Sociedade

Até quando quadrilheiro Bigucci
vai resistir no caso Marco Zero?

DANIEL LIMA - 19/05/2015

O Diário do Grande ABC desta terça-feira volta ao escândalo do Marco Zero, empreendimento que está sendo construído pela MBigucci à revelia da lei, da ética e da moralidade pública. Desta feita, o jornal anuncia que o vereador Julinho Fuzari tenta aprovar requerimento de informações que seria encaminhado ao prefeito Luiz Marinho, cúmplice de Milton Bigucci na roubalheira em questão.


 


Denuncia o jornal que Milton Bigucci pretende barrar a investida do vereador, ao enviar e-mail a todos os parlamentares, documento pelo qual instrumentaliza uma mentira deslavada que o Ministério Público de São Bernardo não foi tecnicamente capaz de desmascarar.


 


Bigucci é um corrupto apontado pelo MP da Capital no caso da Máfia do ISS e de outros tributos. Na Província, ainda há quem acredite que ele fala a verdade quando passa a informação de que é um empresário candidato à canonização social. 


 


Qualquer qualificação supostamente mais pesada que este jornalista utilize para caracterizar as atividades empresariais do conglomerado do mercado imobiliário liderado por Milton Bigucci será sempre amena ante as movimentações comprovadamente nocivas dele ao conjunto da sociedade. O escândalo do Marco Zero é um acinte. Bigucci já deveria ter sido levado às barras de tribunais juntamente com os demais quadrilheiros que perpetraram assalto aos cofres públicos de São Bernardo.


 


Campeão em deboches


 


Escrevo sem o menor temor de represálias judiciais do milionário mais detestado pelo mercado imobiliário da Província do Grande ABC. Tão detestado que o Clube dos Especuladores Imobiliários do qual é presidente desde antes da queda do Muro de Berlim é um arremedo de entidade. Não passa de um grupinho fechado forjado para enganar o distinto público com estatísticas furadas.


 


Milton Bigucci é uma fraude como empresário, se for levado em conta o sentido etimológico do termo, e uma fraude como suposta liderança setorial. Ele conseguiu a proeza de tornar um setor tão importante como o mercado imobiliário alvo de deboche dos próprios concorrentes, porque depõe contra a classe.


 


Entretanto, é muito provável que Milton Bigucci vai se safar mais uma vez na geografia regional, como se safou nas denúncias da Máfia do Semasa, na qual foi incluído pelo denunciante Calixto Antônio Júnior em depoimento ao Ministério Público de Santo André.


 


É verdade que Bigucci e seu conglomerado de empresas se deram mal na enganação permanente aos adquirentes de imóveis que pagaram taxas adicionais completamente fora do figurino de legalidade. Denunciado pelo Ministério Público do Consumidor de São Bernardo, Bigucci caiu do andaime nos tribunais. Mas ainda é pouco. Ele tem mais digitais a serem investigadas.


 


A faixa que lhe outorgou o promotor público de São Bernardo no caso das taxas abusivas, de que é o campeão regional de irregularidades no mercado imobiliário, provavelmente é intransferível. Não duvidaria que estivesse a persistir na irregularidade.


 


Como Milton Bigucci tem a proteção do prefeito Luiz Marinho, com o qual sustenta laços de irmandade num jogo que envolve o governo federal e o programa Minha Casa Minha Vida, entre outras modalidades do mercado imobiliário, dificilmente o vereador Julinho Fuzari registrará o número necessário de assinaturas para solicitar informações sobre o escândalo do Marco Zero. Há um jogo de interesses compartilhados a ser preservado, sob pena de desarranjo contagioso a atingir o centro do poder público em São Bernardo.


 


Teatro de operações?


 


Entretanto, não está fora de hipótese movimentação de peças da imensa maioria da bancada de sustentação da gestão Luiz Marinho no sentido de aprovação do requerimento e quem sabe até de uma possível CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).


 


A estratégia seria simples e mortal: dar-se-ia uma cara e uma alma de regularidade às demandas por transparência de informações sobre o processo licitatório dominado pelos quadrilheiros comandados por Milton Bigucci de modo que, com a mesma maioria de sempre, se chegasse a um resultado que atenderia aos interesses tanto da administração petista como de seu aliado no setor empresarial.


 


É verdade que o desgaste do processo seria politicamente contraproducente. Assim como a constatação de que nenhum teatro de dissimulações resistiria a olhares mais rigorosos.


 


O que causa estupefação é a ausência de lideranças sociais decididas a juntarem-se ao vereador de São Bernardo em busca não da verdade pretendida, porque a verdade pretendida é a verdade dos fatos amplamente conhecidos e documentados, mas no encaminhamento de medidas que retirem a desastrada etiquetagem de negócio sem reparos que o Ministério Público de São Bernardo conferiu àquelas traquinagens em forma de licitação pública.


 


Cadê a OAB?


 


Até quando a sociedade da Província do Grande ABC, especialmente as entidades de classe empresarial, sindical e social, vai seguir em silêncio acovardado ante situações como essa, entre outras que se nos apresentam vergonhosamente a cada dia? Estariam todos ou quase todos adormecidos, sequestrados, congelados? Onde estão as representações da Ordem dos Advogados do Brasil, onde estão? 


 


Nada mais providencial, entretanto, que o Diário do Grande ABC em nova e deslumbrante fase editorial está se colocando enfaticamente no terreno de um jogo em que tudo parecia convergir para a vitória sequencial e inexorável dos bandoleiros sociais. O desmascaramento público de Milton Bigucci seria paradigmático desses novos tempos.


 


O Legislativo de São Bernardo está numa encruzilhada que pode fazer a diferença entre a moralidade pública e a sabujice partidária. A fraude naquele leilão é inquestionável e pode ser simplificadamente resumida na seguinte definição ditada pelo próprio edital de licitação: quem arremata, paga.


 


No caso, quem arrematou não pagou sozinho muitas das parcelas porque o que foi combinado durante o evento, de forma irregular, teve de ser honrado na sequência. Tudo, portanto, em conflito com o edital de licitação ignorado pela Prefeitura nas informações que prestou ao Ministério Público.


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