Sociedade

Artigo da Folha tem tudo a ver
com mediocridades da Província

DANIEL LIMA - 28/11/2014

É improvável, porque estupidez e mandachuvismo têm geografia preferencialmente provincial, mas não custa nada o colunista da Folha de S. Paulo, Mario Sérgio Conti, jornalista experiente de muitas batalhas, precaver-se contra eventual espirito bigucciano. No artigo de hoje no jornal paulistano Conti metralha a Academia Brasileira de Letras. Por muito menos, aqui na Província, estou sendo acionado criminalmente por Milton Bigucci, em nome do Clube dos Especuladores Imobiliários, do qual ele é presidente, após ter sido judicializado também pelo mesmo empresário, agora na condição de pessoa física que jamais ataquei. Como  pessoa física Milton Bigucci jamais me interessou nem mesmo quando eventualmente  dobra as esquinas da vida em atividade dupla.


 


Sou, segundo o quadro de advogados bem pagos pelo milionário empresário, um criminoso, um profissional da injúria e da difamação. Enquanto isso, Bigucci continua livre, leve e solto mesmo depois de flagrado em delitos de corrupção, como, entre outros, no caso da Máfia do ISS da Capital. Ou de atentados seguidos contra os consumidores, como denunciou o Ministério Público de São Bernardo. Ou como um dos corruptos da Máfia do Semasa, segundo apontamento do advogado Calixto Antônio Júnior, denunciante do esquema de fraudes no mercado imobiliário de Santo André durante a gestão do prefeito Aidan Ravin. 


 


Orgasmo mental


 


Sobre o artigo de Mario Sergio Conti, confesso aos leitores que quase cheguei ao orgasmo mental ao consumir cada parágrafo. Escreveu o jornalista exatamente o que penso sobre as fluviais academias de letras que enfileiram bobagens na geografia do País. Há até uma Academia de Letras da Grande São Paulo, vejam só. E, pior ainda: um analfabeto literário como Milton Bigucci consta da lista de imortais. Não é de doer? Será que ele vai me acionar judicialmente porque escrevi que é analfabeto literário?


 


Duvido, porque as provas dos crimes que já cometeu contra o vernáculo e, principalmente, contra o sentido etimológico de Academia, estão impressa em letras de forma. Qualquer juiz saberá separar um empresário com dinheiro para seduzir acólitos e os verdadeiros escritores.


 


Mario Sergio Conti foi contundente no artigo em que retrata sem retoques a Academia Brasileira de Letras. Seleciono aos leitores alguns dos trechos do artigo impresso na Folha de S. Paulo:


 


 A desimportância da Academia Brasileira de Letras emudecerá até Lobão. Ninguém liga para ela, exceto os 40 autoproclamados imortais. Que eles desfrutem em sossego do privilégio de se fantasiarem de fardão pela eternidade afora. A Academia é um clube cujos sócios, em graus variados de senectude, se reúnem para tomar chá e trocar dois dedos de prosa acerca de seus sublimes antecessores. Na plêiade de intelectuais que a engrandeceram figuram eruditos do quilate de Getúlio Vargas, autor de “A Polaica”, a Constituição do Estado Novo. (...). Vargas não conseguiu escrever nem bilhete de suicídio. Teve um apagão criativo e embatucou no rascunho da Carta Testamento, tendo de recorrer a um ghost-writer. (...). É perda de tempo criticar a Academia. Não importa que ela sobreviva à sombra do Estado. Que jamais tenha emitido um sussurro contra a censura e outros paus-de-arara na vida cultural. Que cultive a mediocridade literária (Nélida Pinõn, Murilo Melo Filho etc.) e a bajulação de poderosos (Fernando Henrique Cardoso, Marcos Maciel etc.). Ninguém liga.


 


Mais claridade


 


Mais alguns trechos do artigo de Mario Sergio Conti, imperdível para quem não se cansa de bater nas inutilidades institucionais da região, em entidades mequetrefes como o Clube dos Especuladores Imobiliários que, extensão bigucciana, me tenta calar:


 


 Não vale nem notar que muito acadêmico não tem obra e a instituição não é representativa. Ela deveria representar que, ou o quê? Os beletristas de tirocínio, ou ao menos operosos? O estágio atual das letras racionais? O espírito do tempo? (...). Que os membros do clube, pois, façam bom uso dos jetons, do escritório a que têm direito no centro do Rio e do mausoléu que os aguarda em Botafogo, no cemitério de São João Batista. “Queruiescat in pace”, diria um deles. A Academia só deixa de ser inócua quando nela entra um poeta de verdade. Isso é chato porque as más companhias têm influência e a instituição os diminui individualmente: todos os ratos são pardos no Petit Trianon. O que fatalmente se dará com Ferreira Gullar (colunista dominical da Folha), cuja posse na sua cadeira cativa no clube está marcada para a próxima semana. (...). Envergar o fardão-ostentação no caso de Ferreira Gullar, significa espargir sobre si mesmo as cinzas do conformismo, coonestar lato senso com o status quo, dar uma de Lobão. Tomara que elas não maculem “Poema Sujo”.


 


Reparando o passado


 


O artigo de Mario Sergio Conti me remete a algumas estupidezes que cometi como jornalista, premido pelo politicamente correto do corporativismo empresarial de uma publicação a qual representava e que me submetia a determinados princípios comportamentais coletivos dos quais divergia e divirjo individualmente.


 


Recebi o titulo de Cidadão Honorário de Santo André, a Medalha João Ramalho de São Bernardo, uma medalha de honra do Fórum da Cidadania do Grande ABC e também um lugar de destaque na galeria dos Ramalhões, do Esporte Clube Santo André. Não deveria ter aceitado nenhuma dessas e tantas outras condecorações, por assim dizer, pela simples razão de que foram ações jornalísticas que lubrificaram essas “conquistas”. 


 


O artigo de Mario Sergio Conti cabe como luva nos conceitos que defendo sobre as instituições da região. Raras são as organizações sociais (políticas, econômicas, culturais) que não passam de desculpa esfarrapada para seus dirigentes locupletaram-se.


 


Já escrevi dezenas de artigos sobre isso e o tempo é meu aliado porque essas associações de araque esmeram-se em aperfeiçoar inutilidades. Os grupinhos que as compõem são em larga escala formados por gente em busca de lobby pessoal, corporativo e social. A maioria quer chegar aos mandachuvas e mandachuvinhas da hora. Formam, no caso desta Província, o Festeja Grande ABC e o Assalta Grande ABC. Como se observa, são bem piores, no conjunto, que a Academia Brasileira de Letras.  


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