Já disse em reunião reservada e repito publicamente: se o Defenda Grande ABC sair da teoria à prática e for mesmo tudo aquilo de que a Província do Grande ABC tanto necessita (uma organização independente para escarafunchar a podridão dos poderes conveniados com a malandragem) a obscura Fundação do ABC (Fuabc) será prioridade absoluta na iniciativa de mostrar tudo para a sociedade.
Duas razões básicas me farão, como voluntário e conselheiro do projetado Defenda Grande ABC, lutar pela aprovação de medidas restauradoras da moralidade pública naquela casa da sogra misturada com caixa-preta: o volume orçamentário que ultrapassa a R$ 1,5 bilhão nesta temporada (R$ 1,5 bilhão mesmo) e a configuração histórica que enseja grande farra com dinheiro público patrocinada por representantes de múltiplas cores partidárias.
Existem dois obstáculos a atrapalhar a proposta deste jornalista. Primeiro, há outros alvos de potencial pecaminoso a serem igualmente priorizados, casos dos mercadores imobiliários, da Universidade Federal do Grande ABC, da usina de lixo que pretendem construir em São Bernardo, do sistema de transporte coletivo, entre tantos. Segundo, tudo é possível sobre o futuro do Defenda Grande ABC. Inclusive não ter futuro alguém, ante assédios de bastidores que são casos de polícia que jamais serão atendidos pela polícia porque a policia não dá conta nem de casos corriqueiros.
Farra continua
Não é porque houve troca de guarda presidencial, saindo Maurício Xangola Mindrisz, pau mandado de Luiz Marinho e de Nilza de Oliveira, que a Fundação do ABC vive outros ares e trate com correção o extraordinário orçamento reservado à saúde pública. A gestão daquela entidade que insiste em distanciar-se da comunidade é tão escandalosa, porque tem como foco uma combinação de sinecuras a esconder, que qualquer matéria jornalística que sugira algo diferente e a instale numa área de conforto ético seria muito mais que um jogo de cartas marcadas regado a publicidade explícita ou implícita – seria a própria confirmação da sem-vergonhice generalizada.
Como voluntário do Defenda Grande ABC que não ocupará posto diretivo mas que não negará jamais apoio à divulgação das iniciativas, bem como comparecimento ativo a eventos, estou mesmo decidido a fazer pressão contra a Fundação do ABC. A aprovação desse pontapé inicial incorporaria inquestionável conceito de seriedade e independência à instituição em fase de gestação.
Ao escrever estas linhas imagino que as entranhas mais que tormentosas da Fundação do ABC entram em parafuso. O código de conveniente silêncio seria rompido com uma atuação incisiva do Defenda Grande ABC. Afinal, a nova instituição comporia um meio de campo indispensável na tentativa de reduzir o grau de corrupção na Província do Grande ABC. Tudo porque acionaria diretamente instâncias legais, principalmente o Ministério Público, em busca de respostas que entidades suspeitas de integrarem o universo de safadezas regionais insistem em perpetuar.
Estou adiantando aos leitores o que penso sobre os movimentos que deverão conduzir o Defenda Grande ABC a um destino que não tenha qualquer semelhança com o das entidades que ocupam espaços na região, principalmente como forma de aproximação com os podres poderes públicos. Esse adiantar é proposital e não tem necessariamente relação alguma com os demais membros provisórios ou definitivos do Defenda Grande ABC. Trata-se de um cartão de apresentação de um voluntário que não abrirá mão de convicções. E também é um teste para despertar ainda mais a ira dos pecadores, de forma a mexer peças para desmontar o movimento. É preferível que o Defenda Grande ABC nem saia do plano teórico se, constituído, submeter-se ao controle devastador dos prevaricadores.
OAB é mau exemplo
Repetir a OAB de Santo André, última das vítimas do poder hegemônico do PT local, ou tantas outras organizações, igualmente numa camisa de força de conveniências dos chefes de Executivo de plantão, tornaria a emenda pior que o soneto -- ou seja, o Defenda Grande ABC passaria espécie de recibo de que tudo é maravilhoso na Província do Grande ABC.
O perfil que se pretende para o Defenda Grande ABC é inédito entre os movimentos sociais no País. Não há nada assemelhado. Reunir integrantes da comunidade em torno de seis eixos estruturantes (educação, saúde, mobilidade urbana, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e meio ambiente/ sustentabilidade) tendo como ação nuclear o questionamento persistente, principalmente dos gestores públicos, não é mesmo uma notícia agradável aos encastelados nos podres poderes. Mas será decisivo para que instâncias como o Ministério Público, nem sempre atento e muito menos dotado de infraestrutura às demandas, tenham maiores facilidades nas investigações.
A Fundação do ABC é um prato cheio para que o Defenda Grande ABC conquiste, de imediato, a confiança e o respeito da sociedade descrente e inerte. É o motor de arranque a novas adesões qualificadas nas etapas seguintes, engrossando o caldo de repulsa aos bandoleiros da praça. Será que viveremos esses dias?
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!