Sociedade

Cadê o movimento da Acisa e da
OAB contra a corrupção? Cadê?

DANIEL LIMA - 30/04/2014

O publicitário Evenson Dotto e o advogado Fábio Picarelli têm uma missão de transparência a cumprir: o que fizeram desde junho de 2012 quando lançaram o movimento “Santo André Livre da Corrupção” com pompas e circunstâncias? O que as duas entidades fizeram tanto durante o final do mandato do então prefeito Aidan Ravin como nos 16 meses da Administração Carlos Grana, da qual a Acisa é parceira até morrer? Querem a resposta de imediato? Praticamente nada. Até parece que não existe corrupção em Santo André. Basta perguntar aos poucos interessados em investir na cidade. Eles correm.


 


Não estou fabricando onda alguma contra as duas entidades. Quem recorrer aos arquivos dos jornais vai dar conta de que há essa pendência a ser devidamente esclarecida. O jornal Diário Regional, por exemplo, em sua edição digital de 19 de junho de 2012, publicou a seguinte manchete: “Entidades lançam movimento contra corrupção em Santo André”. Alguns trechos da matéria:


 


 “Alvo de denúncias de corrupção no Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), o prefeito Aidan Ravin (PTB) não compareceu ao ato. Em restaurante da cidade recebeu o apoio do PPS a seu projeto de reeleição. “Vamos criar uma comissão em alguns dias para buscar forma de fiscalizar o bom uso do dinheiro público na cidade. Ser ao mesmo tempo um parceiro dos três poderes e fiscalizador”, disse o presidente da OAB de Santo André, Fábio Picarelli. Segundo Picarelli, a sociedade clama por seriedade no trato público em todos os níveis, não só o municipal. “Hoje, as pessoas estão mais ligadas no que acontece. Seja por causa da Internet, que aumenta a velocidade de informação, seja pelos valores de cada um. A presença de tantos políticos no ato de hoje (ontem) mostra a importância e o comprometimento dessas pessoas públicas”, afirmou.


 


Filtros muito especiais


 


Evenson Dotto e Fábio Picarelli precisam explicar à sociedade por que as exigências por transparência pública contam com filtros como o da vitória de Carlos Grana nas eleições municipais, superando Aidan Ravin, ou se submetem não só ao calendário eleitoral como também a eventuais negociações por cargos e espaços na gestão pública do Município.


 


Não se pode esquecer que a Acisa emplacou uma vice-prefeita e Secretária de Desenvolvimento Econômico na gestão Carlos Grana, entre tantos outros cargos, enquanto a OAB cavoucou a eleição de um representante na Ouvidoria, caçapa cantada por oposicionistas de Fábio Picarelli em e-mail enviado a esta revista digital alguns meses antes da eleição garantidamente negociada pela mensagem eletrônica.


 


Enquanto a Acisa de Evenson Dotto apareceu na fita de moralidade pública seletiva nos estertores da Administração Aidan Ravin, num momento em que o escândalo do Semasa já tinha virado carne de vaca, a eloquência da OAB de Fábio Picarelli vem de mais longe. Em 24 de abril de 2010, ou seja, durante o segundo ano da gestão de Aidan Ravin, o Diário do Grande ABC publicou a seguinte manchete: “Picarelli adverte a Prefeitura e diz estar atento a escândalos. A matéria assinada por Mark Ribeiro nos trechos que selecionei:


 


 A possibilidade (cada vez mais remota) de extinção da Ouvidoria de Santo André ainda repercute entre os integrantes do colegiado. Ontem, durante evento para a apresentação do plano de comunicação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o presidente da 38ª subsecção, Fábio Picarelli, tomou como exemplo a postura da entidade no caso para ilustrar a intolerância do órgão em episódios semelhantes que possam vir a ocorrer: “A OAB atuará no combate a qualquer escândalo que aparecer. Não estamos localizados à frente do Paço à toa. É nosso papel estar vigilante e cobrar atitudes do governo”, advertiu o advogado.  


 


Para completar a festa de transparências de araque, o Observatório da Cidadania da OAB de Santo André lançado no final de  2013 não passou de jogo de cena. As advogadas Heleni de Paiva e Solange Spertini, indicadas pela OAB para vasculhar o que seria a caixa-preta do setor de obras da Administração Carlos Grana, jogaram a toalha diante das dificuldades encontradas. O próprio presidente da OAB pouco fez para lhes dar cobertura institucional, porque alinhou-se ao Poder Público com o processo de eleição do Ouvidor.


 


Acisa e OAB de Santo André fazem parte do corolário de acordos políticos com a Administração Carlos Grana. A metodologia do petista sangra as instituições supostamente independentes da cidade. A tática é voraz. Onde aparecerem eventuais contrapontos indigestos, lançam-se redes de vantagens à cooptação, quando não de ameaças. Contam-se para tanto pontos importantíssimos ao usufruto de oferendas  da Administração petista.


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