Sociedade

Bigucci propaga benemerência,
mas pratica delinquência social

DANIEL LIMA - 12/06/2015

A manchetíssima (manchete das manchetes de primeira página) da edição de hoje do Diário do Grande ABC acrescenta nova camada de convicção e provas de que o milionário Milton Bigucci, dono da MBigucci, maior construtora e incorporadora da Província do Grande ABC, come mortadela de delinquência social e arrota peru de benemerência social. Ou seja: enquanto propaga aos quatro cantos que auxilia financeiramente uma entidade de pequenos indefensos, fere fundo os cofres públicos com a protelação estratégica, quando não maliciosamente contraventora, de impostos. Afinal, conta com possibilidades de livrar-se do passivo fiscal com jogadas típicas de quem não tem compromisso com a sociedade, além de praticar concorrência desleal.


 


O caso rechaçado pela Administração Carlos Grana é apenas parte do novo enredo de desvios no mínimo éticos do megaempresário. Se o prefeito Luiz Marinho, de São Bernardo, seguir o exemplo da Administração Carlos Grana e não se deixar levar pela cumplicidade com Milton Bigucci em manobras imobiliárias, há imensas possibilidades de novas revelações. Os passivos que fontes deste jornalista garantem haver na Prefeitura de São Bernardo também em tributos, ou de potenciais desvios tributários, explodiriam novos escândalos em forma de manchetíssimas de veículos de comunicação que não se sujeitam às reportagens autorizadas pelo empresário.


 


Questão de confiança


 


A manchetíssima de hoje do Diário do Grande ABC (“Empresas de Bigucci entram na dívida ativa de Sto André por dever impostos”) é assinada por este jornalista como poderia ter sido assinada por qualquer outro profissional daquela Redação. Só o fiz porque fontes em questão deram-me exclusividade, em razão de relacionamento profissional de longa data.


 


O perfil do texto que fiz para o Diário do Grande ABC seguiu voluntariamente o esquadro daquela publicação, em forma de reportagem. O que escrevo nesta revista digital tem elasticidade conceitual mais ampla, característica da informação em forma de análise. Reportagem e análise são produtos diferentes – nem sempre é verdade – no jornalismo diário. A coluna que assino aos domingos no Diário do Grande ABC (“ContextoABC”) conta com agregado mais personalista, como este CapitalSocial.


 


Como vou reproduzir logo abaixo a reportagem publicada na edição de hoje do Diário do Grande ABC, em forma de matéria independente e com a devida autorização, não pretendo me alongar sobre a nova lambança patrocinada por Milton Bigucci.


 


Milionário negociador


 


Um milionário que investe altíssimo no mercado imobiliário, do qual se vangloria como o principal protagonista regional, não pode protelar o pagamento de impostos municipais, como é o caso em Santo André, sem que corra o risco de, no mínimo, ganhar espaços na mídia. Ainda mais se esse mesmo milionário dirige uma entidade de classe, como é o caso do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC. Sobretudo também porque entabulou negociações de bastidores para entregar um terreno de baixíssimo valor de mercado em troca do calhamaço de processos da dívida ativa.


 


Quem considerar tudo isso dentro da flexibilidade ética e moral precisa começar a pensar em algo como contratar criminalista para escapar de encrencas futuras. Principalmente se estiver seguindo os passos de Milton Bigucci no setor imobiliário. Devedores de impostos -- sejam quais forem os impostos -- em dificuldades financeiras, como a grande maioria dos empresários brasileiros, é uma coisa. Outra coisa são devedores de impostos que nadam em dinheiro e alardeiam investimentos que geram mais dinheiro. Como é o caso de Milton Bigucci e a dívida ativa em Santo André.


 


Proselitismo social


 


Quando afirmo que Milton Bigucci propaga benemerência e adota para valer o que chamo de delinquência social quero dizer que a falsidade da mensagem de empresário preocupado com os menos afortunados se revela mais agressiva e abusiva à credibilidade dos leitores do que os devedores contumazes de impostos que se utilizam de mecanismos protelatórios em muitos casos por conta de obrigações mais imediatas, principalmente com o quadro de trabalhadores. A diferença entre o boquirroto empresário benemerente e o oprimido empresário é grandiosa -- por isso não pode ser colocada no mesmo saco.


 


Pesa em desconforto a Milton Bigucci – como já mostrei em inúmeros artigos e especifico na matéria da manchetíssima do Diário do Grande ABC de hoje – a série de escândalos em que está metido, todos, aliás, da mesma linhagem. O corolário de despautérios para quem se apresenta como alguém acima de qualquer suspeita e submete a classe dos empresários do setor a vergonhosa imagem de oportunismo e irresponsabilidade, está muito longe de se esgotar. A cada nova enxadada de curiosidade informativa saltam novos esqueletos de irregularidades. Várias fontes deste jornalista afirmam categoricamente que o manancial de podridão de diversos matizes envolvendo os negócios de Milton Bigucci assumiriam proporções monumentais se autoridades oficiais decidissem investigar para valer.


 


A melhor maneira de Milton Bigucci começar a limpar a barra mais que suja de suas andanças empresariais que ferem, repito, também a concorrência ao estabelecer um jogo desigual, é passar das bravatas às provas. Ou seja: que se apresente aos representantes da sociedade, no caso a Imprensa, e apresente sua defesa. Mas que não deixe de oferecer como provas provadas das palavras os respectivos documentos que lhe dariam credibilidade. Algo impossível, como se sabe.


 


Para começar, desafio-o a descredenciar fontes que sustentam a informação de que dorme de braços dados com o prefeito Luiz Marinho em negócios imobiliários. Seria ótimo se o fizesse. O passivo não ganharia novo influxo. 


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