Tenho sido questionado informalmente sobre a assertiva de que houve conluio disfarçado de democracia na eleição de José Luiz Ribas à Ouvidoria de Santo André. O acordo entre o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André, Fábio Picarelli, e a Administração de Carlos Grana foi uma caçapa cantada em correspondência eletrônica que recebi em 25 de novembro do ano passado. Portanto, alguns meses antes da eleição do Ouvidor. Tudo é verdadeiro, mas incompleto. Há um quarto participante na encenação, mas não é hora de revelar a identidade.
Para que não haja dúvida sobre a veracidade da denúncia, porque sempre há alguém dolosamente mal-informado a propagar que este jornalista faz parte da corriola dos negociáveis da praça, reproduzo integralmente aquele documento enviado por alguém em nome de um movimento fictício de nome “Ética na Política”, criado no mundo da Internet com o objetivo mais que tolerável de manter-se anônimo e, com isso, distanciar-se o máximo possível de prováveis retaliações. Afinal, quem não integra a tropa de choque dos todo-poderosos da região, dos mandachuvas e dos mandachuvinhas, corre sérios riscos de colecionar problemas.
A eventuais leitores que pretenderem encostar este jornalista contra a parede do incômodo, porque só agora decidiu dar publicidade ao documento denunciatório, tenho duas respostas que se complementam. Primeiro, os leitores têm toda razão ao me pressionarem. A Imprensa tem de ser vigiada mesmo, mas, infelizmente, é muito pouco vigiada. Segundo, esperei a decantação dos acontecimentos, que confirmam aquela denúncia, para evitar que eventual precipitação colocasse em risco a reputação dos envolvidos.
A confluência de favores recíprocos que envolvem a OAB de Santo André e a Administração Carlos Grana evoca a certeza de que aquele documento de novembro do ano passado é uma peça acusatória irrepreensível tanto sob olhares de acuidade ética como à confirmação de que em Santo André não há mesmo nenhuma nesga que incentive a ideia ingênua de controle social da gestão pública. A Administração Carlos Grana exerce poder absolutista sobre as instituições covardemente entregues a reciprocidades.
Leia a denúncia
“Caro Jornalista Daniel Lima. Acompanho constantemente seu trabalho, leio sempre seus artigos e admiro a coragem com que o senhor aborda os assuntos mais polêmicos. Sem receios e sem rodeios. Vai fundo nos temas, sem se importar com quem quer que seja, tenham as pessoas o "poder" que tiverem. É uma pena que existam tão poucos jornalistas como o senhor. Recentemente o senhor passou a abordar o tal "Observatório da Cidadania da OAB de Santo André" e também alertou para a pressão que a administração do prefeito sindicalista Carlos Grana tem feito para absorver a 38ª subseção da OAB em sua base de apoio. Junte esse esforço do governo andreense com a ambição política do advogado/candidato Fábio Picarelli e já temos os ingredientes necessários para um bom acordo entre as partes. E foi exatamente isso o que aconteceu: um acordo. Acordo esse, que não envolveu a participação das aguerridas (e agora isoladas) advogadas Heleni de Paiva e Solange Spertini. Trabalho bem perto de um dos atores envolvidos nessa trama, e justamente por esse motivo, não posso me identificar. Mas posso lhe assegurar que um acordo já foi devidamente selado, no sentido de desintegrar qualquer ação do tal Observatório da Cidadania. Aliás, a palavra cidadania não é algo que esse seleto grupo pratique. Usam das instituições com o propósito de conseguir benefícios pessoais e não possuem um mínimo de ética. Entre as diversas reivindicações feitas pelo senhor Fábio Picarelli, para segurar as ações de fiscalização do Observatório de Cidadania estão o apoio financeiro e estrutural à candidatura dele em eleições futuras. Mas como o futuro é sempre incerto, negociou-se algo para o presente também. Inicialmente o advogado/candidato pleiteou uma secretaria municipal, porém, como sequer os aliados de primeira hora, foram ainda devidamente acomodados encontrou-se uma solução caseira, que já se encontra em curso. Dentro de alguns dias deve ter início o processo para a escolha de um novo ouvidor público na cidade. O ouvidor possui status de secretário municipal; portanto tem a estrutura de uma secretaria. E será essa, a secretaria dada ao presidente da 38ª subseção da OAB. Assim sendo, o governo garantirá total apoio a um nome escolhido/indicado pelo presidente da OAB/Santo André. O ouvidor da cidade é escolhido por um grupo restrito de pessoas, sobre as quais o governo tem fortíssima influência. Dessa forma, o governo jogará peso, e mobilizará todos os esforços, para que esse grupo de seletos eleitores votem e elejam o ungido do senhor Fábio Picarelli. O edital de abertura das inscrições aos interessados no cargo ainda não foi sequer publicado, e deverá ser publicado até o final de novembro, mas pode registrar a informação, se possível em cartório de títulos e documentos, para questionar a lisura do processo no futuro: o próximo ouvidor público da cidade será o Dr. José Luiz Ribas Junior, fiel escudeiro e tesoureiro na atual diretoria de Fábio Picarelli. Dessa forma, a OAB deixa de fiscalizar o governo do senhor Carlos Grana e, Fábio Picarelli utiliza-se da entidade que representa, para construir o seu projeto político pessoal”.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!