Políticos da Província do Grande ABC (e também de fora) estão preocupadíssimos com a extensão das investigações do escândalo da Petrobras, chamado de Petrolão. Todos que giraram ao longo dos anos no entorno da Refinaria de Capuava (Recap), na divisa de Santo André e Mauá, correm sérios riscos de ser arrastados pelos desdobramentos das denúncias. Bilhões de reais foram investidos ali nos últimos tempos com intervenção do Clube das Empreiteiras.
A Refinaria de Capuava consta da lista do doleiro Alberto Youssef. São 747 obras no território nacional que tiveram participação de empreiteiras ligadas à Operação Lava Jato, muitas das quais ainda á deriva por conta de executivos trancafiados pela Polícia Federal do Paraná.
O Ministério Público de São Paulo, segundo divulgou na edição de hoje a Folha de S. Paulo, abriu investigação para apurar as obras mencionadas por Alberto Youssef no Estado de São Paulo. São cerca de 90 projetos da estatal de petróleo no Estado, a maioria ligadas à Replan (Refinaria de Paulínia), no Município de Paulínia, Recap e Revap (Refinaria Henrique Lajes, em São José dos Campos). A matéria não se dedica às especificidades da Província do Grande ABC. Nós o fazemos.
Principalmente os petistas da Província do Grande ABC estão muito incomodados com o que poderá ser detectado nas investigações. Não faltariam informações e provas contundentes que dariam conta de proximidade excessivamente intestinal entre as empreiteiras que atuaram nos últimos anos na Refinaria de Capuava e o financiamento eleitoral de petistas e aliados na região.
Investimentos elevadíssimos
Foram inúmeras as intervenções na Refinaria de Capuava. Em 2009 anunciou-se o volume de R$ 3 bilhões de investimentos para modernizar a Recap e, com isso, dar conta da produção da Petrobras na camada pré-sal. À época, o gerente de exploração da Petrobrás Marcio Paulo Naumann afirmou que a Recap ganharia infraestrutura exclusiva para atender à demanda de refino do novo óleo extraído pela empresa estatal em águas ultraprofundas. “Pela posição geográfica, a região será beneficiada com a operação do pré-sal. Existem muitas indústrias de equipamentos por aqui”, disse Naumann” em novembro de 2009 ao Diário do Grande ABC. E completou ao afirmar que o aporte milionário previsto no orçamento da companhia aumentaria a presença da Recap no cenário de investimentos do pré-sal.
O anúncio da Petrobras informava que até o final de 2010 a Recap receberia duas unidades de hidrotratamento de gasolina e diesel, seis de apoio para tratamento de resíduos, além da adequação das instalações.
Sabe-se que grande parte dos investimentos foi realizada na Recap. De patinho feio do conglomerado Petrobras, a Refinaria de Capuava ganhou novo impulso com o pré-sal. Transformar a unidade num modelo de modernidade e competitividade virou mantra entre os principais executivos da maior estatal brasileira.
Contando pontos
Quem quiser promover uma competição que supostamente visaria contabilizar pontos para cada nome de político do Partido dos Trabalhadores da Província do Grande ABC que estaria envolvido com possíveis quando não prováveis estripulias com representantes do Clube das Empreiteiras na Refinaria de Capuava deve dispensar um número excessivo de concorrentes. Talvez uma meia dúzia seja o mais indicado, com predominância de duas cabeças especiais. Se cada apostador tiver direito a três nomes dessa suposta lista, as possibilidades de acertar cumulativamente são enormes. Quanto mais graduado na hierarquia do PT na região, mais a viabilidade de acerto no apontamento.
São escassas as possibilidade de a Refinaria de Capuava não se juntar às já conhecidas Pasadena, Abreu e Lima e Coperj como alvo de ação do Clube das Empreiteiras. A exclusão da Recap do rol de falcatruas na Petrobras seria um ponto fora da curva que contrariaria o modus operandi que se observou na efervescência de dinheiro que trafegou nos bastidores da política regional nos últimos anos.
Não faltam, também, indicativos de que a possível metástase de propinas e superfaturamentos na Refinaria de Capuava tenha se expandido ao Polo Petroquímico de Capuava, da qual a Recap faz parte mas é composto por empresas privadas, muitas das quais com participação acionária da Petrobras.
Muitas especulações
Desde o estouro do escândalo da Petrobras a Província do Grande ABC multiplica-se em especulações sobre os estragos que as investigações causariam a personalidades politicas de destaque municipal e regional. O Polo Petroquímico é o centro das atenções porque sempre se subordinou politica e economicamente às decisões centralizadas nas diretorias da grande estatal – todas no fogo cruzado das denúncias.
Com a constatação de que a Refinaria de Capuava integra a planilha do doleiro preso na Operação Lava Jato e também com o cruzamento de notícias sobre o volume de dinheiro direcionado àquela empresa, torna-se compulsório expandir o escândalo ao território regional. Argumentação em contrário, de que o fato de estar na planilha do doleiro não significa comprometimento com o esquema de corrupção orquestrado na Petrobras, tem a mesma probabilidade de que, numa lista de 20 garotas de programa de uma casa de tolerância disfarçada de clube noturno desbaratada por forças policiais, exista algum exemplar de virgindade.
Não faltam petistas da região a recorrer a arsenal de calmantes para suportar a expectativa de que a força-tarefa comandada pelo juiz Sérgio Moro não chegue à periferia do Petrolão. Como se houvesse periferia num escândalo compactado no Clube dos Empreiteiros.
Total de 1097 matérias | Página 1
21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!