias integradas por ricos, o IPC Marketing registra que em 1995, base dos estudos, a participação relativa da Província no bolo nacional era de 2,92%. Quando o governo Fernando Henrique Cardoso terminou, em 2002, os ricos da região eram 2% dos ricos brasileiros. Já no ano passado, extremo oposto dos estudos, chegaram a 2,22%. A queda relativa do potencial de consumo é de 24,01%. Ou seja: a média brasileira, que considera todos os rincões, avança em ritmo muito superior ao do contingente de ricos da região. No ano passado a Província contava com 51.699 famílias ricas, segundo os critérios estabelecidos para definição de classes sociais no País. No País, eram 2.330.498 dessa categoria econômica. Os ricos na Província do Grande ABC em 2013 eram 6,41% das famílias, enquanto no País o índice alcançava 4,59%.
Perda relativa muito maior se deu nas classes médias, terminologia que abarca famílias de classe média-alta, classe média-média e classe média-baixa. A Província do Grande ABC sofreu no período queda de 60,22%, sempre em confronto com os números do País. Em 1995, largada da pesquisa, 9,14% das famílias da região eram de classes médias em relação ao universo brasileiro, ante 10,70% ao final da gestão FHC e 6,72% em 2013. Havia no ano passado 336.529 famílias de classes médias na região, ante 16.279.240 no País.
Já entre as famílias de classe emergente, a perda relativa da Província do Grande ABC, sempre comparando com dados nacionais, foi de 46,44%. Eram 2,67% desse estrato socioeconômico brasileiro em 1995, passou a 2,07% ao final do governo Fernando Henrique Cardoso e caiu a 1,43% em 2013. A Província conta com 353.247 famílias de classe emergente, ante 24.684.877 famílias no País.
Mudanças internas
A queda da participação relativa de ricos, classes médias e emergentes na Província do Grande ABC no bolo nacional não significa que internamente, quando se observa a grade de forma especialmente restritiva, houve desequilíbrio semelhante. Internamente, os ricos da Província em 2013 estavam 7,10% abaixo do total das famílias registradas em 1995, largada da pesquisa. Eram 6,90% da população regional, passou para 5,26% ao final de 2002, do governo FHC, e subiu a 6,41% em 2013, nove anos após a posse de Lula da Silva.
Já entre os classes médias, a Província do Grande ABC registrou aumento relativo do contingente em âmbito interno de 38,93%, já que passou de 30,05% das famílias em 1995 para 41,75% em 2013, após cair a 28,38% em 2002. O que poderia parecer uma boa notícia, que daria respaldo a comemorações, está longe da realidade. No mesmo período, de 1995 a 2013, os classes médias do Brasil avançaram 103,10%. Ou seja: em média, o universo de classes médias do Brasil cresceu em velocidade 62,24% superior à registrada na Província. Tradução: não temos tido capacidade de gerar classes médias como antes e estamos sendo cada vez mais assediados pela média brasileira, uma média muito aquém dos padrões internacionais.
Na classe dos emergentes sociais, a Província do Grande ABC anotou internamente crescimento de 15,86% do total de famílias entre 1995 e 2013. Muito abaixo da média de 84,73% do País como um todo. Ou seja: a velocidade média de crescimento de famílias da classe emergente no Brasil foi 81,28% superior à da Província do Grande ABC. Os emergentes da Província reuniam 37,82% da população local em 1995, ante 36,44% ao final de 2002 e 43,82% em 2013. Os números da média brasileira são muito mais expressivos: eram 26,34% das famílias em 1995, subiram a 30,56% em 2002 e alcançaram 48,66% em 2013.
A perda da força de potencial de consumo da Província do Grande ABC quando comparada ao País também está consolidada na queda no ranking do IPC Marketing, empresa dirigida pelo especialista Marcos Pazzini: a região caiu do terceiro para o quinto posto entre as duas pontas temporais da pesquisa. Está atrás de São Paulo, Rio de janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Sem contar conglomerados urbanos semelhantes aos da região, como a Grande Campinas e a Grande Osasco, por exemplo.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!