A crise econômica que impacta o Brasil como um todo e mais acentuadamente a Província do Grande ABC, vítima da Doença Holandesa da indústria automotiva, está fazendo muitos estragos. Nesta temporada, conforme estudos que acabam de sair dos laboratórios da Consultoria IPC Marketing, maior empresa do ramo no País, o potencial de consumo da região sofrerá queda de 4,56% em relação ao resultado do ano passado. Isso significa 33,55% de sacolejo acima da média nacional, prevista para cair 3,03%.
O resultado é desastroso e reflete a dureza destes tempos. Nada menos que R$ 3.194.565 bilhões deixarão de constar da riqueza regional nesta temporada. É praticamente a soma do potencial de consumo de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Grande parte das mais de 900 mil famílias da região já está acusando os custos da situação do País.
A comparação com o acumulado de riqueza da população de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não é um despropósito. Ribeirão Pires pode consumir nesta temporada até R$ 2,499 bilhões, enquanto Rio Grande da Serra chegaria a R$ 875 milhões. A queda da participação da Província no bolo nacional entre o ano passado e este ano é de 0,2835 pontos percentuais.
Em 2015, a região registrou potencial de R$ 65.204.215 bilhões. Para que a população mantivesse o poder de gastar o que detém como riqueza, deveria ser registrado neste ano, segundo os estudos da Consultoria IPC, o valor de R$ 70.048.888, bilhões, considerando-se o índice de inflação projetado pela Consultoria IPC para esta temporada de 7,43% pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Entretanto, o valor monetário anunciado pela Consultoria IPC é de R$ 66.854.323 bilhões. Uma queda real de 4,56%.
Perdas conexas
Há duas maneiras de observar o Índice de Potencial de Consumo da Província do Grande ABC. Os números relativos, que revelam a participação da região no bolo nacional, é um desfiladeiro sem fim. A descentralização do consumo implica na redução da participação de munícipios e regiões que deixaram de ter a preferência de investimentos em produção, entre outros vetores. Isso é perda relativa. Já a queda da participação em números absolutos é mais dolorida, porque sacramenta perda interna de geração e acúmulo de riqueza. A Província do Grande ABC pratica as duas modalidades desde que a desindustrialização a atingiu no início dos anos 90.
Para esta temporada, por exemplo, está caracterizada a perda em valores monetários em relação ao ano passado e também a queda de participação relativa no bolo nacional. No ano passado os sete municípios da região registraram potencial de consumo de 1,74819%. Para esta temporada o número projetado é de 1,71984%. Uma queda de 0,2835 pontos percentuais.
Quando a Consultoria IPC, do especialista Marcos Pazzini, iniciou a medição dessa espécie de PIB de consumo do País, o índice de participação dos sete municípios da região apontava a marca de 2,94%. Em termos relativos, a queda durante o período, entre 1995 e 2016, chega a 41,45%.
Muito melhor que PIB
O medidor da Consultoria IPC é muito mais confiável a uma gama de decisões sobretudo empresariais do que o PIB (Produto Interno Bruto). Potencial de consumo é referencial mais confiável e preciso que o PIB porque afere a acumulação de riqueza local. O PIB é impreciso porque a riqueza gerada não fica integralmente no Município. Não faltam casos de endereços poderosíssimos no ranking do PIB mas frágeis em potencial de consumo. São municípios que agregam internamente muito menos riqueza do que geram.
Em fevereiro deste ano mostramos nesta revista digital que o enfraquecimento da economia regional tem repercutido de forma deletéria no potencial de consumo. Um ranking dos 300 maiores municípios com maior concentração de riqueza nacional mostrou que os municípios da região vão muito mal das pernas. São Bernardo liderou a lista interna de perdas com queda relativa de 49,3% entre 1995 e 2015.
Somente a Capital do Estado (-52,4%), a fluminense Nova Iguaçu (-63,5%) e a goiana Luziânia (-54,0%) superaram o desastre de São Bernardo. Um desastre que se acentuará, porque nesta nova temporada a Capital Econômica da região acusa nova estocada: a participação relativa caiu dos 0,50942% do ano passado para 0,49239%.
Ainda sobre a perda histórica de participação da região no bolo de potencial de consumo, todos os demais municípios da região, exceto Rio Grande da Serra, que não consta da relação dos 300 maiores endereços, acusaram golpes. A queda média regional foi mais que o dobro dos demais municípios brasileiros. A perda média dos 300 maiores municípios brasileiros ao longo daqueles 20 anos foi de 22,3%.
Dos sete municípios da região, apenas Mauá registrará nesta temporada avanço no índice de participação nacional – o 0,26709% do ano passado passou a 0,27265%. Os demais perderam participação: Santo André de 0,49116% para 0,48856%; Rio Grande da Serra de 0,02298% para 0,0225%; Ribeirão Pires de 0,06954% para 0,06429%; Diadema de 0,23762% para 0,23265%; São Caetano de 0,15038% para 0,14272% e São Bernardo de 0,50942% para 0,49239%.
Quase R$ 4 trilhões
O consumo nacional deve chegar a R$ 3,9 trilhões nesta temporada, segundo projeção da Consultoria IPC. Com base nos dados comparativos de 2015 e 2016, o chamado IPC Maps mostra que o consumo nacional tem fôlego para chegar a R$ 3,9 trilhões apostando no crescimento dos gastos dos brasileiros no Interior dos Estados. “O fenômeno da interiorização do consumo já é uma realidade que percorre o Brasil” -- afirma Marcos Pazzini. “Tanto que alcança 70,3% de tudo que será consumido pelos brasileiros em 2016, pouco acima de R$ 2,7 trilhões em gastos, já considerando a atual retração econômica” -- completou.
O estudo da Consultoria PIC mostra que o fenômeno da interiorização não é novo, e que vem evidenciando especialmente desde o ano passado, quando a movimentação do consumo fora das Capitais bateu os 70%. Atualmente, segundo o estudo, resta às capitais estaduais 29,72% (R$ 1,16 trilhão) da potencialidade de consumo no País. Há pouco tempo essa participação era superior a mais da metade do consumo nacional.
O processo de interiorização está afetando inclusive as regiões metropolitanas, avalia Marcos Pazzini. Em 2010 as Capitais e os municípios no entorno eram responsáveis por 51,2% do consumo nacional. No ano passado perderam a liderança para os municípios do Interior ao representarem apenas 46%. Já neste ano, a participação relativa caiu para 45%.
Marcos Pazzini explica que com a renda nas mãos do consumidor, os dados analisados pelo IPC Maps indicam não só que a movimentação de recursos evoluiu em direção às cidades interioranas como também houve crescimento de novas empresas, fortalecendo-se a tendência de empreendedorismo no País. “Esse cenário pode contribuir para se traçar um novo horizonte de oportunidades competitivas para a economia, impulsionando o consumo de produtos e serviços” – afirmou o especialista.
Vamos oferecer nos próximos dias muito mais análises sobre os dados da Consultoria IPC. É da tradição dos veículos de comunicação do qual participamos.
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