Sociedade

Máfia do Semasa: possibilidade de
delação premiada causa tremores

DANIEL LIMA - 03/09/2015

Não faltam informações de bastidores sobre o destino de algumas figurinhas carimbadas do setor imobiliário que teriam escapado à denúncia do Ministério Público em Santo André no escândalo do Semasa. Fala-se muito na possibilidade de o denunciante Calixto Antônio Júnior botar ainda mais a boca no trombone de revelações. Calixto é o advogado instalado naquela autarquia municipal para intermediar relações nada republicanas creditadas ao então prefeito Aidan Ravin.


 


Calixto Antônio Júnior integra o time de 11 servidores públicos denunciados pelo promotor criminal Roberto Wider Filho. Uma denúncia que não condiz pressupostamente com as declarações do próprio representante do Ministério Público. Um ano antes, ele declarou à Imprensa que um grande empresário estava tão metido na encrenca que sua identidade estava clarificada.


 


Não se tem a confirmação se o empresário sugerido pelo MP é Milton Bigucci, presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários e comandante do conglomerado MBigucci, notabilizado nos últimos tempos porque vieram à luz suas trapaças negociais --, segundo denúncias de instâncias diferentes do Ministério Público Estadual. Milton Bigucci foi citado nominalmente em entrevista publicada nesta revista digital pelo advogado Calixto Antônio Júnior como membro da quadrilha de empresários imobiliários que infestaram Santo André de irregularidades. Uma lista imensa que não foi considerada pelo promotor criminal Roberto Wider Filho.


 


Prestador de serviços


 


Um adendo sobre Calixto Antônio Júnior: onde se lê que ele integra o time de servidores públicos da gestão Aidan Ravin é melhor entender que oficialmente ele não constava da lista de funcionários daquela autarquia. Exceto se houve alguma incorreção na tipificação dos trabalhos prestados pelo advogado, tratava-se de uma assessoria à parte da relação oficial de emprego, mesmo que como comissionado. Calixto Antônio Júnior era espécie de -- segundo se depreendeu de tudo que se publicou sobre o escândalo -- interventor nomeado pelo então prefeito Aidan Ravin. Era prestador de serviços do então titular do Paço Municipal de Santo André.


 


O que se fala nos bastidores -- espaço obrigatório à atuação de jornalistas que não se conformam com oficialidades -- é que o advogado Calixto Antônio Júnior estaria prontíssimo para iniciar o que se esperaria de série de depoimentos caracterizados como delação premiada. Tentei manter contatos com o ex-homem forte de Aidan Ravin no Semasa. Ele não responde a minhas tentativas. De qualquer modo, sei que sei que está inconformado com a inclusão de seu nome entre os denunciados pelo MP.


 


Aidan, o preferido


 


Um dos alvos prediletos de Calixto Antônio Júnior, segundo informações às quais tive acesso, é o ex-prefeito Aidan Ravin. O mesmo Aidan Ravin que está numa das páginas da edição digital de hoje do jorna ABCD Maior. “Aidan tenta esconder ação sobre corrupção” é o título da matéria. Alguns trechos da reportagem:


 


 Um ano antes da eleição municipal de 2016, quando pretende disputar a corrida pelo Paço de Santo André, o ex-prefeito Aidan Ravin (PSB) solicitou na última semana à 1ª Vara Criminal do Fórum da cidade que seja decretado sigilo de Justiça no processo movido pelo MP (Ministério Público), onde é denunciado por corrupção e formação de quadrilha. A acusação aponta que Aidan teria participado de cobrança de propina para a liberação de licenças ambientais com objetivo de realizar obras na cidade. De acordo com a defesa do ex-prefeito, protocolada em 21 de agosto, a intenção é evitar “exposição midiática e desnecessária” que seriam utilizadas como “armas político-partidárias”.


 


Capital bem diferente


 


Não pretendo me estender sobre a Máfia do Semasa, porque muito já escrevi. Há sentimento de impunidade no ar. A turma de bandidos engravatados que se locupletaram com o uso e a ocupação do solo de forma sistematicamente irregular está livre, leve e solta. Diferentemente do que o MP Estadual empreendeu na Capital, ao colher malandrados dos dois lados do balcão de negociadas que compuseram a Máfia do ISS, bem como a Máfia do IPTU.


 


Toda vez que me manifesto sobre o mercado imobiliário há represálias. Afinal, parte do setor é uma mancha formada de oportunistas e desordeiros sociais. Entenda-se tanto uma coisa quanto a outra como contínua agressão à legislação de uso e ocupação do solo.


 


A expectativa de que delações premiadas alterem os rumos unilaterais da Máfia do Semasa, com a inclusão de empresários inescrupulosos, não pode ser frustrada. E que o pedido do ex-prefeito Aidan Ravin não seja contemplado. Que a Operação Lava Jato inspire o Judiciário de Santo André.


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