O Diário do Grande ABC de hoje traz em manchetão de primeira página um destaque merecido: o empresário Milton Bigucci, quadrilheiro reconhecido por quem entende do riscado, apareceu em nova enrascada judiciária. O título “Justiça condena Bigucci por não devolver valor a cliente” é mais do que o esperado quando assuntos corporativos do presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC virarem temas jornalísticos.
E digo mais, sem medo de errar: se mexerem nessa coisa mal-cheirosa das relações do conglomerado empresarial de Milton Bigucci com os interessados em comprar imóveis, mais cheiro de latrina ética vai se espalhar. A Justiça carimba o caso em questão da organização de Milton Bigucci com a marca delitiva de abuso econômico. Nada mais autoexplicativo à linha de atuação de quem arrematou de forma fraudulenta o terreno público onde constrói o empreendimento Marco Zero da Vergonha, entre outras derrapadas já comprovadas.
Campeão em abusos
Quem duvida da projeção de que o conglomerado de Milton Bigucci tem mais pepinos de irregularidades com adquirentes de imóveis provavelmente é ignorante juramentado ou vivo no mundo da lua. Ainda há pouco tempo o Ministério Público do Consumidor de São Bernardo – única instância dessa instituição na região que não teve medo da cara feia de Milton Bigucci – coroou aquele agrupamento de empresas sob o guarda chuva da MBigucci com o título de organização campeã em abusos contra os adquirentes de imóveis.
Fosse esse um País sério e dada a reincidência com que a MBigucci frequenta o Judiciário por conta de irregularidades no mercado imobiliário, provavelmente o dirigente não estaria livre, leve e solto, além de prepotente, claro. Uma Operação Lava Jato no mercado imobiliário regional colocaria o empresário no devido lugar. Por isso, a manchetona do Diário do Grande ABC de hoje (manchetona é a manchete mais importante da primeira página, depois da manchetíssima, que é a manchete das manchetes) tem um valor intrínseco a este jornalista.
Quem conhece alguma coisa sobre os embates que mantenho com esse péssimo exemplo de dirigente empresarial, ditador instalado no Clube dos Especuladores Imobiliários, e quem sabe que não pratico hipocrisia, certamente deve imaginar como me senti hoje de manhã quando recebi o exemplar de assinante do Diário do Grande ABC em minha residência. Comemorei sim, não necessariamente por conta de eventual viés de individualização da notícia, mas principalmente pelo significado – mais um – da exposição pública de um traficante de vantagens nos escaninhos do Poder Público.
Ordem na casa
A reportagem que abre uma das páginas do primeiro caderno do Diário do Grande ABC desta quinta-feira diz que o empresário em questão foi condenado em segunda instância a ressarcir antigo cliente que recebeu somente 25% do valor pago ao rescindir contrato com a Liberty Incorporadora Ltda, do Grupo MBigucci. A empresa ficou com 75% do montante depositado para a aquisição do imóvel.
A 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo seguiu recomendação do desembargador Eduardo Sá Pinto Sandeville, relator do caso, que orientou pela manutenção da condenação em primeira instância. O empresário terá de devolver R$ 25.328,25 em única parcela, mas pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.
O comprador do imóvel relatou à Justiça que firmou acordo com a Liberty Incorporadora por imóvel de R$ 345,1 mil. Pagou R$ 39.402,51 até decidir que não queria mais adquirir a residência, segundo relato do Diário do Grande ABC. Solicitou a rescisão contratual e ouviu da empresa de Milton Bigucci que receberia apenas 25% da quantia quitada e de forma parcelada. O desembargador Eduardo Sá Pinto Sandeville entendeu que a prática razoável de 10% é a retenção do valor transferido, até para custeio de ingresso de documentação e pagamento de impostos.
Vítimas em excesso
O título de campeão regional de abusos contra clientela não é uma sazonalidade nas atividades corporativas de Milton Bigucci. É uma prática constante, sequencial. Se for organizado um ranking anual, a MBigucci vai chegar sempre em primeiro lugar, porque, entre outras razões, não leva mesmo a sério os conceitos de ética e moralidade nas relações com a clientela. Palavras não somente minhas, porque originalmente do Ministério Público do Consumidor de São Bernardo. Não faltam vítimas do empresário. Cada machadada de desconfiança de que houve trapaça nos distratos, centenas de casos irão à Justiça. Talvez a reportagem de hoje do Diário do Grande ABC abra os olhos da clientela enganada que ainda não se deu conta disso.
Para completar: tenho um trato ético com o diretor de Redação do Diário do Grande ABC, Sérgio Vieira, de que não devemos falar sobre as manchetes, manchetonas e manchetíssimas de primeira página do jornal antes que o jornal chegue à minha residência a cada manhã. Quero ser surpreendido como atento observador daquela publicação, colaborando de alguma forma além dos limites editoriais da coluna que escrevo aos domingos e também nos contatos que mantenho semanalmente com os diretores. O impacto que o Diário do Grande ABC provoca a cada edição que chega em casa é o mesmo que certamente atinge todos os demais leitores. Depois é que entra em campo o crítico do próprio jornal e dos personagens da vida regional.
Total de 1097 matérias | Página 1
21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!